Comunidade Resenhas Literárias: QUAL É A IMPORTÂNCIA DA MEDITAÇÃO? POR QUE ENSINAR CRIANÇAS A MEDITAR?

Resenha do livro “MEDITAÇÃO PARA CRIANÇAS”, de Fabio Shiva

Hoje tive a abençoada oportunidade de participar de uma meditação de 6 horas em celebração ao aniversário de meu guru, Paramahansa Yogananda. Por isso considero a ocasião propícia para falar sobre “Meditação para Crianças”, pois mais que comentar sobre o livro em si desejo falar sobre a prática e os benefícios da meditação. O que pretendo com essa resenha é contar sobre como o livro surgiu e também dar a minha resposta pessoal para a pergunta: qual é a importância de meditar?

Comecei a meditar em 2002, como estudante da Self-Realization Fellowship, organização mundial fundada por Yogananda para o ensino das técnicas de Kriya Yoga. Contudo desperdiçei uns quatro ou cinco anos alternando períodos de intensas meditações com fases sem meditar, até me deparar com essa transformadora frase de Sri Daya Mata, uma das principais discípulas de Yogananda (reproduzo de cabeça, pois não encontrei a citação original):

“Enquanto não meditar regularmente, todos os dias, você será sempre um iniciante.”

Sou muito grato ao despertar gerado por essa frase, e por não ter desperdiçado a lição, pois desde então tornei minha prática tão regular que hoje em dia, se acontece de eu acordar e não meditar por algum motivo, é como se não tivesse escovado os dentes: sinto um desconforto quase físico!

Penso que foi por volta de 2007 que li a reportagem que acabou gerando o livro “Meditação para Crianças”: era uma entrevista com o genial e polêmico David Lynch, diretor de filmes incríveis como “Veludo Azul” (https://youtu.be/k_BybDB_phY), “Coração Selvagem” (https://youtu.be/R0xwTSxZnHg) e “Império dos Sonhos” (https://youtu.be/5yv9E-H2OEM), que criou uma fundação para ensinar crianças a meditar. Uma frase dessa entrevista me deixou completamente eletrizado:

“Quando um milhão de crianças aprender a meditar, o mundo será transformado.”

Acreditei fervorosamente nisso, e decidi fazer a minha parte para que esse número fosse alcançado o quanto antes. Esse foi justamente o ano em que me mudei do Rio de Janeiro para Salvador, e aqui tive a linda oportunidade de participar da fundação da CUFA Itapuã, justamente com a oficina “Meditação para Crianças”. Foi muito significativo para mim que essa oficina começasse sendo ministrada para crianças em situação de vulnerabilidade social nas comunidades de Nova Brasília de Itapuã, Baixa do Tubo, Alto do Coqueirinho e Abaeté (https://youtu.be/lHSsHka-k_8).

Então surgiu a vontade de transformar a oficina em um livro, de forma a poder levar o ensino da meditação para mais crianças. Penso que foi em 2010 que fiz a primeira redação de “Meditação para Crianças”, também depois de uma meditação longa de seis horas. Só fui atinar com isso recentemente: iniciei minha carreira de escritor em 2013, com o lançamento do romance policial “O Sincronicídio” (https://youtu.be/Vr9Ez7fZMVA), mas o primeiro livro que escrevi foi, na verdade, “Meditação para Crianças”.

Contudo deixei essa primeira redação na gaveta por um bom tempo, sem saber exatamente o porquê. Foi só em 2020, em plena pandemia, que li o maravilhoso “Ou Isto ou Aquilo” (https://youtu.be/a3-p1KntVOU) de Cecília Meireles e tive um estalo, ao perceber a força lúdica dos versos rimados.

