quarta-feira, 13 de julho de 2011

O pacto - Joe Hill

Desde que a serpente esteve presente entre os homens da terra que se aventura dizer que o mal existe. Dos céus ao inferno, a representação do diabo encontra-se agora em uma obra – O PACTO. Com seus chifres e tridente, não aparece para um homem, ele é o homem - IGNATIUS PERRISH. É assim que o livro se apresenta, através da transformação de um indivíduo que já não espera mais nada da vida em um ser capaz de ressignificar a sua existência.
O enredo leva o personagem principal - através de sua história - a nada mais que a solidão. Condenado pelas pessoas a carregar a cruz pelo assassinato da esposa – amor de sua vida - mas não pela justiça, o homem passa a ouvir confissões involuntárias daqueles que o cercam. Marcado pelas transformações ocorridas em seu corpo e visíveis apenas aos seus olhos, começa a utilizar de instrumentos diabólicos para reescrever sua história. E é assim, ouvindo os segredos mais íntimos daqueles que o cercam e despertando o mau que existe em cada um que o protagonista desta aventura descobrirá o que ocorreu no seu passado e quem realmente matou sua amada.
Podem ser pontuadas ainda como características do livro o enredo bem dividido, facilitando a leitura a medida que as peças são apresentadas e a criatividade pela trama; É importante mostrar que apesar dos aspectos positivos da obra, sobressaltam-se algumas histórias, parágrafos ou capítulos que poderiam ser excluídos sem prejuízos maiores - a existência de tais períodos torna a história monótona e longínqua em certos aspectos, o que desvia a atenção do leitor.
Outra característica peculiar do livro é que o enredo principal da história, ou seja, como se sucedeu o crime ao qual esteve envolvido, é revelado logo no início da narrativa. Ainda não sei ao certo se isto é um fato interessante ou não. Por um lado, revelar a trama e manter o leitor interessado é para poucos - foge de uma linearidade presente em grande parte das obras, por outro, acho que quebra antecipadamente o sentimento do leitor para com o texto. É como colocar-se novamente no começo da leitura quando você já deveria ter-se vinculado a ela. Penso que neste caso em específico, pode ser considerado como ponto positivo.
Por fim, restam os melhores momentos do livro, que para mim se dão através dos diálogos do homem/diabo com personagens secundários da narrativa. São interessantes porque revelam, segundo a visão do autor, como as pessoas realmente se comportariam diante de determinadas situações caso não existissem as demandas sociais que precisam cumprir para articular-se enquanto indivíduo e ser aceito em seu meio.

5 comentários:

  1. Rafhael, muito boa sua resenha. Tenho certa curiosidade de ler esse livro e alguns outros dessa editora.
    Mas o que me causa afastamento das obras dessa editora é quando eles precisam colocar na capa (as vezes, em letra até maior que o próprio título do livro) que "tal livro é o mais vendido em 'n' países, e com prêmios tais" e talz... eu não quero ler um livro só porque todos leram. Quero lê-lo pela história, pelo enredo, pela qualidade. Por isso, muitas vezes a Editora Sextante cai em meu conceito, mesmo tendo bons livros.

    Abraços!

    ResponderExcluir
  2. ô Mad...
    Infelizmente eles tem que viver baseados na maioria....e o povo não guenta ver que um livro é o mais vendido que corre pra comprar.... rs
    Eu gosto muito dos livros da sextante...apesar da capa, eles prezam pela qualidade do material que é impresso o livro....quanto a historia, tenho me deparado com enredos interessantes...

    ResponderExcluir
  3. Li um livro desse autor, e gostei muito da forma como ele escreve. Ótima resenha!

    ResponderExcluir
  4. Sim Raphael, quanto a esse quesito, os que tenho da Sextante ganham de qualquer um da minha estante: o material é um dos de melhor qualidade!

    O que me irrita é só o detalhezinho çç

    Mas, tbm concordo contigo: eles precisam disso pra vender... :S

    Mas, aqui no Brasil que é assim, pq o povo detesta ler.... hahahahahha

    ResponderExcluir
  5. Ah, eu havia lido dois livros do Joe Hill antes desse, então, como já conhecia, quis ler também, e não me arrependo, achei bem diferente a narrativa. Além do sombrio e do fantástico, certa melancolia, tristeza, ironia e até risadas esperam pelo leitor. Bem legal sua resenha, não havia prestado atençao no lance da revelação do crime ser no começo.

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...