Reprodução do texto
“Até que nem tanto esotérico assim”, de Fabio Shiva, presente na revista “A
ESTRELA E O HIEROFANTE” (editada por Amana Bia Machado)
https://www.amazon.com.br/Estrela-Hierofante-revista-conex%C3%A3o-com-ebook/dp/B09TNLVVZ7
–
Quero lhe fazer um convite – disse pelo zap a minha querida amiga Bia Machado,
editora da Caligo.
–
Seja lá o que for, Bia, você sabe que pode contar comigo – enviei a resposta em
áudio.
Fiquei
algum tempo cozinhando a curiosidade, até que ela me explicou o novo projeto:
–
Vou lançar um e-book com previsões astrológicas para o ano que vem e estou
convidando alguns autores para escolher algum oráculo e falar sobre as energias
de 2022.
Confesso
que a minha primeira reação foi de susto:
–
Menina, tem que ter muita coragem para fazer previsões assim, ainda mais para o
ano que vem, que já está em cima…
A
meu favor, que se diga que não fiquei nessa posição medrosa por muito tempo.
–
Como eu já topei, mesmo sem saber o que seria, está topado. Vamos em frente.
Acho que vou falar sobre o I Ching, seria o mais natural para mim.
–
Está ótimo assim – disse Bia, dando por encerrada a conversa.
O
oráculo chinês I Ching, também conhecido como o Livro das Mutações, é considerado por muitos a produção literária
mais antiga da humanidade, disputando o título com as tabuletas de argila da
Suméria. Curioso pensar nisso agora e constatar que tanto o I Ching quanto as
tabuletas sumerianas exerceram muita influência em minha vida e em minha
produção criativa. Como o assunto de hoje é o I Ching, vou me limitar a dizer,
sobre as tabuletas da Suméria, que foram a inspiração para a ópera rock em
animação “ANUNNAKI – Mensageiros do
Vento”, que compus junto com meu irmão Fabrício Barretto (também
responsável pelas animações e pela direção do longa metragem, que levou quatro
anos de intensos trabalhos para ser concluído).
https://youtu.be/bBkdLzya3B4
Sobre
o I Ching, posso afirmar que se trata de uma das maiores obsessões de minha
vida. Cheguei ao ponto do abuso, de me tornar viciado mesmo, em uma época em
que possuía nove edições diferentes do Livro
das Mutações e o consultava para tudo e por tudo. Penso que quase todo
mundo que começa a estudar de forma séria algum oráculo passa por algo
parecido, de sair da fase inicial da incredulidade e estupefação para uma
crescente dependência, que pode se tornar perigosa se não for controlada a
tempo. Foi o que aconteceu no meu caso.
Só
sei dizer que um belo dia decidi passar adiante as minhas nove edições do I
Ching, joguei fora as varetas, perdi as moedas. Anos depois, ao encontrar na
estante do P.U.L.A.
(Passe Um Livro Adiante) um exemplar da tradução de John Blofeld, que foi
justamente o meu primeiro contato com o I Ching, percebi que era o momento de
reatar caminhos, e trouxe o livro para casa. Atualmente consulto o oráculo
apenas em questões realmente
importantes, e apenas depois de uma boa meditação. Fora isso, continuo tentando
intuitivamente me aprimorar no método da Flor
de Ameixeira, que prescinde do uso de qualquer dispositivo para acessar o I
Ching, buscando ler os hexagramas na própria Natureza.
https://www.facebook.com/watch/?v=1825353997708323
Nesse
meio tempo, o saldo do Livro das Mutações
em minha vida não foi apenas o de uma dependência emocional e psíquica
(felizmente já superada). Minha criatividade foi intensamente estimulada pelo I
Ching, em diversas áreas. Começando pelo jogo multimídia que acompanhava a
ópera rock (outra!) “VIDA
– The Play of Change”, da banda Imago Mortis. Além disso, durante o ano e meio
que passei apresentando o programa Simultâneo na rádio comunitária RGT FM, no
Rio de Janeiro, um de meus quadros favoritos era “A Hora da Mudança”, em que eu
dizia as horas e imediatamente associava o ponteiro dos minutos à mensagem do
hexagrama correspondente (o mínimo de se esperar dessa época de fanatismo com o
I Ching seria que eu decorasse os 64 hexagramas, o que fato fiz).
https://youtu.be/1sUIUyCTLnk
Além
disso, escrevi o romance “O
Sincronicídio”, que é estruturado em 64 capítulos, como um “Passeio do
Cavalo” (problema clássico de xadrez) através dos hexagramas do I Ching. Para
escrever esse livro, levei quatro (outros!) anos. Atualmente estou escrevendo um
novo romance, “Zéfiro”, em que o Livro
das Mutações aparece de forma indireta, através da fixação do protagonista
em citações de Confúcio, que foi um grande comentarista do I Ching e um dos
principais responsáveis por perpetuar os ensinamentos do oráculo até os nossos
dias.
