Perry Rhodan é a maior série de FC existente, com mais de 2.600 livros publicados, no dia 8 de Setembro de 2011, completa 50 anos de existência. Aventuras entre terranos e outros fantásticos seres espaciais, espaçonaves, tecnologia, alianças e disputas intergalácticas, mundos e criaturas inusitadas, personagens surpreendentes, dos mais comuns aos mais complexos, que se revelavam, tanto no aspecto físico quanto psicológico, como monstros e/ou heróis inimagináveis. A série alemã é complexa, ampla, com muitos personagens e envolve em suas aventuras centenas e centenas de anos da historia da humanidade.
Como homenagem, escolhi resenhar o primeiro livro que li da série: Os traficantes de Alaze.
Perry Rhodan - Os traficantes de Alaze
William Voltz
Sinopse: Há muito o tráfico de drogas vinha crescendo... e agora tomava um rumo que poderia causar a derrocada do Império Solar. Vários povos iam afastando-se dos terranos, pois temiam tornarem-se viciados! Rhodan tenta por um fim a este negócio criminoso. Mas o que consegue é tornar-se alvo de criticas de jornais... entretanto, em Alaze, planeta-base dos salteadores, um inocente casal vive uma aventura que...
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Não poucas vezes, fala-se da atemporalidade do texto literário, e mais uma vez, comprovo. Ainda que muito seja reflexo da época, certos temas sempre são atuais. Quando estava folheando os livros da série para escolher quais resenharia, encontrei este que é um dos meus favoritos. Minhas razões para essa escolha foram, como sempre, extremamente subjetivas e no caso, ingênuas até: meu fascínio pelos seres-pássaros e por este ter sido, se minha memória ainda se salva, o primeiro da série que li. Mas relendo, percebo que muito do fascínio vem também dos conflitos sociais que vão se revelando no texto. O poder das drogas. Manobras políticas. Concorrência de mercado (e suas conseqüências). A escravização via substancias químicas. Manipulação. Ausência de ética. Preconceitos. Superação. Dominação. Coragem... Questões que não poderiam ser mais atuais. O mote não é novo, dessa vez, um herói inesperado salva o dia. Mas com a ajuda de tantos outros heróis ainda mais inesperados que ele. Vamos a eles. Ah, o texto apresenta alguns spoilers. Mas são poucos, quase tímidos.
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No calendário da Terra, marca-se 2102. O império Solar é a mais importante potência comercial das Galáxias e o arcônida Atlan, com o apoio dos terranos, consolidou sua posição como imperador. Embaixadas e representações comerciais da Terra são comuns em diversos mundos. Um sonho antigo da humanidade - viajar pelo espaço sideral, conhecer outros mundos e civilizações - tornou-se real. Ainda que não ao alcance de todas as pessoas.
Mas em Os traficantes de Alaze, o que acontece a centenas de anos-luz da Terra nem sempre pode ser considerado um passeio turístico proveitoso. Menos ainda para um inusitado casal em lua-de-mel. Será que John Edgar Princer, herdeiro e vice-presidente da Intercosmic Fruit Company, e sua esposa Cora Princer teriam feito a mesma opção de viagem se soubessem o que lhes aguardava?
John, por ser “daltônico” e ter um “defeito na estrutura óssea” foi rejeitado pela Frota Solar. Com um brevê de piloto espacial de segunda classe, irá pilotar a nave-disco que lhe foi presenteada pelo pai. A primeira vez que vemos o jovem herdeiro caminhando até sua nave, carregado de embrulhos, somos brindados, pelos olhos de um experiente astronauta, com a seguinte descrição: “era alto e magro; as roupas esvoaçavam em torno do corpo. Movia-se com a compenetração infeliz de um flamingo que encolheu uma perna e tem de saltitar com a outra.” Uma “ave estranha”.
