Como
é divertido ler um mistério de Agatha Christie! Sobretudo porque depois de
algum tempo eu acabo esquecendo a história, então posso ler outras vezes o
mesmo livro, e é como se estivesse lendo pela primeira vez!
Esse
“Assassinato na Casa do Pastor” mesmo, li agora pela segunda (ou terceira!) vez,
e ainda consegui ser enganado novamente por Agatha!
Acho
que os livros policiais clássicos, do tipo “whodunit”
(“quem matou?”), dentre os quais as obras de Agatha Christie figuram como os
mais primorosos exemplos, funcionam mais como um jogo que propriamente como uma
história. Detalhes como caracterização de personagens, cenários etc. são apenas
um pano de fundo para a disposição das pistas e despistes para o
detetive-leitor. Acho curioso que eu ao menos sempre prefiro os livros
policiais onde não consigo descobrir o assassino. Quando consigo descobrir,
sempre fico um pouco frustrado com a história. Quando sou ludibriado, porém,
que deleite!
Seja
como for, uma vez que o mistério é solucionado, a catarse dessa revelação é
liberada e o propósito do livro é cumprido. Os detalhes da trama, então, podem
confortavelmente se apagar da memória do leitor (ao menos no meu caso), ao
contrário do que acontece com outros gêneros de literatura, quando a história
parece crescer na mente depois que a leitura é concluída.
É
claro que existem exceções: tramas policiais tão magistralmente construídas que
ficam marcadas a ferro e fogo na memória. No caso de Agatha Christie, as
histórias que nunca esqueci são “O Caso dos Dez Negrinhos”, “A Casa Torta”, “Assassinato
no Expresso Oriente” e minha favorita, “O Assassinato de Roger Ackroyd”.
Qualquer fã de Agatha sabe muito bem porque essas histórias são inesquecíveis:
elas possuem em comum o fato de terem levado até o limite as regras do jogo da
detecção policial, chegando ao ponto de subvertê-las. O leitor-jogador é
enganado por meio de uma astúcia quase diabólica, mas ao final da leitura tem
que admitir que o jogo foi justo: Agatha não trapaceia nunca!
Essa
característica de jogo do romance policial clássico me fez adquirir uma bizarra
insensibilidade para o fato de serem histórias sobre a morte violenta de seres
humanos, geralmente com fria premeditação e motivos torpes. Percebi isso
recentemente, ao resenhar “O Mistério do Trem Azul”, outra obra de Agatha, e
receber alguns comentários de pessoas que acharam esse livro triste. Isso me
fez notar o quanto eu não via os personagens de Agatha como retratos de seres
humanos, mas meros bonecos dispostos em um tabuleiro: Coronel Mostarda com o
candelabro na biblioteca.
Especificamente
sobre “Assassinato na Casa do Pastor”, essa obra tem o mérito de ser a primeira
história de Miss Marple, originalmente publicada em 1930. Uma frase em especial
chamou minha atenção: “Não há coisa tão desumana quanto a máscara do criado
perfeito.”
E
viva Agatha Christie!
\\\***///
O SINCRONICÍDIO –
Fabio Shiva
“E foi assim que descobri que a inocência é
como a esperança. Sempre resta um pouco mais para se perder.”
Haverá
um desígnio oculto por trás da horrenda série de assassinatos que abala a
cidade de Rio Santo? Apenas um homem em toda a força policial poderia
reconhecer as conexões entre os diversos crimes e elucidar o mistério do
Sincronicídio. Por esse motivo é que o inspetor Alberto Teixeira, da Delegacia
de Homicídios, está marcado para morrer.
“Era para sermos
centelhas divinas. Mas escolhemos abraçar a escuridão.”
Suspense,
erotismo e filosofia em uma trama instigante que desafia o leitor a cada passo.
Uma história contada de forma extremamente inovadora, como um Passeio do Cavalo
(clássico problema de xadrez) pelos 64 hexagramas do I Ching, o Livro das
Mutações. Um romance de muitas possibilidades.
Leia
e descubra porque O Sincronicídio
não para de surpreender o leitor.
Livro físico:
http://caligoeditora.com/?page_id=98
eBook:
https://www.amazon.com.br/dp/B07CBJ9LLX?qid=1522951627&sr=1-1&ref=sr_1_1
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