Mas o que o Livro das Mutações tem assim de tão fabuloso? O próprio Confúcio chegou a dizer que o homem é uma criatura que anda de costas, no sentido de que só consegue “enxergar” o que ficou para trás, o passado. O I Ching, portanto, seria uma espécie de dispositivo que permite ao homem divisar o que está à frente, ou seja: o futuro.
Será
que é isso mesmo? O I Ching pode de fato prever o futuro?
Utilizarei
uma interessante sincronicidade ocorrida recentemente para começar a responder
essas perguntas. Eu havia separado para ler, antes de dormir, justamente essa
versão do John Blofeld (que na tradução para o português ganhou o título de Livro das Transmutações), para relembrar
o uso das varetas na consulta ao oráculo. Como eu estava quase terminando um
outro livro, “Nova Antologia Pessoal” do Jorge Luis Borges, decidi ler as três
páginas que faltavam antes de passar para as instruções sobre o jogo do I
Ching. Imaginem a minha surpresa ao ver que nesse último ensaio (“Sobre os
clássicos”) o autor utilizava o I Ching (aqui traduzido como Livro das Mudanças) como exemplo de sua
definição para clássico!
Só
que essa definição passava por considerar o I Ching “um exemplo extremo, uma
leitura que reclama um ato de fé”. O que me fez perceber que Borges, apesar de
toda a sua erudição, muito provavelmente nunca se dedicou a de fato consultar o
I Ching. Seria um oráculo muito pífio aquele que necessitasse da fé de seus
interlocutores para se fazer valer. Não depende de crença um ato que é validado
pela experiência. Com o I Ching ocorre o mesmo que com qualquer oráculo digno
do nome: você consulta o oráculo, e ele funciona ou não.
Muitos relatos ao longo da história dão conta dessa eficácia do I Ching como sistema divinatório. Minha mente logo sugere os nomes de Hermann Hesse e de Carl Gustav Jung como exemplos luminosos de sábios do Ocidente que louvaram o estudo do I Ching. É talvez mais famosa a pesquisa de Jung sobre a sincronicidade, força-motriz que parece estar por trás do Livro das Mutações. O prefácio de Jung à tradução de Richard Wilhelm para o I Ching, escrito quando o psicólogo já contava 88 anos, é um dos textos mais inspirados que já tive a oportunidade de ler. Mas não menos eloquente é o testemunho de Hermann Hesse, que em um de seus livros chega a comparar o I Ching a um “irmão mais velho”. De fato, é muito frequente entre os que se dedicam ao estudo do I Ching a desconcertante sensação de estarem dialogando com uma entidade viva e senciente.
Dito
isso tudo, preciso agora colocar um grande “mas” nessa história de prever o
futuro. Com base em minha própria experiência pessoal, posso dizer que o I
Ching é realmente capaz de vislumbrar eventos futuros, às vezes com uma tal
precisão de detalhes que chega a assustar. Contudo (e aí está o grande “mas” de
que falei), na maioria das vezes, eu pelo menos só consegui entender a que
futuro o I Ching estava se referindo após a situação ter ocorrido. É muito
frustrante e exasperador só ser capaz de reconhecer uma previsão do futuro
depois que ela se torna passado!
Vou
contar um exemplo pessoal que pode ajudar a entender como isso funciona. Isso
aconteceu nessa época da dependência, quando eu consultava o I Ching ao menos
uma vez por dia. Pois bem, nesse dia específico recebi um oráculo inquietante.
Não recordo os hexagramas que saíram no jogo, mas de uma mensagem bem
específica: haveria um perigo à frente, sendo que o “movimento” iria me livrar
dele.
Fiquei
agoniado, espreitando ameaças em toda parte. Ao final da tarde, como de costume,
peguei o ônibus para voltar do trabalho para casa. Nesse período eu morava no
Rio de Janeiro, e a roleta costumava ficar na parte da frente, perto da porta
de saída. Quando estava chegando o meu ponto, levantei-me e fui caminhando em
direção à roleta, mas fui abalroado por um sujeito que parecia estar com muita
pressa para saltar primeiro e que passou à minha frente. Antes que eu pudesse
protestar contra a rudeza do camarada, contudo, o ônibus deu uma freada brusca.
O cara, que tinha acabado de passar pela roleta, foi arremessado adiante,
chocando-se contra o painel frontal do ônibus. Felizmente, parece não ter se
machucado muito. Mas a porrada deve ter doído bastante.
Foi
só mais tarde, ao refletir sobre o acontecido, que fiz a conexão com a previsão
de que um “movimento” iria me livrar de um perigo. Esse foi só um exemplo
dentre muitos, que saltou das fileiras da memória porque permaneceu vívida a
sensação de ter passado o dia todo tentando antecipar um perigo (ao qual eu
esperava me esquivar através de algum rápido reflexo), só para depois me dar
conta de que eu não teria como antecipar e muito menos como evitar o que de
fato acabou acontecendo. A minha participação na situação toda foi a de um mero
espectador.