Reescrevi “Meditação para Crianças”, agora com rimas, e o resultado me deixou muito feliz. E mais feliz ainda fiquei quando meu irmão, Fabrício Barretto, topou fazer as ilustrações. Não é qualquer escritor que pode se gabar de ter seu livro ilustrado pelo cara que fez os desenhos de “ANUNNAKI - Mensageiros do Vento” (https://youtu.be/bBkdLzya3B4)!

Antes de me decidir a finalmente publicar o livro, tomei uma decisão difícil: enviei o original para a avaliação de um instrutor espiritual. Trata-se de um amigo querido, em quem deposito total confiança e sobre quem coloquei também uma grande responsabilidade: “Caso você não considere esse livro adequado para a publicação, vou jogá-lo fora sem questionar”, disse eu. Acontece que, como discípulo de Yogananda, não estou autorizado a divulgar as técnicas de meditação ensinadas pela Self-Realization Fellowship. Contudo acreditei que podia e devia ensinar uma técnica básica de meditação, que qualquer pessoa pudesse aprender facilmente e praticar. Ainda assim, meu coração estava afligido por duas dúvidas: 1) Estou ensinando direito? e 2) Estou sendo leal aos ensinamentos do Guru?

Felizmente o “irmãozinho Roberto” respondeu com um sorridente SIM a essas duas perguntas, e meu coração também sorriu, com gratidão e alívio. Como uma inspiração de última hora, decidi acrescentar a história infantil “A Menininha Azul”, que em 2016 havia sido publicada pelo Mapa da Palavra (https://mapadapalavra.ba.gov.br/fabio-shiva/). A edição feita pela Verlidelas ficou impecável, como de costume. E assim como havíamos feito com o romance de terror e ficção científica “Favela Gótica” (https://www.verlidelas.com/product-page/favela-g%C3%B3tica), lançado em 2019, disponibilizamos gratuitamente o PDF de “Meditação para Crianças” no site da editora: https://www.verlidelas.com/product-page/medita%C3%A7%C3%A3o-para-crian%C3%A7as

Além disso, o texto foi convertido para o formato audiovisual e disponibilizado no YouTube (https://youtu.be/uyuY8KEdlJE). Afinal, o objetivo é termos um milhão de crianças meditando, de preferência no Brasil!

E depois de ter contado isso tudo, percebo que ainda não respondi à questão que propus no início: por que meditar é importante? No prefácio de “Meditação para Crianças” eu cito vários dados estatísticos:

“* Melhoria de 10% nas notas dos testes escolares;

* Aumento significativo na criatividade;

* Maior felicidade, foco e autoconfiança;

* Redução nos sintomas da hiperatividade, déficit de atenção e outros transtornos de aprendizagem;

* Redução de 86% nas suspensões escolares;

* Redução de 40% em distúrbios psicológicos como estresse, ansiedade e depressão e

* Redução de 65% em conflitos violentos.”

Por relevantes que sejam, todavia, esses referenciais objetivos não dão conta do essencial, em minha opinião: a vivência subjetiva da meditação. E é a respeito disso que quero dar o meu testemunho. Durante uma meditação longa como a que pratiquei hoje, experimento uma alegria que não se parece com nada que eu já tenha vivenciado. É um júbilo espiritual que, ouso dizer, supera os prazeres mais grosseiros do sexo, da bebida e de todas as drogas que experimentei. Mas isso não é ainda o que quero dizer sobre a meditação.

Depois de 20 anos meditando (o que considero uma prática muito pequena), em minha opinião a meditação é importante porque nos possibilita sentir a existência de Deus. Esse é o maior ganho da prática da meditação, ao meu ver: graças à ela, sinto que Deus existe. Não se trata de fé ou de acreditar ou não em algo que li ou que alguém me contou. Trata-se de uma experiência pessoal, que pode ser reproduzida por qualquer pessoa que se disponha a fazer o mesmo. É por isso que Yogananda afirma que, através da meditação, “as pessoas que não conseguem acreditar na divindade de homem algum contemplarão, por fim, a plena divindade de si mesmas.”

Jai Gurudev!