sábado, 21 de janeiro de 2023

TRÊS NÍVEIS DE LEITURA DE UMA DELICIOSA “AU-AU-AUTOBIOGRAFIA”

 


Resenha do livro “MEG & EU: au-au-autobiografias”, de Dilu Machado

Foi uma delícia ler esse livro da querida Dilu Machado, que ainda traz como bônus a ilustração da capa feita pelo igualmente querido Cícero Christófaro! É uma alegria especial ler os livros dos amigos – e também um aprendizado privilegiado, pois pelo tanto que conhecemos da pessoa podemos aprofundar perspectivas na leitura de sua obra.

No caso de “Meg & Eu”, o que me pegou primeiro foi esse subtítulo, que achei simplesmente genial: au-au-autobiografias! Que tirada sensacional, que resume tão bem a proposta do livro, que é fazer um relato “au-autobiográfico” (pois narrado na primeira pessoa) da cadela Meg, uma simpática “Cocker Spaniel inglesa de médio porte, bicolor, com uma pelagem branca, que brilha como a neve“, intercalado pelo relato autobiográfico da autora Dilu, em sua convivência com Meg.


Essa alternância do ponto de vista de Dilu e Meg é outra sacada brilhante! É muito interessante acompanhar uma mesma situação sendo narrada por uma e depois pela outra, pois as versões não se repetem, mas se complementam.

Em novembro de 2022 eu e minha esposa Fabíola tivemos a oportunidade de conversar com Dilu no Sarau Pé de Poesia (https://www.instagram.com/tv/Cj_wVu-pIdS/?utm_source=ig_web_copy_link), juntamente com a também muito querida Cristina Sobral, onde um dos assuntos principais foi o livro “Meg & Eu”, que estava para ser lançado. Cícero Christófaro, o ilustrador da capa, fez uma participação na live e leu o seu trecho favorito do livro, que acabou sendo o meu também, pelo lirismo que permeia cada frase. É o capítulo intitulado “Meg, eu e o mar”:

“O calor daquela manhã nos conduziu à praia do Farol da Barra, famosa pelas suas piscinas naturais. Caminhávamos pela parte rasa da praia, eu refrescando os meus pés nas águas mornas e translúcidas, enquanto tentava me equilibrar sobre os sulcos que a maré tinha desenhado na areia — sereias, peixes voadores, pipas e folhas. Meg corria solta e livre, latindo para uns banhistas e assustando outros naquela manhã luminosa. (…)”


Em um segundo nível, achei muito interessantes algumas sincronicidades entre a jornada literária de Dilu e a minha própria. Pois “Meg & Eu” é um livro que dialoga com outro livro: o best-seller “Marley & Eu”, de John Grogan, que acabou rendendo um filme de muito sucesso (https://youtu.be/vBKwJVring4). Achei especialmente significativo que o livro de Dilu tenha sido classificado como de contos. A sincronicidade é que eu também escrevi um livro autobiográfico que pode ser considerado de contos e que faz uma referência explícita a outro livro no título: “DIÁRIO DE UM IMAGO: contos e causos de uma banda underground” (https://www.amazon.com.br/dp/B07Z5CBTQ3), que teve a segunda edição do e-book lançada em 2022 e cuja versão física está prometida para 2023. Como digo sempre, toda vez que estamos diante de uma sincronicidade, isso significa que estamos no lugar certo e na hora certa!


Finalmente, em um nível mais profundo, a leitura de “Meg & Eu” me propiciou boas reflexões sobre as relações que estabelecemos com os outros habitantes não-humanos desse planeta. Boa parte da história do livro trata dos desafios colocados pela exigência social de adestrar Meg e os conflitos que isso gera para Dilu. Isso me evocou uma citação do filósofo Alan Watts em um livro que li há muitos anos (esqueci o nome do livro, mas lembro-me muito bem dessa passagem). Watts apresenta os ideogramas (creio que chineses) correspondentes a “homem” e a “cavalo”. E então, ao juntar os dois ideogramas, surpreende ao revelar que formam a palavra “falsidade”. Ou seja, falsidade é o que o homem faz com o cavalo: adestrando-o e tornando-o um ser “falso”, respondendo de forma mecânica e escravizada diante dos estímulos, esquecendo o seu ser natural e real. É mais ou menos o que a própria Dilu expressa em seu belo livro:

“Hoje observando melhor os cães, vejo que somos nós os humanos – não todos, naturalmente – que incutimos preconceitos a eles, talvez até de um modo inconsciente; preconceitos de com quem cruzá-los, preconceitos com quem deixá-los brincar e até preconceitos contra a interação com certas pessoas.”


  

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FABIO SHIVA é músico, escritor e produtor cultural. Autor de “Favela Gótica” (https://www.verlidelas.com/product-page/favela-g%C3%B3tica), “Diário de um Imago” (https://www.amazon.com.br/dp/B07Z5CBTQ3) e “O Sincronicídio” (https://www.amazon.com.br/Sincronic%C3%ADdio-sexo-morte-revela%C3%A7%C3%B5es-transcendentais-ebook/dp/B09L69CN1J/). Coautor e roteirista de “ANUNNAKI - Mensageiros do Vento” (https://youtu.be/bBkdLzya3B4).

 

Facebook: https://www.facebook.com/sincronicidio

Instagram: https://www.instagram.com/prosaepoesiadefabioshiva/



Conheça o novo livro de Fabio Shiva, MEDITAÇÃO PARA CRIANÇAS:

https://www.verlidelas.com/product-page/medita%C3%A7%C3%A3o-para-crian%C3%A7as

 

Vídeo MEDITAÇÃO PARA CRIANÇAS:

https://youtu.be/uyuY8KEdlJE


 

 

2 comentários:

  1. Fabio Shiva, foi/é/será sempre muito Prazeroso o encontro com vocês. Ótimo convívio e a oportunidade de participar de atividades literarias com o grupo CURA POETICA..Conheci Dilu Machado, autora do livro MEG&EU, hoje grande amiga. Ótima sua resenha. Ao ler o original do livro, maravilhoso, vi ser a relação entre duas "entidades", pra mim um aprendizado de convivência. Tive a oportunidade de elaborar a capa, juntamente com Dilu. Amo te-los conhecido, creio mesmo já fazer parte da nossa agenda, a anos.

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