E
foi assim que acabou me ocorrendo a pergunta que provavelmente já deve ter
surgido em sua mente: de que adianta consultar um oráculo que faz previsões de
forma tão hermética, que só as reconhecemos depois de terem ocorrido? Essa é a
pergunta crucial, que espero que surja na jornada de todo estudante do I Ching
(ou de qualquer outro oráculo). Claro que não existe uma única resposta para
esse tipo de questionamento, apenas as respostas que cada um irá obtendo ao
refletir a respeito. Por isso vou compartilhar a minha resposta pessoal ao
“dilema do I Ching”.
Considero
como a meta intrínseca e primordial de todo sistema divinatório o autoconhecimento. Estudamos os oráculos
para descobrir quem somos e, por meio dessa descoberta, irmos nos aprimorando e
nos transformando em seres mais evoluídos. No I Ching em particular essa meta é
colocada de forma muito evidente, nas constantes referências ao comportamento
ideal do “homem superior”, em contraste com as ações errôneas do “homem
inferior”. Em minha opinião, o Livro das
Mutações é uma espécie de “Manual do Homem Superior”. Cada um dos 64
hexagramas que compõem o oráculo representa determinado momento ou etapa de um
ciclo que se repete em todos os níveis e situações do universo, mas não
somente. Em cada hexagrama, além da descrição de um momento específico, existe
também uma indicação de um padrão de ação eticamente mais adequado para aquele
momento.
Penso,
portanto, que a parte da previsão pode ser considerada como secundária ou mesmo
um efeito colateral do cerne de que trata o I Ching, que ao meu ver é o estudo
da personalidade e o aprimoramento do caráter. É natural que essa parte da
adivinhação chame mais a atenção a princípio, pois envolve toda uma sedução de
adquirir “poderes mágicos”. Mais natural ainda é que a parte do
autoaprimoramento seja colocada para escanteio, pois envolve apenas trabalho
árduo e dolorosas descobertas sobre si mesmo. Todos que começam a estudar o I
Ching logo travam contato com o gritante exemplo de Confúcio, que ao longo de
suas décadas de intensa dedicação ao Livro
das Mutações em apenas uma única ocasião questionou a eficácia do oráculo:
quando este pontuou uma determinada falha de caráter que o sábio chinês se
recusava a admitir.
Insisto
ainda um pouco mais nesse assunto, por considerá-lo valioso. E por isso
compartilho o que talvez tenha sido o maior aprendizado que tive com o I Ching
e que não envolveu nenhuma consulta direta ao jogo. Trata-se de um conceito
poderoso, que pode de fato fazer muita diferença em nossa vida prática: Sem Culpa.
O
que o oráculo quer dizer com Sem Culpa (ou,
como também aparece, Nenhuma Culpa)?
Situações favoráveis ou adversas fazem parte da vida e se sucedem umas às
outras, como a noite se segue ao dia e as estações do ano se repetem
ciclicamente. Aliás, como o I Ching demonstra explicitamente nos hexagramas 41
(“Perda” ou “Diminuição”) e 42 (“Ganho” ou “Aumento”) não existe situação que
comporte exclusivamente um lado benéfico ou maléfico. Todo ganho implica em
alguma perda, e vice-versa. O que importa de fato, para o Homem Superior, é adotar uma postura que esteja em harmonia com o
Tao, é fluir em sintonia com as energias do universo.
Nessa cosmogonia do Livro das Mutações (que nada faz além de sintetizar e expressar de forma poética as forças da Natureza), o que importa não é tanto a situação em si, mas como reagimos a ela. É perfeitamente possível e totalmente desejável adotar uma conduta Sem Culpa mesmo em meio às maiores dificuldades. Por outro lado, um “homem inferior”, devido à sua ignorância da ação correta, irá atrair desgraças mesmo em meio às condições mais favoráveis.
Essas
percepções a respeito do I Ching me valeram o que considero uma verdadeira
“tábua de salvação” durante os piores momentos que atravessamos (e continuamos
atravessando) da pandemia do coronavírus. Penso que um dos maiores desafios que
todos nós enfrentamos foi o de definir algo como uma linha de ação segura para lidar com os perigos da pandemia. Afinal,
mesmo durante o período mais severo do isolamento, havia algumas necessidades
inadiáveis, que envolviam ir à rua e estar em contato com outras pessoas.
Pois
bem, para resumir o assunto, essa linha “segura”, para mim, não envolvia
eliminar totalmente os riscos (o que era impossível), mas estabelecer um padrão
de conduta Sem Culpa. Eu ia à rua
sempre que essa saída era ditada por algo que para mim fosse entendido como um
dever: para comprar remédios ou mantimentos para a casa, por exemplo. Se nesse
percusso (Deus livre e guarde) eu viesse a contrair Covid, seria algo ditado
pelo destino. Por isso, mesmo em meio às angústias e aflições, eu encontrava
certo alívio em considerar minha ação correta. O que seria insuportável para
mim, tanto então como agora, seria imaginar que peguei a doença e a transmiti
para meus familiares porque não resisti a uma ida ao bar, ou ao shopping, ou a
uma festinha com os amigos.
