quarta-feira, 14 de setembro de 2022

ALERTA DE SPOILER: A DESCOBERTA DO OLHAR POÉTICO É ATEMPORAL, NÃO TEM IDADE

 


Resenha do livro “AMOR E VIDA: POEMAS” de Celene Ivo Junqueira Bacelar

Celene escreveu seu primeiro poema aos 72 anos. A história dessa inspiração, por si só, já daria uma bela poesia: ela ficou intensamente emocionada ao ler o poema que seu irmão mais novo escreveu em homenagem ao pai que ele não chegou a conhecer. O contágio poético não se manifestou imediatamente, mas levou alguns dias germinando. E então, certo dia, Celene experimentou algo absolutamente inédito em suas sete décadas de vida, algo novo e poderoso, que ansiava por expressão. E foi assim que, quase como uma psicografia, nasceu o seu primeiro poema.

E desde então ela não parou mais. Seu primeiro livro, “Amor e Vida”, é um tocante e inspirador testemunho desses primeiros passos na grande jornada da poesia. Celene, tal como uma linda menina de cabelos brancos, vai vivenciando as dores e alegrias de sua existência e transformando esses sentimentos vívidos em “fingimentos” poéticos, tal como precisamente definiu Fernando Pessoa. É de uma emoção sem par acompanhar Celene nesse processo de descoberta mágica, de transmutação da própria realidade por meio do olhar poético. Quando pela primeira vez enxergamos algo no mundo com os olhos da Poesia, mudamos esse algo, transformamos a nós mesmos e ao próprio mundo.

Separei dois dos poemas que mais me sensibilizaram nessa leitura, justamente por evocarem o desvendar dessa exuberante alquimia poética. O primeiro, de forma muito expressiva, intitula-se justamente “Poesia”:

“Fazer poesia

Enriquece o nosso viver.

Fazer poesia é ver o mundo

Pela ótica da alma.

Transformar os espinhos da vida

Em flores perfumadas.

Fazer poesia é, através da palavra,

Saborear o veneno da mágoa

Transformado no mel do amor.

Fazer poesia é dedilhar

No violão da vida

Um hino de louvor a Deus.

É substituir as pedras do caminho

Por flores da esperança.

Fazer poesia é ser sensível

Às dificuldades da vida

E transformá-las em sonhos.

Fazer poesia

É expressar a beleza interior

E amar a Deus.

 

O segundo poema, como uma notável sequência nessa jornada de autoaprendizado e descoberta, é o não menos vívido “Palavras”:

 

“Expresso meus anseios

Através de palavras.

Palavras simples,

Palavras levadas pelo vento

Às ondas do mar que se

desfazem na praia,

Às abelhas que sugam o

néctar das flores

Produzindo o mel que alimenta,

que adoça o viver.

 

Ao sol, à lua, às estrelas

que iluminam vidas escuras,

Às gotas de orvalho

que umedecem as folhas

nas manhãs frias de inverno,

Às borboletas que pousam nas flores

Flores do jardim da humanidade

para aumentar o amor ao próximo.

 

Aos corações amargos

para serem adoçados

com o dom do Perdão.

Aos pobres de espírito,

Aos ricos de coração,

Aos doentes da alma,

Aos necessitados,

Aos abastados,

Aos crédulos, aos incrédulos.

 

Palavras que constroem e destroem

Uma linda amizade,

Um grande amor.

Palavras que alimentam a alma,

Palavras que curam corpo e mente.

Ah! Palavras!”

 

Ah! Celene! Eu que seguia embevecido na leitura de seu livro, nem de longe suspeitava que seria impactado por uma inebriante surpresa ao final! E a surpresa foi maior ainda ao constatar que, ao falar sobre ela, eu estaria cometendo um inevitável spoiler! Jamais imaginei que fosse possível cometer spoiler ao comentar um livro de poesia. E, o que me surpreendeu mais ainda, jamais imaginei que eu fosse incapaz de resistir à tentação de cometer spoiler ao fazer uma resenha!

Portanto acautele-se quem lê essa resenha, pois o que se segue é puro spoiler: Celene encerra seu livro com duas fotos coloridas de rosas. A primeira foto, em close, mostra uma exuberante rosa solitária. A segunda mostra um roseiral, com três rosas vermelhas no primeiro plano e uma profusão de rosas brancas ao fundo. Foi uma doce surpresa, que me comoveu profundamente. Com a mente sintonizada na leitura dos poemas, a contemplação da Rosa é uma experiência que só pode ser chamada de mística. A flor é um dos mais belos poemas de Deus. Uma única flor equivale a compêndios de arte poética.

Gratidão por me lembrar disso de forma tão silenciosa e eloquente, querida Celene! Sou feliz e grato por testemunhar seus passos na caminhada espiritual da Poesia.


 

  

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FABIO SHIVA é músico, escritor e produtor cultural. Autor de “Favela Gótica” (https://www.verlidelas.com/product-page/favela-g%C3%B3tica), “Diário de um Imago” (https://www.amazon.com.br/dp/B07Z5CBTQ3) e “O Sincronicídio” (https://www.amazon.com.br/Sincronic%C3%ADdio-sexo-morte-revela%C3%A7%C3%B5es-transcendentais-ebook/dp/B09L69CN1J/). Coautor e roteirista de “ANUNNAKI - Mensageiros do Vento” (https://youtu.be/bBkdLzya3B4).

 

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