Que
deleite poder frequentar a classe de maestro Julio Cortázar!
Este
livro é a transcrição de uma série de oito aulas (e mais duas palestras) que
Cortázar ministrou em 1980 na Universidade da Califórnia em Berkeley, nos
Estados Unidos. Creio que a maioria de seus alunos era de latino-americanos,
pelas perguntas feitas e pela impressão de que as aulas foram ministradas em
espanhol.
Para
quem ama a Literatura, essas aulas representam um tesouro inestimável, graças
ao carisma do professor Cortázar, que com sua fala macia e envolvente vai nos
conduzindo por labirintos simbólicos e extremamente atrativos, a tal ponto que
eu, pelo menos, não queria mais encontrar a saída, e fiquei triste (como devem
ter ficado os alunos da turma presencial) quando as aulas chegaram ao seu
inevitável fim.
A
tristeza, contudo, acompanhou-me durante toda a duração do curso, pela
percepção do abismo que nos separa, nos dias de hoje, das esperançosas alturas
vislumbradas no alvorecer da não tão distante década de 1980... Cortázar nos
fala de um momento em que os leitores estavam buscando nos livros algo mais que
uma “mera” satisfação estética. Colocando sempre a sua jornada pessoal como
exemplo, Cortázar fala de um chamado “metafísico” e “histórico” sucedendo o
apelo puramente “estético”. Na mirrada literatura de entretenimento que domina
o mercado atualmente, até mesmo a etapa inicial, “estética”, já parece pesada e
indigesta... que dirá falar de questões existenciais ou de cunho social!
Outro
motivo de tristeza é o testemunho de Cortázar de que as pessoas estavam lendo
cada vez mais contos... Acho que foi o Rubem Fonseca quem primeiro me chamou a
atenção para o fato de que os contos atualmente estão “fora de moda”. Fiquei
tentando entender isso, afinal um conto por ser mais curto deveria ser mais
atraente para um leitor preguiçoso. A explicação que encontrei foi que o conto
é um mergulho em profundidade, assim como, de certa forma, o poema. Dá muito
mais trabalho escrever um bom conto que um bom romance, se formos considerar
palavra por palavra. Do mesmo modo, ler um conto bem escrito exige bem mais do
leitor.
Outra
constatação que também teve uma nota de tristeza foi a do isolamento do Brasil
em meio à América Latina. Um brasileiro tem muito mais facilidade de ler um
livro escrito em espanhol, que nossos irmãos latino-americanos de entenderem o
nosso português. Sabe-se lá porque isso! O próprio Cortázar, que é argentino,
admite não ter lido quase nenhum autor brasileiro, mas se compraz comentando a
literatura chilena, colombiana, salvadorenha etc. Por outro lado, devido às
dimensões continentais e à diversidade de povos e culturas que temos no Brasil,
penso que está bem que assim seja.
Da
mesma forma, assim como no decorrer de poucas décadas a Literatura e as Artes
em geral experimentaram tamanha derrocada, nada impossibilita que voltem a se
erguer em um período igualmente curto! Confio e espero que a Data Limite e a
Transição Planetária tragam em seu bojo um novo florescimento artístico e
literário, para o bem de toda a humanidade. Que assim seja!
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ESCRITORES
PERGUNTAM, ESCRITORES RESPONDEM
Escrever
para quê?
Doze
escritores dos mais diversos estilos e tendências, cada um de seu canto do
Brasil, reunidos para trocar ideias sobre a arte e o ofício de escrever. O
resultado é este livro: um bate-papo divertido e muito sério, que instiga o
leitor a participar ativamente da reflexão coletiva, investigando junto com os
autores os bastidores da literatura moderna. Uma obra única e atual,
recomendada a todos os que amam o mundo dos livros.
Disponível
no link abaixo, leia e compartilhe:
http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/5890058
Maravilhosa postagem!:)
ResponderExcluirAcendem-se as luzes em esplendor...
Beijos e um excelente dia!
Gratidão, querida!
ResponderExcluirBeijos!