domingo, 14 de novembro de 2021

CINZAS DO NORTE – Milton Hatoum

 


Há alguns anos fui convidado pelo professor Antonio Gimenez Macedo a participar de uma campanha de incentivo à leitura promovida pela Escola Municipal Amador Bueno. Minha contribuição foi a seguinte frase:

“Com o livro viajo através do espaço-tempo, descubro tesouros fantásticos, vivo mil aventuras, perigos e desafios, aprendo mais sobre mim mesmo!”


Lembrei desse episódio ao ler o terceiro e instigante romance de Milton Hatoum, “Cinzas do Norte”. Esse livro realmente me fez viajar no tempo e no espaço, para o Amazonas da década de 1960, cenário de boa parte da história. Hatoum é muito habilidoso ao narrar suas cenas e situações, dando aqui e ali pinceladas das cores locais (e temporais) que sugerem mais que descrevem, o que obtém o curioso efeito de tornar tudo mais real e vívido para o leitor.

Quanto à trama em si, deixou-me intrigado e até mesmo um tanto desconcertado ao tentar vislumbrar as intenções do autor. O que levou Milton Hatoum a querer contar essa história? As tensões dramáticas entre o filho artista e rebelde e o pai burguês e amigo do regime militar, entremeadas pelos conflitos paralelos vivenciados pela família do narrador e amigo do herói, com direito a várias sequências inesperadas e reviravoltas, tudo isso é contado com muita habilidade, sem dúvida, mas (ao menos para mim) impregnado de um constante estranhamento.

Uma possível chave para solucionar esse enigma é considerar toda a história de forma alegórica, metafórica, onde personagens e situações figuram como símbolos de questões nacionais e, certamente, também pessoais do autor. Assim (para mim ao menos) a história lida passou a fazer mais sentido.

Como o próprio título sugere, “Cinzas do Norte” é também a narrativa de uma destruição, tanto dos ambientes naturais e coletividades humanas da Amazônia, quanto do microcosmos dos personagens do romance. Por esse motivo, inevitavelmente, é uma história eivada de pessimismo, que deixa na boca um gosto mesmo de cinzas.

Aqui e ali, Hatoum lança verdadeiros petardos de realidade, que rompem com sonoras explosões o clima onírico da narrativa. Começando pelo aparente dilema colocado logo nas primeiras páginas:

“Ou a obediência estúpida, ou a revolta.”

Ou em cenas de ácida ironia que retratam a triste condição do povo:

“O diretor perguntou por que ela não tinha documento de identidade. ‘A metade da população não tem’, respondeu Jonas.”

“Não tem lei porra nenhuma, rapaz. Tudo depende das circunstâncias: o réu tem ou não tem grana. Amigo togado também serve. Essa é a lei, o princípio e o fim de todas as sentenças.”

Esse foi o meu primeiro encontro com a literatura de Milton Hatoum. Certamente anseio por novas sessões de estranhamento!


 

\\\***///


O SINCRONICÍDIO – Fabio Shiva

 “E foi assim que descobri que a inocência é como a esperança. Sempre resta um pouco mais para se perder.”

Haverá um desígnio oculto por trás da horrenda série de assassinatos que abala a cidade de Rio Santo? Apenas um homem em toda a força policial poderia reconhecer as conexões entre os diversos crimes e elucidar o mistério do Sincronicídio. Por esse motivo é que o inspetor Alberto Teixeira, da Delegacia de Homicídios, está marcado para morrer.

“Era para sermos centelhas divinas. Mas escolhemos abraçar a escuridão.”

Suspense, erotismo e filosofia em uma trama instigante que desafia o leitor a cada passo. Uma história contada de forma extremamente inovadora, como um Passeio do Cavalo (clássico problema de xadrez) pelos 64 hexagramas do I Ching, o Livro das Mutações. Um romance de muitas possibilidades.

Leia e descubra porque O Sincronicídio não para de surpreender o leitor.

 

Oito anos depois do lançamento do livro físico, finalmente disponível também em e-book:

https://www.amazon.com.br/dp/B09L69CN1J

 

Livro físico:

https://caligo.lojaintegrada.com.br/o-sincronicidio-fabio-shiva

 

Book trailer:

http://youtu.be/Vr9Ez7fZMVA


  

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