Aliás, ainda sobre esse tema da pandemia, penso que o foco das campanhas incentivando o uso da máscara foi equivocado ao apostar no egoísmo das pessoas (“proteja-se”) e não no altruísmo (“proteja os outros”). Tal como foi feito, as pessoas que não querem usar máscara podem se escudar em uma atitude de suposta coragem (“não tenho medo”), quando essa mesma atitude seria socialmente insustentável se fosse vista pelo que de fato é: uma ação individualista que coloca em risco a coletividade (“não ligo se minha atitude traz prejuízo para os outros”). O mesmo vale para a vacina, que na verdade não é apenas uma opção individual, mas um pacto coletivo pela erradicação de uma doença.
Mas voltemos ao I Ching. Uma vez que aceitei o convite de Bia para consultar o oráculo a respeito do ano de 2022, achei que a ocasião merecia ao menos um pouco de pompa e circustância. Decidi jogar utilizando o ancestral método das varetas, que é complicado, demorado e (ao menos aos meus olhos) muito elegante.
O
processo acontece da seguinte forma: você começa separando 50 varetas, que
tradicionalmente eram feitas de milefólio (no meu caso, tive que me contentar
com varetas de bambu, geralmente comercializadas para fazer espetinhos de
churrasco). Após passar as varetas no incenso, para purificá-lo, você deve
pegar uma das varetas e colocá-la à parte. Essa vareta, que não será utilizada
durante a consulta, representa o ser humano diante das forças do universo. Acho
esse detalhe de uma intensa e poética beleza.
As 49 varetas restantes devem ser divididas em dois montes, com um rápido golpe de mão. Daí você deve retirar uma vareta do monte à direita, prendendo-a entre os dedos mínimo e anular de sua mão esquerda. Daí você passa para o monte da esquerda, de onde vai retirar as varetas em grupos de quatro, até que sobrem apenas uma, duas, três ou quatro. Essas varetas restantes você prende entre os dedos anular e médio da mão esquerda. Resta efetuar o mesmo processo de retirar as varetas de quatro em quatro do monte da direita, até que sobrem uma, duas, três ou quatro, que devem se juntar às outras selecionadas na mão esquerda. Essas varetas obrigatoriamente serão em número de cinco ou nove, e devem ser colocadas à parte, antes de repetir o processo todo mais duas vezes com o grupo maior de varetas: separar em dois montes, tirar uma vareta do monte da direita, separar de quatro em quatro da esquerda, separar de quatro em quatro da direita. Dessas duas outras vezes, o número de varetas que sobra é necessariamente quatro ou oito.
Ao
término dessa operação, você obteve uma sequência de três números que, ao serem
somados, irão determinar a primeira linha de seu hexagrama:
Soma
13 = linha Yang móvel (ou velha):
Soma
17 = linha Yin fixa (ou nova):
Soma
21 = linha Yang fixa (ou nova):
Soma
25 = linha Yin móvel (ou velha):
Repita
a operação toda mais cinco vezes, e você terá o hexagrama completo (e, com ele,
a resposta para a sua pergunta). Só por essa descrição já fica evidente que
ninguém em sã consciência deveria consultar o I Ching pelo método das varetas
para fazer uma pergunta banal. O próprio tempo que se leva para fazer o jogo
(algo entre vinte e quarenta minutos) é uma garantia da seriedade de propósito
do consulente. Eu considero o processo todo muito relaxante, como uma espécie
de meditação.
Esse
foi o método que utilizei para fazer ao I Ching a seguinte pergunta: “Como será
o ano de 2022 no Brasil e no mundo?” Fiz essa pergunta mentalmente, mas em meu
bloco de anotações coloquei apenas “2022”.
O I Ching respondeu com o hexagrama 42, “Aumento”, com a primeira e a sexta linhas móveis. Reproduzo abaixo a minha tradução para a tradução de Richard Wilhelm, que já se encontra em domínio público:
42. I / Aumento
Acima: SUN – VENTO – O GENTIL
Abaixo: CHÊN – TROVÃO – O
INCITANTE
A ideia de aumento é expressa no
fato de que a forte linha inferior do trigrama superior afundou e assumiu seu
lugar sob o trigrama inferior. Essa concepção também expressa a ideia
fundamental na qual se baseia o Livro das Mutações. Governar verdadeiramente é
servir. Um sacrifício do elemento superior que produz um aumento do inferior é
chamado de aumento total: indica um espírito que é o único que tem poder para
ajudar o mundo.
O JULGAMENTO
AUMENTO. É propício empreender
algo.
É propício atravessar a grande
água.
O sacrifício da parte daqueles
que estão acima pelo aumento dos que estão abaixo enche o povo com um
sentimento de alegria e gratidão que é extremamente valioso para o
florescimento da comunidade. Quando o povo é assim devotado aos seus líderes,
empreendimentos são possíveis e até atividades perigosas terão sucesso. Portanto,
em tais épocas de progresso e desenvolvimento bem-sucedido, é necessário
trabalhar e fazer o melhor uso do tempo. Este período se assemelha ao casamento
do céu e da terra, quando a terra participa do poder criador do céu, formando e
gerando seres vivos. O tempo de AUMENTO não continua indefinidamente, portanto
deve ser aproveitado enquanto durar.
