Comunidade Resenhas Literárias: O SENTIDO DA VIDA, PARA ALÉM ESPAÇO-TEMPO, PODE SER ALCANÇADO PELA MENTE?

Resenha do livro “O SENTIDO DA VIDA”, ditado por Ramatís, Hamod e Rama-Schain e psicografado por Sávio Mendonça

Já há alguns anos que eu e minha esposa Fabíola temos o hábito de iniciar nossa meditação diária com algumas leituras. Geralmente eu leio uma estrofe do Bhagavad Gita seguida da tradução de Paramahansa Yogananda, e depois Fabíola lê algumas páginas de um livro de umbanda. E assim, de pouquinho em pouquinho, vamos nutrindo a alma com ensinamentos espirituais e também exercitando essa jornada a dois: caminhando juntos, mas cada um seguindo o seu próprio caminho.

E foi uma leitura especialmente feliz essa, de “O Sentido da Vida”, obra psicografada por Sávio Mendonça e ditada por Ramatís, Hamod e Rama-Schain, tendo como expressivo subtítulo “Da engenharia dos carmas ao processo de autotransformação”. O livro é estruturado em perguntas e respostas sobre os mais diversos tópicos e ao longo de suas mais de trezentas páginas realmente tenta dar conta do que seria o “sentido da vida”. Durante os meses que levamos na leitura, foram comuns as ocasiões em que determinada passagem que estávamos lendo parecia responder diretamente a determinada questão ou problema com o qual estávamos lidando naquele momento.

Especialmente marcante foi a sincronicidade entre a longa explanação a respeito da “engenharia dos carmas” e a abordagem muito semelhante que foi utilizada de forma irônica e brilhante no seriado “The Good Place” (https://youtu.be/22PDaEUC120), que estávamos assistindo na época. Ao ler esse tipo de explicação minuciosa sobre as leis do mundo espiritual, minha tendência é interpretar de modo simbólico e metafórico, como uma analogia que nos ajuda a ter insights sobre coisas que estão muito além de nossa capacidade de compreensão. Da forma como eu entendo, nossa mente racional opera dentro dos limites impostos por nossa percepção do espaço-tempo, uma percepção ilusória e restrita que não nos permite acessar a “verdadeira verdade”. Acredito que além do plano material o tempo e o espaço podem ser percebidos em sua natureza essencialmente ilusória. Contudo, sendo assim, isso implica em uma impossibilidade prática de acessar verdades sobre a vida espiritual apenas por meio da razão.

É por conta disso que muitos mestres adotaram o hábito de expressar verdades espirituais de modo simbólico ou velado, por meio de parábolas e imagens poéticas. A linguagem humana, por si só segmentada em múltiplos idiomas, não deveria ser capaz de expressar a Verdade, mas apenas pontos de vista parciais. Daí a célebre frase de Lao-Tsé: “Quem sabe não fala, quem fala não sabe”.

Essa frase, aliás, foi o mote de um divertido rock filosófico da banda O Plano (da qual tive a alegria de participar), justamente intitulado “O Sentido da Vida” (https://youtu.be/n8KrIZSji4I).

E “O Sentido da Vida” é também o título de um livro do Dalai-Lama (https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2012/03/o-sentido-da-vida-sua-santidade-o-dalai.html), que traz uma exposição bastante ampla e complexa do budismo e cuja leitura recomendo a todos os buscadores sinceros e dispostos. Assim como recomendo a leitura desse livro homônimo e igualmente complexo do Sávio Mendonça.