sábado, 6 de março de 2021

A REVOLUÇÃO DOS BICHOS - George Orwell


Eu tinha 11 anos de idade quando li pela primeira vez “A Revolução dos Bichos”. Não me lembro do que exatamente me fez escolher esse livro, dentre os disponíveis nas estantes da Biblioteca Municipal Reitor Edgard Santos, no bairro da Ribeira, da qual eu era o orgulhoso proprietário de um cartão, em sociedade com minha amiga-irmã Eva Costa. Como o cartão da biblioteca nos permitia pegar dois livros por quinzena, o trato era que cada um escolhia um livro, lia em uma semana e passava para o outro ler. Tempo bom!

Hoje, mais de 30 anos depois, percebo como foi uma dádiva inestimável poder ter lido essa obra-prima da literatura mundial sem qualquer tipo de opinião preconcebida a respeito da história. Eu não fazia a menor ideia de que “A Revolução dos Bichos” era uma sátira à Revolução Russa, e que tecia profundas críticas ao totalitarismo de Stalin. Por isso não li o livro como uma metáfora de nada, mas apenas como a história que aparentava contar. Foi uma leitura que me marcou profundamente e que me despertou para os poderes ocultos da literatura: era muito impressionante que uma história com bichinhos falantes pudesse abrigar tantas cenas sinistras e tantas perspectivas sombrias.

Ao reler o livro hoje, senti o mesmo impacto da leitura que fiz quando menino. “A Revolução dos Bichos” é sem dúvida alguma um dos melhores livros escritos no século XX e, ouso dizer, na história da humanidade. E vou ainda mais longe: creio que esse livro continuará sendo lido com admiração e reverência muito tempo depois que conceitos como “capitalismo” e “comunismo” deixarem de ditar os rumos da humanidade. Pois essa é uma obra que, como todas as verdadeiras obras de arte, fala diretamente à essência da alma humana e às contradições e conflitos de sua permanente busca por felicidade e transcendência.

Achei muito curioso e significativo o fato de “A Revolução dos Bichos”, originalmente publicado na Inglaterra em 1945, ter sido um dos dez livros mais vendidos no Brasil de 2020, em plena pandemia do coronavírus. Ao meu ver, isso reflete a intensa polarização política que estamos vivendo em nosso país, mas também, espero, um desejo de superação desse clima de ódio e intolerância que envenenam o nosso ar tanto ou mais que a Covid-19.



É certo que “A Revolução dos Bichos” vem sendo alvo de inúmeras tentativas de distorção para fins políticos, começando pela CIA americana, que comprou os direitos do livro para transformá-lo em desenho animado em 1954, como propaganda anticomunista a ser utilizada na Guerra Fria (https://youtu.be/iZbrKvPMgu0). Mais tarde, em 1999, o livro ganhou outra versão cinematográfica (https://youtu.be/2ygQBkmMfqY) que alterou ainda mais a história original, incluindo o colapso da União Soviética e até mesmo um final feliz, considerado mais adequado para o público infantil!


Contudo estão redondamente enganados aqueles que enxergam em “A Revolução dos Bichos” meramente uma crítica ao comunismo. Aqueles que defendem esse ponto de vista estão mal informados, na melhor das hipóteses e, na pior, mal intencionados... Talvez por isso o prefácio da edição que li agora traga essa advertência de Nélson Jahr Garcia:

“‘A Revolução dos Bichos’, em suas metáforas, revela uma aversão a toda espécie de autoritarismo, seja ele familiar, comunitário, estatal, capitalista ou comunista.”

Pois fica evidente a uma leitura minimamente atenta que George Orwell não é menos crítico com o capitalismo que com o comunismo em sua obra. O alvo de sua poderosa sátira é, sobretudo, a ambição desmedida que trai toda e qualquer tentativa de melhoria da humanidade, transformando-nos em escravos dos sistemas que nós mesmos criamos, seja qual for o nome que escolhamos para batizar essa escravidão. É o que expressa brilhantemente a máxima atribuída ao genial Millor Fernandes: “O capitalismo é a exploração do homem pelo homem. O socialismo é o contrário.”

Que livros como “A Revolução dos Bichos” possam nos ensinar a evitar as armadilhas do totalitarismo e nos inspirar a construir uma humanidade mais decente, é o meu desejo!



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FAVELA GÓTICA liberado na íntegra no site da Verlidelas Editora:

https://www.verlidelas.com/product-page/favela-g%C3%B3tica

 

Durante esse período de pandemia, em meio a tantas incertezas, temos uma única garantia: a de que nada será como antes. Estamos todos tendo a oportunidade preciosa de participar ativamente na reconstrução de um mundo novo, mais luminoso e solidário.

 

O livro Favela Gótica fala justamente sobre “a monstruosidade essencial do cotidiano”, em uma história cheia de suspense, fantasia e aventura. Ao nos tornamos mais conscientes das sombras que existem em nossa sociedade, seremos mais capazes, assim como a protagonista Liana, de trilhar um caminho coletivo das Trevas para a Luz.

 

A versão física de Favela Gótica está à venda no site da Verlidelas, mas – na tentativa de proporcionar entretenimento a todos durante a quarentena – o autor e a editora estão disponibilizando gratuitamente, inclusive para download, o PDF de todo o livro.

 

Fique à vontade para repassar o arquivo para amigos e parentes.

 

Leia ou baixe todo o livro no link abaixo:

https://www.verlidelas.com/product-page/favela-g%C3%B3tica

 

Link do livro no SKOOB:

https://www.skoob.com.br/livro/840734ED845858

 

Book trailer

https://youtu.be/FjoydccxJGA


 

Entrevista sobre o livro na FM Cultura

https://youtu.be/IuZBWIBYeHE


  

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