A IMAGEM
Vento e Trovão: a imagem do
AUMENTO.
Assim o homem superior:
Se ele vê o bem, o imita;
Se ele possui falhas, livra-se
delas.
Ao observar como o trovão e o
vento aumentam e se fortalecem um ao outro, um homem pode trilhar o caminho do
autoaumento e do autoaprimoramento. Quando descobre o bem nos outros, ele deve
imitá-lo e, assim, tornar tudo na terra seu. Se ele perceber algo de ruim em si
mesmo, que se livre disso. Desta forma, ele se torna livre do mal. Essa mudança
ética representa o aumento mais importante da personalidade.
AS LINHAS
Nove no começo significa:
É propício realizar grandes
feitos.
Suprema boa sorte. Sem culpa.
Se uma grande ajuda vier do alto
a um homem, essa força aumentada deve ser usada para alcançar algo grande, pelo
que ele de outra forma nunca teria tido energia ou prontidão para assumir a
responsabilidade. Grande boa fortuna é produzida pelo altruísmo e, ao gerar
grande boa fortuna, ele permanece livre de reprovação.
Nove no topo significa:
Ele não traz aumento a ninguém.
Na verdade, alguém até bate nele.
Ele não mantém seu coração
constantemente firme.
Infortúnio.
O significado aqui é que, por
meio da renúncia, os que estão em posições elevadas devem trazer aumento para
os que estão abaixo. Por negligenciar esse dever e não ajudar ninguém, eles,
por sua vez, perdem a influência sobre os outros e logo se descobrem sozinhos. Dessa
forma, eles atraem sobre si ataques. Uma atitude que não esteja permanentemente
em harmonia com as demandas da época trará necessariamente consigo o
infortúnio.
Confúcio diz sobre esta linha:
O homem superior fica em repouso
antes de se mover; ele compõe sua mente antes de falar; ele torna suas relações
firmes antes de pedir algo. Atendendo a esses três assuntos, o homem superior
obtém segurança completa. Mas se um homem for brusco em seus movimentos, os
outros não cooperarão. Se ele é agitado em suas palavras, elas não despertam
eco nos outros. Se ele pede algo sem ter relações estabelecidas, nada lhe será
dado. Se ninguém está com ele, aproximam-se aqueles que o prejudicariam.
Sempre que há linhas móveis, um novo hexagrama é gerado. Isso acontece pela transmutação das linhas móveis em suas polaridades opostas. Assim, a linha Yang móvel vira uma linha Yin no novo hexagrama, enquanto a Yin móvel muda para Yang. Em termos de interpretação do oráculo, isso significa geralmente que a situação descrita no primeiro hexagrama irá evoluir para o que está preconizado no segundo hexagrama. Na consulta que fiz, esse foi o hexagrama 8, “União”.
8. Pi / União (Permanecendo
Juntos)
Acima: K’AN – ÁGUA – O ABISMAL
Abaixo: K’UN – TERRA – O RECEPTIVO
As águas na superfície da terra
fluem juntas onde podem, como por exemplo no oceano, onde todos os rios se
encontram. Simbolicamente, isso denota a união e as leis que a regulam. A mesma
ideia é sugerida pelo fato de que todas as linhas do hexagrama, exceto a quinta,
a posição do governante, são maleáveis. As linhas maleáveis se mantêm porque
são influenciadas por um homem de forte vontade na posição de liderança, um
homem que é o centro da união. Além disso, essa personalidade forte e
orientadora, por sua vez, mantém-se junto com as outras, encontrando nelas o
complemento de sua própria natureza.
O JULGAMENTO
A UNIÃO traz boa fortuna.
Consulte o oráculo mais uma vez.
Se você possui sublimidade,
constância e perseverança; então não há culpa.
Aqueles que estão inseguros
gradualmente se juntam.
Quem chega tarde demais encontra-se
com o infortúnio.
O que é necessário é que nos
unamos com os outros, para que todos possam se complementar e ajudar uns aos
outros, mantendo-se juntos. Mas essa união exige uma figura central em torno da
qual outras pessoas podem se unir. Tornar-se um centro de influência que mantém
as pessoas unidas é um assunto sério e repleto de grandes responsabilidades. Requer
grandeza de espírito, consistência e força. Portanto, que aquele que deseja reunir
outros à sua volta se pergunte se está à altura do empreendimento, pois quem
tentar a tarefa sem uma vocação real para isso só tornará a confusão pior do
que se nenhuma união tivesse ocorrido. Mas quando há um ponto de convergência
real, aqueles que no início estão hesitantes ou inseguros gradualmente chegam por
conta própria. Os retardatários devem sofrer as consequências, pois para manter
a união, o momento certo também é importante. Relacionamentos são formados e
firmemente estabelecidos de acordo com leis internas definidas. As experiências
comuns fortalecem esses laços, e aquele que chega tarde demais para
compartilhar essas experiências básicas deve sofrer por isso se, como um
retardatário, encontrar a porta trancada. Se um homem reconheceu a necessidade
da união e não se sente forte o suficiente para funcionar como o centro, é seu
dever tornar-se membro de alguma outra comunidade.
