O romance abaixo resenhado está sendo lançado esta semana pela editora Record - o qual tive acesso através de uma promoção no twitter que entregaria aos vencedores a boneca do livro (versão antes da impressão final). Por conta disto, o texto é praticamente inédito para grande parte dos leitores. Diferente da versão final, a boneca veio em espirais, o que facilitou o manejo com a leitura que vinha sendo realizada. Sem mais delongas, segue a resenha:
O livro “A estrela do diabo” - do autor Jo Nesbo, tem seu enredo desenvolvido em torno do detetive Harry Hole, já utilizado em outras obras do escritor - característica própria de autores que lidam com tramas policiais/thrillers. Neste caso em específico, após ter sofrido a perda da parceira de trabalho e tendo o colega de investigação Tom Waaler como principal suspeito por sua morte, mas não encontrando provas o suficiente que o incriminem, vê sua vida atingir o fundo do poço. Entregue a bebida, abandonado pela namorada e perto de perder o emprego, se depara com o inesperado. Diante do período de férias coletiva de sua cidade, se vê obrigado a trabalhar com seu arque rival. Uma série de assassinos que ocorrem no decorrer do enredo o trazem a tona para traçar o perfil de um serial killer, fazendo com que a aproximação com o passado seja inevitável. À medida que os fatos desenrolam-se, a trama ganha mais profundidade nas ações dos envolvidos e desperta para amplas discussões.
Por mais que um serial killer pudesse manter uma trama forte o suficiente para o sucesso, isto não foi o suficiente para Jo Nesbo, foi necessário inserir uma trama maior diante da série de assassinatos. E é assim, tentando reconstruir as pistas deixadas pela morte de pessoas comuns que o escritor apresenta uma rede de corrupção ainda maior. A discussão presente na narrativa sobre ética profissional, dinheiro, corrupção, valores morais acabam se sobrepondo a série de assassinatos. O conflito estabelecido pelo protagonista leva à suspeitas de uma possível corrupção que só será revelada nas linhas derradeiras da trama.
O livro apresenta um verdadeiro quebra-cabeças ao leitor, sejam pelas ações planejadas pelo assassino ou pela teia a que Harry é envolto para participar do esquema de corrupção. O romance, como não poderia deixar de ser, é fiel ao seu título nas divisões de capítulos, sendo representado pelas cinco pontas de uma estrela - de um pentagrama - forte símbolo na trama. Apresenta uma série de personagens e situações corriqueiras com o intuito de ampliar as possibilidades, ao mesmo tempo em que afasta o assassino do foco dos leitores. Apesar de ser característica de obras investigativas, a dimensão às vezes dada aos diferentes personagens contribuem para uma superpopulação narrativa.
O autor utiliza ainda de artifícios próprios para descrever os ambientes em que são inseridos os crimes, apresentado o passado através do enredo da história, a exemplo, como se deu a construção do prédio em que a vítima foi encontrada. É necessário destacar o incomodo pelo fato de começarmos a leitura de cada capítulo a mercê do autor da historia, sem saber corretamente os envolvidos na cena e tento de tatear as evidencias apresentadas para se localizar. Outra informação interessante são os títulos atribuídos aos capítulos, sempre um dia da semana precedido de algo que descreva os acontecimentos do mesmo, Ex: “Terça feira. Perfis.”
O fim do romance, ou melhor, da narrativa, fecha um ciclo aberto das primeiras linhas. A propósito, apesar de apresentar todos os desfechos necessários, não há um ponto final, apenas reverberações das ações que se perpetuariam como obviedades no decorrer da vida dos personagens.
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