terça-feira, 7 de junho de 2011

Memórias encontradas numa banheira - Stanislaw Lem


Já imaginaram um mundo em que não existisse mais papel. Pois é isso o que acontece.
Uma praga acaba com todo o papel existente no planeta. Todos os documentos, registros, livros e fontes de conhecimento e comunicação da humanidade baseados no papel são perdidos. Ou seja, a “História”, o passado, simplesmente deixa de existir. É o colapso, o início de uma nova era. Todos passam a servir a uma ordem de reconstrução do mundo, um estado totalitário. É fato que o foco principal de Lem era o socialismo Polonês, mas o absurdo dos desmandos são tantos e de forma tão opressiva, que chega a ter similaridade com qualquer republiqueta conhecida.

Concomitantemente, paleógrafos acham um manuscrito dentro de uma banheira em uma fortaleza subterrânea e passam a decifrar o significado deste manuscrito, as memórias propriamente ditas, que passam a ser narradas em primeira pessoa, pelo sujeito que se transformará rapidamente em um guia, semideus, a voz a ser seguida.

No mundo de hoje em que o virtual tomou conta, pode parecer um livro despropositado, mas para a época de seu lançamento, início da década de 60, era inimaginável um mundo sem o papel. O livro me fascinou por ser um livro profundo, mas sem as viagens filosóficas e intermináveis de Philip K. Dick e de seus parágrafos arrastados. Lem é o autor de Solaris, o que credencia desde já sua leitura. Gostei mais desse. É mais objetivo e bem mais leve que a metafísica de Solaris.

Recomendo, ficção científica de primeira linha.

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