A IMAGEM
Sobre a terra está a água:
A imagem da UNIÃO.
Assim, os reis da antiguidade concediam
os diferentes estados como feudos e cultivavam relações amigáveis com os
senhores feudais.
A água preenche todos os lugares
vazios da terra e adere rapidamente a ela. A organização social da China antiga
baseava-se no princípio da união de dependentes e governantes. A água flui para
se unir com a água, porque todas as partes dela estão sujeitas às mesmas leis. Da
mesma forma, a sociedade humana deve se manter unida por meio de uma coletividade
de interesses em comum que permita a cada indivíduo sentir-se membro de um
todo. O poder central de uma organização social deve cuidar para que cada
membro descubra que seu verdadeiro interesse está em manter-se unido a ela,
como era o caso na relação paterna entre rei e vassalos na China antiga.
Como o oráculo sugeriu que uma nova consulta fosse feita, achei oportuno dessa vez utilizar o método das moedas. Comparado ao método das varetas, o jogo com as moedas é bem rápido e simples. Eu utilizo moedas chinesas específicas para jogar o I Ching, mas o oráculo pode perfeitamente ser consultado através de três moedas comuns. Basta atribuir o valor de 2 e 3 para cada lado da moeda.
Vamos considerar, por exemplo, que a cara vale 2 e a coroa vale 3. Para determinar cada uma das seis linhas do hexagrama, devemos sacudir as três moedas entre as mãos em concha e em determinado momento lançar as moedas. Observando que lado da moeda está voltado para cima, somamos os valores das três moedas. Apenas quatro resultados são possíveis, determinando uma das quatro linhas que podem sair de cada vez:
Soma
6 = linha Yin móvel (ou velha):
Soma
7 = linha Yang fixa (ou nova):
Soma
8 = linha Yin fixa (ou nova):
Soma
9 = linha Yang móvel (ou velha):
Depois é só repetir a operação mais cinco vezes, e temos o oráculo. Tanto com as moedas quanto com as varetas as linhas do hexagrama são desenhadas de baixo para cima, da primeira para a sexta.
Nessa
segunda consulta decidi fazer uma pergunta ligeiramente diferente. Agora
perguntei qual seria a conduta mais adequada durante o ano e anotei no bloco,
simplesmente: “Conselho para 2022”. Novamente o oráculo respondeu com dois
hexagramas, sendo o primeiro deles justamente o hexagrama 1, “O Criativo”, com
a primeira linha móvel.
1. Ch’ien / O Criativo
Acima: CH’IEN – CÉU – O CRIATIVO
Abaixo: CH’IEN – CÉU – O CRIATIVO
O primeiro hexagrama é formado
por seis linhas contínuas. Essas linhas ininterruptas representam o poder
primordial, que é doador de luz, ativo, forte e do espírito. O hexagrama tem uma
natureza consistentemente forte e, como não tem fraquezas, sua essência é de poder
ou energia. Sua imagem é o céu. Sua energia é representada como irrestrita por
quaisquer condições fixas no espaço e, portanto, é concebida como movimento. O
tempo é considerado a base deste movimento. Assim, o hexagrama inclui também o
poder do tempo e o poder de persistir no tempo, ou seja, a duração. O poder
representado pelo hexagrama deve ser interpretado em um sentido dual, em termos
de sua ação no universo e de sua ação no mundo dos homens. Em relação ao
universo, o hexagrama expressa a ação forte e criativa da Divindade. Em relação
ao mundo humano, denota a ação criativa do homem santo ou sábio, do governante
ou líder dos homens, que por meio de seu poder desperta e desenvolve sua
natureza superior.
O JULGAMENTO
O CRIATIVO trabalha o sucesso
sublime, promovendo o avanço através da perseverança.
De acordo com o significado
original, os atributos [sublimidade, potencialidade de sucesso, poder para
promover, perseverança] são pareados. Quando um indivíduo recebe este oráculo, isso
significa que o sucesso virá para ele das profundezas primordiais do universo e
que tudo depende de ele buscar sua felicidade e a dos outros de uma única
maneira, isto é, pela perseverança no que é certo. Os significados específicos
dos quatro atributos foram objeto de especulação desde cedo. A palavra chinesa
traduzida aqui por "sublime" significa literalmente
"cabeça", "origem", "grande". É por isso que
Confúcio diz ao explicar essa passagem: "Grande, de fato, é o poder
gerador do Criativo; todos os seres devem seu início a ele. Esse poder permeia
todo o céu." Pois este atributo é inerente aos outros três também. O
início de todas as coisas ainda está no além, na forma de ideias que ainda não
se tornaram reais. Mas o Criativo, além disso, tem o poder de dar forma a esses
arquétipos de ideias. Isso é indicado na palavra sucesso, e o processo é
representado por uma imagem da natureza: "As nuvens passam e a chuva faz
seu trabalho, e todos os seres individuais fluem em suas formas." Aplicados
ao mundo humano, esses atributos mostram ao grande homem o caminho para o
sucesso notável: "Porque ele vê com grande clareza a causa e os efeitos,
ele completa os seis passos no momento certo e sobe em direção ao céu no
momento certo, como se estivesse montado em seis dragões." Os seis passos
são as seis posições diferentes fornecidas no hexagrama, que são representadas
posteriormente pelo símbolo do dragão. Aqui é mostrado que o caminho para o
sucesso consiste em apreender e conferir realidade ao caminho do universo
[Tao], que, como uma lei que atravessa o fim e o começo, produz todos os
fenômenos em seu devido tempo. Assim, cada passo dado torna-se imediatamente
uma preparação para o próximo.
