quinta-feira, 14 de julho de 2011

OS CEM MELHORES CONTOS BRASILEIROS DO SÉCULO (Part 2) - Org. Ítalo Moriconi

“Duvido muito que a produção literária desse período tenha se resumido somente nesses nomes. Por que, então, os “negociantes de livros” continuam investindo nessas antologias e em autores estrangeiros?”

Por Elenilson Nascimento

Nesse segundo capítulo de "Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século", organizado por Ítalo Moriconi, a consagração do Movimento Modernista nos anos 40 e 50 e os seus autores que “entraram para os manuais escolares e para os cânones acadêmicos como escritores modelares do século”, mas novamente achei desnecessário ter que repetir nomes de autores só porque são famosos. “Em torno da primeira metade do século, nossos escritores estão mais maduros. Escrevem numa língua que também amadureceu, está mais uniforme e representativa daquela usada no cotidiano pelos brasileiros educados, de qualquer lugar do país. O passado rural começa a desaparecer efetivamente, tornando-se objeto mais de nostalgia do que de rejeição”.

Duvido muito que a produção literária desse período tenha se resumido somente nesses nomes. Por que, então, os “negociantes de livros” continuam investindo nessas antologias e em autores estrangeiros? São bons de venda ou são favorecidos pelo “monopólio das editoras transnacionais”, que estão comprando ou "alugando" tudo no Brasil e preferem lançar edições em 50 ou 100 países, o que facilita a venda? O mais curioso nessa seleção é que alguns dos autores escolhidos não chegaram a praticar a arte do conto com tanta assiduidade e relevância que dedicaram ao romance ou à poesia, como o próprio organizador da antologia escreveu na introdução. Mas então porque eles foram escolhidos?

Os livros de autores como Machado de Assis ou Guimarães Rosa são até hoje objetos de estudos e fonte de inspiração para inúmeros trabalhos televisivos e cinematográficos. Mas cadê os outros? Cadê Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto, e outros? Para Moriconi: “As relações afetivas passam a constituir a verdadeira utopia do brasileiro, e também exibem seu lado difícil. Descompassos na família. Saudades. Lirismos. Na época da consagração definitiva do movimento modernista, predominam na literatura o romance, a crônica e a poesia, mas a amostra apresentada nesta seção revela que alguns dos mais belos clássicos do conto brasileiro moderno foram publicados nesse período”.

Part 2 – Anos 40/50 (Modernos, maduros, líricos)

14. O conto “Viagem aos seios de Duília”, de Aníbal Machado, inicia essa segunda parte da antologia. Não me venham com Paulo Coelho e outros "bons" de venda que nunca foram escritores. Nem de celebridades, como Bruna Surfistinha, Maitê Proença e outras do mesmo naipe, que ganham páginas inteiras nos jornais e programas de rádio e TV. Ora, sempre tivemos uma literatura de melhor qualidade, não há a menor dúvida. Quem nunca leu deve ler esse esplendido conto do mineiro Aníbal Machado, não sabe o que perde! Anibal soube, com rara sensibilidade, demonstrar um homem se defrontando com a aposentadoria e a necessidade de criar novo horizonte para o desenrolar do cotidiano no conto. José Maria tem de se acostumar com a uma nova realidade, contudo, os trinta e seis anos vividos numa repartição pública, com a vida marcada por horários e inquietações do funcionário, deixam o personagem perdido e com a sensação de que perdeu a própria vida. Ele volta ao lugarejo onde nasceu para reencontrar uma moça que lhe proporcionara um momento inesquecível. Quando era adolescente e estava prestes a partir do interior para a cidade grande, Duília, uma adolescente, numa procissão, leva-o para trás de uma árvore e mostra a José os seios lindos e brancos. Safadinha! Agora, aposentado e decepcionado com sua vida metódica e solitária, decide voltar ao seu lugar de origem para rever a piriguete. E após uma longa viagem, José Maria finalmente acha a Duília, que se tornara professora e estava velha e decadente. Depois de conversarem alguns momentos, José percebe que não pode recuperar o tempo perdido e sai correndo da casa de Duília indo embora. Acho que esse é o maior conto nessa antologia.

+ Clique aqui e leia a continuação da Part 2 da resenha – Anos 40/50 (Modernos, maduros, líricos).

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