terça-feira, 19 de julho de 2011

HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE - J.K. Rowling

“O último Harry Potter encerra saga sem esclarecer dúvidas. Mas caráter, lealdade, fraternidade e questionamentos causados pela escolha entre o bem e o mal são as pedras fundamentais desta derradeira sequência.”

Por Elenilson Nascimento

Você já deve ter ouvido falar de Harry Potter, a não ser que viva na Lua, ou no Congresso Nacional, porque nesse último ninguém sabe de nada. E deve saber que, com o lançamento do último filme, a saga, enfim, chegou ao fim. Se bem que eu acho que a ganância de Hollywood fará a J.K. Rowling escrever mais alguma coisa para engordar a sua conta corrente em mais alguns bilhões de dólares.

Não cheguei a virar fã dessa série de livros, embora o sucesso financeiro astronômico da franquia não seja necessariamente sinônimo de qualidade, pois Monteiro Lobato, C. S. Lewis, autor da série As Crônicas de Nárnia, ou até mesmo o J.R.R. Tolkien, autor da série “O Senhor dos Anéis” fizeram coisas bem melhores. Mas, como disse Lionello Venturi: A arte alimenta-se de ingenuidades, de imaginações infantis que ultrapassam os limites do conhecimento; é aí que se encontra o seu reino. Toda a ciência do mundo não seria capaz de penetrá-lo”.

É muito louvável que uma série de livros – graças também ao marketing e ao cinema – mantenha o seu público crescente. Fico muito feliz que os jovens tenham se voltado aos livros, mesmo eu não tendo curtido muito o enredo. No entanto, o fenômeno deve permanecer vivo entre os leitores mais jovens (*e alguns coroas lesados também) graças às interações com a internet e com os livros digitais. A série de sete livros sobre o bruxo com um raio tatuado na testa escrita pela britânica J.K. Rowling faz até sucesso entre aqueles que não gostam muito de leitura. O êxito dessa estórias é fruto do enredo, dos personagens e do momento em que surgiu.

Talvez, por esta razão, "Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2" tenha sido considerado o blockbuster mais aguardado do ano, o que se comprova pelos ingressos “caros” esgotados antes mesmo de sua estreia e nas “suspeitíssimas” lágrimas derramadas por muitos convidados durante a exibição. Adolescentes chorando por causa dos seus heróis da ficção eu posso até entender, mas adultos... pelo amor de Deus!

Mas admito aqui que, na literatura ou no cinema, Harry Potter é um fenômeno que merece respeito, mesmo para aqueles que abominam obras de fantasia. O que não é o meu caso, quero logo afirmar. As sete publicações e os oito filmes renderam dividendos astronômicos à sua autora e aos produtores envolvidos, por transcender a fronteira do infantil e alcançar todas as idades. De simples professora de ensino fundamental, Rowling se tornou a mais nova bilionária do pedaço.

Como se viu ao final do filme anterior ("Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1", baseado no livro, o vilão consegue roubar a poderosa "varinha das varinhas", uma das tais relíquias da morte. Essa primeira parte do confronto entre Harry Potter (interpretado pelo garoto que cresceu nas telas, Daniel Radcliffe) e Lorde Voldemort (interpretado pelo ator Ralph Fiennes), no entanto, deixou uma série de perguntas a serem respondidas nesta produção. Enquanto isso, Potter, ajudado por seus inseparáveis amigos, a inteligente lourinha Hermione (*essa Emma Watson se tornou uma gata!) e bobão Rony (interpretado por Rupert Grint), tenta destruir as Horcruxes, objetos que contêm partes da alma de Voldemort. Sem encontrá-los, como é contado em "Harry Potter e o Enigma do Príncipe", o jovem mago não conseguirá sobreviver à profecia: "Nenhum dos dois poderá viver enquanto o outro estiver vivo" (do livro “A Ordem da Fênix”).
Embora as competentes cenas de ação devam ser devidamente registradas, o roteiro ampara-se na conduta dos personagens. Caráter, lealdade, fraternidade e questionamentos causados pela escolha entre o bem e o mal são as pedras fundamentais desta derradeira sequência. Achei esse argumento interessantíssimo. E mais do que matar Voldemort, a missão do protagonista tenta imprimir a solidez moral dos envolvidos.

ARESTAS MAL APARADAS – Sem a introspectiva apresentação que o diretor nos deu em 2010, com a parte 1 desse final, este episódio seria só um mergulho radical nos importantes eventos que encerram a saga. Mas, com todo o preparo emocional, apresentado num ritmo incomum às obras do gênero, as inúmeras sequências de ação, combate e conflito moral entre o bem e o mal deste filme, orçado em US$ 200 milhões, ganharam um sabor peculiar a ser digerido com poções iguais de adrenalina e lágrimas. Pelo menos dos fãs ensandecidos.
Em “Harry Potter e As Relíquias da Morte – Parte II” foi uma boa luta, nada de excepcional, mas interessante. Com uma narrativa veloz, bons efeitos, cheia de detalhes pertinentes e diálogos bem escritos (*talvez os melhores da série). Alguns momentos, porém, poderiam ser explorados dramaturgicamente melhor, como a morte de Bellatrix Lestrange, por exemplo, escandalosamente abreviada na tela, enquanto que no livro a cena contrapõe a grandiosidade de uma mãe defendendo suas crias ao desamparo de uma vilã solitária na sua eterna busca por aceitação.

Adorei a parte do dragão, logo no começo, e também quando os professores da Escola Hogwarts se unem para protegerem o espaço. Onde encontraríamos professores assim? Mas antes das varinhas se enfrentarem pela última vez, Potter, Rony e Hermione têm que achar e destruir as “horcruxes” – objetos que contêm fragmentos da alma de Voldemort. Nessa trajetória de perdas e ganhos, todos os personagens que tiveram relevância na série voltam à cena, revelando o que há de melhor (e de pior) em sua composição. É o caso de Neville Longbottom, que de tímido-covarde de dez anos atrás não tem mais nada: agora, o que encontramos é um rapaz corajoso e comandante de batalha. Outro destaque é o rabugento professor Severo Snape, uma espécie de agente duplo, que causa emoção ao se revelar por inteiro.
Harry Potter se despede da sua geração mostrando ter a força de um titã para sobreviver ainda por algum tempo na memória dos fãs. Afinal, não se trata somente da estória de um menino bruxo que se escondia num armário, que se encontrou entre seus pares depois de uma veemente rejeição. Mas, sim, de um ícone da cultura pop que estabeleceu um novo padrão para a fantasia moderna. (“HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE”, de J. K. Rowling, ficção, págs. 361, Ed. Rocco – 2007)

+ Clique aqui e leia a minha resenha completa, ouça o jornalista Luiz Carlos Meten falando sobre o filme e o livro e veja também o presentinho que coloquei para vocês da comunidade: o filme Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2" – assista online!

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3 comentários:

  1. Gostei Elenilson. E, mesmo sabendo do poder do marketing e dos interesses econômicos, fico feliz ao ver crianças de 9-10 anos lendo empolgadas e sem reclamar do excesso de páginas.

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  2. Para quem não gosta dos livros da série, até que vc é um apaixonante crítico. Acredito que o mais importante nesta série, além de fazem com que milhares de adolescentes entrem no mundo da leitura, seja a lição de amizade e lealdade existente entre os jovens protagonista. Uma série única que vale a pena conhecer.

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  3. a amizade dos três bruxinhos é o que mais vai deixar saudades!

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