Ao atributo do sucesso está
ligada a moral, que regula e organiza as expressões de amor e, assim, as torna
bem-sucedidas. O atributo do progresso está correlacionado com a justiça, que
cria as condições em que cada um recebe o que está de acordo com o seu ser, o
que lhe é devido e que constitui a sua felicidade. O atributo da perseverança
está correlacionado com a sabedoria, que discerne as leis imutáveis de tudo o
que acontece e pode, portanto, trazer condições duradouras.
A IMAGEM
O movimento do céu é cheio de
poder.
Assim o homem superior se torna
forte e incansável.
Visto que existe apenas um céu, a
duplicação do trigrama Ch’ien, do qual o céu é a imagem, indica o movimento do
céu. Uma revolução completa do céu faz um dia, e a repetição do trigrama
significa que cada dia é seguido por outro. Isso cria a ideia de tempo. Por ser
o mesmo céu movendo-se com força incansável, também se cria a ideia de duração
dentro e além do tempo, um movimento que nunca para nem diminui, assim como um
dia segue o outro em um curso interminável. Essa duração no tempo é a imagem do
poder inerente ao Criativo. Com essa imagem como modelo, o sábio aprende a
melhor forma de se desenvolver para que sua influência perdure. Ele deve se
fortalecer em todos os sentidos, expulsando conscientemente tudo o que é
inferior e degradante. Assim, ele atinge aquela virtude incansável que é
atingida pela limitação consciente dos campos de sua atividade.
AS LINHAS
Nove na primeira posição
significa:
Dragão escondido. Não aja.
Na China, o dragão tem um
significado totalmente diferente daquele que lhe é conferido no mundo
ocidental. O dragão é um símbolo da força eletricamente carregada, dinâmica e
estimulante que se manifesta na tempestade. No inverno, essa energia se retira
para a terra; no início do verão, torna-se ativa novamente, aparecendo no céu
como trovões e relâmpagos. Como resultado, as forças criativas na Terra começam
a serem novamente ativadas. Aqui, essa força criativa ainda está oculta sob a
terra e, portanto, não tem efeito. Em termos de assuntos humanos, isso
simboliza um grande homem que ainda não foi reconhecido. No entanto ele permanece
fiel a si mesmo. Ele não se deixa influenciar por sucessos ou fracassos
externos, mas, confiante em sua força, espera sua hora. Portanto, é aconselhável
a quem tira essa linha que espere com a calma força da paciência. O tempo se
cumprirá. Não é preciso temer que a vontade menos forte não prevaleça; o
principal é não despender prematuramente os poderes na tentativa de obter pela
força algo para o qual ainda não chegou o momento.
A
ocorrência da primeira linha móvel faz o hexagrama 1 se transformar no 44, “Vindo
ao Encontro”.
44. Kou / Vindo ao Encontro
Acima: CH’IEN – CÉU – O CRIATIVO
Abaixo: SUN – VENTO – O GENTIL
Este hexagrama indica uma
situação em que o princípio das trevas, após ter sido eliminado, furtiva e
inesperadamente se introduz novamente por dentro e por baixo. Por conta
própria, o princípio feminino vem ao encontro do masculino. É uma situação
desfavorável e perigosa, e devemos entender e prevenir prontamente as possíveis
consequências. O hexagrama está relacionado com o quinto mês [junho-julho],
porque no solstício de verão o princípio da escuridão gradualmente torna-se
ascendente novamente.
O JULGAMENTO
VINDO AO ENCONTRO. A donzela é
poderosa.
Não se deve casar com tal
donzela.
A ascensão do elemento inferior é
retratada aqui na imagem de uma garota ousada que se entrega levianamente e,
assim, assume o poder. Isso não seria possível se o elemento forte e luminoso
não tivesse por sua vez vindo até a metade do caminho. A coisa inferior parece
tão inofensiva e convidativa que o homem se deleita com ela; parece tão pequena
e fraca que ele imagina que pode brincar com ela e não sofrer nenhum dano. O
homem inferior só se ergue porque o homem superior não o considera perigoso e,
portanto, lhe dá poder. Se ele encontrasse resistência desde o início, nunca
poderia ganhar influência. O tempo VINDO AO ENCONTRO é importante ainda de
outra maneira. Embora, como regra geral, os fracos não devam vir ao encontro
dos fortes, há momentos em que isso tem grande significado. Quando o céu e a
terra se encontram, todas as criaturas prosperam; quando um príncipe e seu
oficial vêm se encontrar, o mundo fica em ordem. É necessário que os elementos
predestinados a se unirem e a dependerem mutuamente um do outro venham a se
encontrar no meio do caminho. Mas a reunião deve ser livre de segundas
intenções desonestas, caso contrário, isso resultará em dano.
