“O
Agente Britânico” é o terceiro livro dele que eu leio. Trata-se de uma série de
histórias de espionagem vividas pelo protagonista Ashenden, alter ego de
Maugham (que realmente trabalhou para o serviço secreto durante a I Guerra
Mundial). Apesar de ser apresentado como um romance, está mais para uma sequência
de contos interligados, narrados com o brilho e a ironia habituais de Maugham.
Um
trecho que me chamou a atenção é a cena em que uma alta personalidade política
conta para o espião Ashenden uma embaraçosa história de amor, supostamente
acontecida com “um amigo”, mas que gradualmente se vai percebendo que aconteceu
com o próprio narrador do episódio. Não pude deixar de ligar esse trecho à
obra-prima de Maugham, “Servidão Humana”, que assim como “O Agente Britânico”
foi livremente inspirada em fatos vividos pelo autor.
Ora,
o tema principal de “Servidão Humana”, assim como dessa historieta narrada em “O
Agente Britânico”, se me permitem uma rude expressão, que nada tem de dândi,
mas que consegue ser perversamente exata em sua crueza: é o “chá de calçola”,
que em bom baianês descreve a situação de um sujeito que fica totalmente
submisso à mulher (esta, geralmente, de má índole).
Só
posso imaginar que deve ter sido mesmo uma experiência muito traumática a
vivida pelo autor, para que ele sentisse necessidade de voltar ao tema depois
de ter dedicado um romance inteiro (belíssimo, por sinal) a esse trauma. E
também admirei a graça e a perícia com que o autor fez isso, desmascarando a
fútil tentativa de seu personagem de estar contando a história de “um amigo”...
Uma dupla ironia, na qual, ao mesmo tempo, o autor também se expõe.
É
muito interessante pensar sobre como muitos escritores encontram na escrita a
melhor forma de lidar com seus traumas e obsessões...
\\\***///
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monstro? Faça o teste e descubra!
“Em nossa cidade
habitam monstros, como em todas as outras.
A diferença é que
aqui ninguém finge que eles não existem.
Há pessoas
normais em nossa cidade também. É claro.
Ser normal é só a
maneira mais ordinária de ser monstruoso.”
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