Erótica
e melancólica, picante e pungente, lasciva e lacrimosa... esses são alguns dos
pares de opostos que me ocorrem diante da Poesia de Florbela Espanca. Embora
seja uma autora do início do século XX, penso que sua obra é marcada por uma
profunda dicotomia barroca: o corpo arde de sensualidade, enquanto a alma congela
de tanta tristeza! Uma combinação que pode não agradar a todos os gostos, mas
que certamente causa uma profunda impressão em qualquer coração dotado de um mínimo
de sensibilidade poética.
Pois
acima de tudo Florbela Espanca é uma grande Poeta! Seus sonetos são belíssimos,
dotados de leveza, ritmo e encantamento. Ela foi a única mulher a ser
homenageada, dentre os poetas clássicos, em nosso projeto Doce Poesia Doce (https://www.facebook.com/poesianasarvores/),
em 2017. Pois é a Poeta de língua portuguesa de maior expressão cuja obra já se
encontra em domínio público (eu não conheço nenhuma outra, agradeço se alguém
puder indicar). Isso por si só fala da característica vanguardista de sua
Poesia, precursora dos movimentos de libertação feminina.
Por
falar em domínio público, este livro é fácil de encontrar para leitura online:
Eu
me pergunto se ficaria tão sensível à tristeza dos poemas de Florbela se não
soubesse que o ponto final de sua existência foi um comprimido a mais (ou uma
caixa) de Veronal, na madrugada de seu aniversário de 36 anos. Muito me intriga
o fato de tantos escritores escolherem o suicídio. Tanto que escrevi um conto a
respeito, “O Armazém”, onde cito Florbela, muito antes de ter lido sequer um de
seus lindos poemas:
O
ARMAZÉM
Encerro
esta resenha com um belo exemplo da Poesia de Florbela Espanca:
VERSOS
Versos!
Versos! Sei lá o que são versos...
Pedaços
de sorriso, branca espuma,
Gargalhadas
de luz, cantos dispersos,
Ou
pétalas que caem uma a uma...
Versos!...
Sei lá! Um verso é o teu olhar,
Um
verso é o teu sorriso e os de Dante
Eram
o teu amor a soluçar
Aos
pés da sua estremecida amante!
Meus
versos!... Sei eu lá também que são...
Sei
lá! Sei lá!... Meu pobre coração
Partido
em mil pedaços são talvez...
Versos!
Versos! Sei lá o que são versos...
Meus
soluços de dor que andam dispersos
Por
este grande amor em que não crês...
\\\***///
Imagine um jogo que
ensina as crianças a rimar e fazer Poesia!
Disponível
gratuitamente no link abaixo:
O jogo POESIA
DE BOTÃO faz parte do projeto selecionado pelo Edital Arte Todo Dia – Ano
IV, da Fundação Gregório de Mattos (Prefeitura de Salvador), com apoio de
Athelier PHNX, Verlidelas Editora, Caligo Editora, Suporte Informática e AG1. O
propósito do jogo é convidar as crianças a vivenciar o universo da Poesia de
forma lúdica e atrativa, como uma “brincadeira de montar versos”. POESIA DE BOTÃO é especialmente
indicado para crianças já alfabetizadas, mas nada impede que adultos possam brincar
também e se beneficiar com o jogo.
Muito boa escolha!!
ResponderExcluirSussurros do amanhecer... [ Poetizando e Encantando]
Beijos... Um excelente fim de semana.
Gratidão, querida!
ExcluirGostei bastante de ler sobre o livro da Florbela aqui, e gostaria de ver mais sobre poesia por aqui, mais autores, mais livros!
ResponderExcluirQue assim seja, amigo! Gratidão por sua companhia!
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