A IMAGEM
Sob o céu, vento:
A imagem de VINDO AO ENCONTRO.
Assim, o príncipe age ao
disseminar seus comandos, proclamando-os aos quatro cantos do céu.
O céu está longe das coisas da
terra, mas as põe em movimento por meio do vento. O governante está longe de
seu povo, mas ele o põe em movimento por meio de seus comandos e decretos.
Uma
decisão difícil que tomei, antes de começar a escrever este texto, foi a de não
acrescentar nenhum comentário meu aos oráculos fornecidos pelo I Ching. Por
esse motivo, antes de encerrar, quero dizer apenas algumas palavras sobre o
título que escolhi, que você muito provavelmente já identificou como um verso
da música “Esotérico”, de Gilberto
Gil.
https://youtu.be/9eayEjCdiys
Esse
título me ocorreu quando a Bia comentou que iria chamar outros autores
“esotéricos” para colaborar no e-book. Ao ser incluído por minha amiga nesse
rol do esoterismo, tive a ideia de fazer disso o mote de meu texto, narrando a
consulta ao I Ching em meio a uma série de outros acontecimentos que
aconteceram paralelamente e que tinham ou não a ver com o tema, tais como:
* O dia originalmente escolhido para a consulta, que caía em uma data de ekadashi, que é um calendário lunar para a prática do jejum, que procuro seguir sempre que possível.
*
Esse dia do ekadashi ter coincidido
com a data de tomar a minha terceira dose de vacina contra a Covid, o que me
encheu de tamanho joie de vivre que
tirei o dia para celebrar com minha digníssima esposa Fabíola, tirando de minha
mente qualquer pensamento sobre jejuns, que dirá sobre consultas ao Livro das Mutações.
*
Que logo no dia seguinte minha mãe, que mora no Rio de Janeiro, veio nos
visitar, trazendo como presente um Baguá, que é uma espécie de mapa utilizado
no Feng Shui e que é composto pelos oito trigramas que compõem os 64 hexagramas
do I Ching. Uma notável sincronicidade, se formos pensar a respeito.
* Que eu mesmo me defino como um adepto do esoterismo principalmente em oposição ao exoterismo, que é a crença de que Deus está “lá fora”, e que para cumprir a Sua vontade o homem deve seguir um rígido código de regras, sendo lícito repreender, travar combate e até mesmo tirar a vida de pessoas que não seguem esse código externo. Já o esoterismo, que é a posição com a qual me identifico, parte do princípio de que Deus está “aqui dentro”, onde deve ser buscado antes e acima de tudo, com a inevitável consequência de estar do mesmo modo dentro de todas as outras pessoas, e mesmo de todos os outros seres do universo, que por esse motivo demandam incondicional respeito e, preferencialmente, amor.
Uma
vez que não cheguei a falar sobre nada disso que pretendia, percebi que teria
que modificar o título escolhido para o meu texto. Não fosse por uma última e
definitiva sincronicidade: no dia 18 de dezembro de 2021, que foi o dia em que
finalmente fiz a consulta ao I Ching (após uma doce hora passada em meditação
coletiva), ocorreu também a live de lançamento do livro “Não
seremos os mesmos jamais”, outra linda iniciativa de Bia na qual tive a
alegria de participar. Para me deixar um pouco mais apresentável para a live,
Fabíola sugeriu raspar minha cabeça, tarefa que ela desempenha com muito
carinho e cuidado desde que nos casamos, há sete anos.
https://www.amazon.com.br/N%C3%A3o-seremos-os-mesmos-jamais-ebook/dp/B09L4H5TJ7/
Pois
então, estávamos no quintal aqui de casa, onde geralmente sou tosquiado, e
minha esposa já estava terminando de passar a gilete em meu couro carecudo.
Nesse momento, um dos vizinhos (ou alguém na rua) achou por bem ligar o rádio
em alto volume, inundando o nosso quintal com uma inconfundível melodia: era a
introdução de “Esotérico”, de Gilberto Gil.
\\\***///
FABIO SHIVA é músico, escritor e produtor cultural. Autor
de “Favela Gótica” (https://www.verlidelas.com/product-page/favela-g%C3%B3tica), “Diário de um Imago” (https://www.amazon.com.br/dp/B07Z5CBTQ3) e “O Sincronicídio” (https://www.amazon.com.br/Sincronic%C3%ADdio-sexo-morte-revela%C3%A7%C3%B5es-transcendentais-ebook/dp/B09L69CN1J/).
Coautor e roteirista de “ANUNNAKI - Mensageiros do Vento” (https://youtu.be/bBkdLzya3B4).
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Instagram: https://www.instagram.com/prosaepoesiadefabioshiva/
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