Dois
jovens amigos, Tommy e Tupence, se reencontram após a Primeira Guerra e, sem
vintém, decidem abrir uma firma de aventureiros. É o suficiente para iniciar
uma série de aventuras mirabolantes com incríveis coincidências, onde o jovem
casal acaba sendo contratado para o serviço secreto, a fim de recuperar um
documento que exporia a falsidade do governo inglês, e assim enfrentam os
criminosos mais perigosos do mundo, reunidos, que são facilmente sobrepujados
pela superior fibra moral britânica... tudo para evitar o colapso comercial da
sociedade e o mal supremo de uma greve geral!
Peguei
um punhado de livros de Agatha no sebo para reler. Esse veio por engano, pois
eu sempre detestei suas histórias de espionagem. Como já estava comigo,
resolvir reler. Tive bons aprendizados, pois li com essa intenção mesmo.
Resumindo:
1) A ingenuidade de
Agatha
– eu sempre achava intrigante Agatha ser tão “maliciosa” em seus romances
policiais e tão “ingênua” nos livros de espionagem. Nessas releituras em série que
venho fazendo tive a percepção de que as histórias de assassinato também não
deixam de ser bidimensionais, uma vez que muito pouco se explora as emoções dos
personagens diante de evento tão chocante quanto a morte violenta de alguém
próximo. Só que na história policial existe o jogo de adivinhar o assassino, e
o jogo é que está acima de tudo.
2) Coincidências – logo no começo do
livro Agatha afirma algo como: “depois que a primeira coincidência acontece,
elas costumam se seguir com uma frequência espantosa”. Acredito por experiência
própria nessa afirmação, que inclusive é o tema central de “A Profecia
Celestina” de James Redfield, escrito décadas depois de “O Inimigo Secreto”. Só
que o que vale na vida real, curiosamente, pode não funcionar na ficção. Coincidências
incríveis acontecem no dia a dia e causam maravilhamento, mas em um romance
despertam algo próximo da indignação...
é muito curioso isso!
3) Patriotismo – muito do apelo da
história, ao menos para o público britânico, deve ter sido o casal de
protagonistas que são propagandas ambulantes de como os ingleses são melhores
que todos os outros povos... O cinema e a literatura norte-americana estão
repletos desse tipo de ufanismo. Isso me provocou, como escritor: fiquei com
vontade de escrever uma história louvando o brasileiro “que não desiste nunca”,
esse filho da “Pátria do Evangelho” (livro de Chico Xavier) etc. Mas percebi
que não tenho vocação para isso. Primeiro, porque percebi que meu primeiro
sentimento ao pensar em minha brasilidade é a vergonha de nossa indulgência com
a corrupção. Temos tantos políticos corruptos porque está impregnado na
consciência do brasileiro a noção de “levar vantagem”. Em segundo lugar,
considero (como Einstein) o patriotismo uma espécie de doença infantil da
humanidade, como o sarampo. Quando evoluirmos um pouco perceberemos nossa
condição de terráqueos, acima dessas pequenas diferenças nacionais. Assim
espero!
Ou
seja, acho esse livro fraquinho que só... recomendado apenas para uma criança
nerd muito inteligente (para curtir um romance que se passa há 100 anos atrás)
e ao mesmo tempo muito inocente (para vibrar com as aventuras quixotescas) com
uma noção nula de política (para que o extremo conservadorismo e ignorância
política de Agatha não estraguem sua diversão). Será que essa criança existe?
Mas
não gostar do livro não me impediu de fazer uma boa leitura dele!
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ESCRITORES
PERGUNTAM, ESCRITORES RESPONDEM
Escrever
para quê?
Doze
escritores dos mais diversos estilos e tendências, cada um de seu canto do
Brasil, reunidos para trocar ideias sobre a arte e o ofício de escrever. O
resultado é este livro: um bate-papo divertido e muito sério, que instiga o
leitor a participar ativamente da reflexão coletiva, investigando junto com os
autores os bastidores da literatura moderna. Uma obra única e atual,
recomendada a todos os que amam o mundo dos livros.
Disponível
no link abaixo, leia e compartilhe:
http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/5890058
Tenho tanta vontade de ler agata mais nunca tive coragem kkkkkkk
ResponderExcluirwww.jesselira.com.br
Oi Jessie! Ah, experimente que é uma delícia, viu!
ResponderExcluirValeu pelo comentário!