quinta-feira, 16 de junho de 2011

"A última música" e "Querido John"



Escolhi escrever esta resenha conjunta por se tratar de duas obras do Nicholas Sparks que apresentam grandes semelhanças. Entendo que a leitura de apenas dois livros, diante dos inúmeros já escritos por ele, não me permite estabelecer uma crítica contundente à sua escrita, mas tem-se uma noção clara para qual vertente sua obra aponta, além de apresentar indícios que revelam o tipo de escritor que ele é. Percebe-se, por exemplo, que a escrita não ganha contornos do fantástico, abrindo mão de seres místicos - tão presentes na atualidade. E se abre mão destes elementos é porque a essência de suas obras está na percepção das relações humanas e de seus sentimentos – o que dá a obra um caráter realístico. Os sentimentos de amor, lealdade, saudade, ódio e perdão, não somente na relação homem x mulher, mas entre pais e filhos, amigos, irmãos, retratado através de uma pureza próxima aos contos de fada, mas real o suficiente para fazer parte do cotidiano dos leitores são evidentes. Conflitos estabelecidos a partir destes sentimentos permitem a empatia e interesse do leitor, principalmente aqueles que vêem nos princípios básicos do relacionamento uma oportunidade de elevar-se.
“A última música” tem início com a decisão da mãe de Ronnie – protagonista da história, de enviá-la junto com seu irmão mais novo para uma temporada de férias com seu pai. Por conta da separação abrupta ocorrida entre eles três anos mais cedo, Ronnie ainda guarda mágoas por conta do afastamento de Steve. A decisão, porém, foi um pedido especial do ex-pianista para que pudesse compartilhar com seus filhos alguns momentos antes da morte – traçada e diagnosticada. A descoberta da doença ao decorrer da narrativa leva a menina a mudança de comportamento, mudança de percepção do espaço de convivência entre os que se apresentam e reposicionamento perante questões próprias da jovialidade. Estas alterações de práticas ocorrem também por conta da descoberta do amor por Will – garoto da Carolina do Norte. Todos os acontecimentos ajudam a protagonista a amadurecer suas relações e perceber a importância do perdão para os relacionamentos.
Em “Querido John”, o período de guerra contra as forças afegãs entra em pauta e estabelece dialogo com a linha narrativa, o que demonstra uma temporalidade interessante na obra. Os acontecimentos da história dos protagonistas interferidos pela fatalidade do onze de setembro (a queda das torres gêmeas) torna a história mais verídica e de fácil identificação com o público. Tudo começa por John, que encontra-se alistado as forças do exercito americano - em missão exterior. Em duas semanas de folga, ele retorna ao seu local de origem para descansar e rever o pai, apesar do estranho relacionamento entre eles. Em seu período de férias do exercício de alistamento encontra Savanah, que esta também em uma missão de ajuda ao próximo, junto com outros jovens. Nas duas semanas que compartilham, desenvolvem o mais puro amor e juram manter o relacionamento apesar da distancia que se instauraria entre eles. O título do livro é um recorte da saudação dada às cartas enviadas à John no período em que se encontram distantes. Ainda neste intermédio, os problemas envolvendo o pai de John fazem com que o relacionamento dos amantes sofra abalos. O interessante de Querido John é o seu final. Há indícios no decorrer da narrativa que apontariam o desfecho esperado pelo leitor enquanto outro - real a trama – caminhava de forma paralela. Quando o autor sugere um novo final, não tão esperado assim, mas ainda assim convincente, você chega a conclusão que ficou frustrado. Simples assim.
As semelhanças entre as obras começam pelos relacionamentos contidos entre pai e filho(a), onde a distância se impõe através de caminhos que são reconstruídos no decorrer da trama. Continuam na existência de doenças que afetam diretamente a vida dos protagonistas e que contribuem para o rumo de suas vidas – positivamente ou negativamente, através da reflexão pessoal dos personagens, bem como nas suas evoluções enquanto seres humanos. Os livros assumem neste ponto – de certo modo – seu papel social, já que a maneira como as doenças são apresentadas permite ao leitor conhecer um pouco mais a respeito dela, dos métodos de tratamento e das relações humanas com seu portador. Os dois livros têm como cenário um ambiente praieiro – com contraponto a um lugar distante de onde os personagens mantêm seus vínculos. Estes espaços de presença e ausência são marcados e discutidos através da descoberta do verdadeiro amor (homem x mulher). Por fim, ambos são filmes. Não necessariamente derivam de seus livros, já que “A última música” foi escrito paralelamente.
Apesar de minhas expectativas girarem praticamente em torno de Querido John, foi em A última música que me emocionei realmente. Obvio que foram períodos de vida diferentes, experiências momentâneas diversas ou tantos outros fatores que podem ter contribuído para isso – inclusive o fato de ter criado tanta expectativa em torno deste segundo. Mas a verdade é que independente destes fatores, são leituras que valem a pena por se mostrarem puras e tranqüilas para serem realizadas. É acalmar-se do dia estressante pela leitura leve da escrita de Nicholas.

3 comentários:

  1. Confesso: tenho vontade de ler ambos os livros, pois já assisti aos filmes e gostei muito.

    Bjs.

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  2. Adorei, pprimeiro li os livros para depois ver o filme, quando tenho as 2 opções, prefiro assim. Moro na "Cidade do Livro", e faço parte da cultura. Temos um biblioteca, com mais títulos sdo que habitantes da cidade. Somos seguidores do trabalho do meu conterrâneo Orígenes Lessa. Bjkas Rudy, não sabia deste cantinho. Amei

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  3. Comprei os 2 numa promoção e estão na minha fila de leitura. Querido John cheguei a assistir o inicio do filme mas parei pra deixar para assisti-lo depois do livro. obrigada pela resenha.

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