Mas em seguida, um gesto de esperteza para driblar uma possível “baby sitter”, com o irônico nome dado a sua nave, “Error” em referência as recusas que sofreu para entrar na Frota Estelar e finalmente, por ser dono de “um par de enormes olhos azuis, transbordantes de tristeza, que fitavam o mundo com uma expressão de melancolia”, o leitor pressente que pode esperar muito mais dessa “ave estranha”. Um personagem que tem uma chance de provar o seu valor. Afinal, terá que enfrentar bem mais que insegurança e desejo por aprovação.
A bordo da Error, uma carga de gigante-supermacio (pois é, sementes especiais de espinafre :S) combina o útil ao agradável, uma carga da empresa que deverá ser entregue durante a viagem. As minúsculas bolinhas azuladas que só poderiam distinguir-se de sementes de papoulas por meio de uma análise serão de grande valia nessa aventura.
A lua-de-mel logo é adiada. Um “pequeno” e “colorido” erro do daltônico John, no cálculo da transição, além de oferecer uma experiência especialmente dolorida na desmaterialização, levou o casal para um lugar qualquer da galáxia, sem nenhuma estrela por onde orientar-se, estavam completamente perdidos. E a mercê de salteadores cruéis.
Estes salteadores galácticos atacavam sem piedade. Entretanto, o acaso, mais que a esperteza, faz com que sejam confundidos com traficantes. Ao assumir esse papel, John salva sua vida e da esposa e se vê frente a uma chance única de descobrir informações extremamente importantes para Perry Rhodan. E em nome desse bem maior, o personagem cresce e revela-se.
Ao explorar o vício de extraterranos, os traficantes visavam bem mais que o simples lucro. Uma manobra política para derrotar o império. Nas criaturas de outros mundos, o efeito das substâncias químicas comprovara-se ampliado a beira da loucura, e isso representava um grande perigo para a soberania dos povos, que reagiam da única forma possível, cortando o contato com os disseminadores da loucura. Quem? Terra! O isolamento econômico teria conseqüências graves.
Em meio a esse contexto, o casal é recepcionado em Alaze. Como as sementes azuis foram confundidas com sementes de papoulas, estariam salvos enquanto o engodo não fosse descoberto. Ou enquanto o verdadeiro transportador não chegasse. Mas assumir esta mentira lhes daria um curto tempo para tentar uma fuga e transmitir as informações importantes que fossem coletadas no planeta Alaze. Nomes, endereços e planos dos que ameaçavam o império.
O cenário principal dessa luta é o planeta Alaze. Possuía oxigênio, mas tinha cheiro de terra úmida, semelhante ao de folhas apodrecidas. Florestas com árvores de troncos gigantescos e escuros, copas densas como uma massa compacta serviam de moradia aos nativos. Ah, os nativos eram criaturas com a estatura mediana de um humano comum. Cabeças de pássaros, olhos negros e inteligentes, rodeados por um circulo de penas. Bicos largos e curtos dominavam o rosto. Os braços, quando abertos, formavam asas. Os corpos eram cobertos de penas. Seres-pássaros que falavam sofrivelmente o intergaláctico. De temperamento alegre, eram brincalhões, amigos e cheios de truques. E vítimas fáceis de substâncias entorpecentes. Na luta por sobrevivência e procurando meios para contatar Perry Rhodan, nossa dupla se aventura pelo planeta Alaze com a ajuda do ser-pássaro Schnitz e seus companheiros. Perseguidos pelos salteadores e arriscando-se entre outras tribos, o perigo e a emoção que sempre buscara torna-se real para John. E acho que isso não era exatamente o que o desastrado herói desejava.
A aventura se centraliza nas ações do casal, ainda que outros personagens interessantes apareçam, alguns com atitudes surpreendentes, como o traficante Clifton Shaugnessy, o corajoso Major Woodsworth – Comandante da Cape Canaveral e a promessa de um resgate espetacular, Valmonze, o patriarca dos salteadores, mas quero mesmo é comentar sobre a esposa Cora Princer. Ela é principalmente bonita, ainda que em alguns momentos tenha atitudes que revelem uma personalidade forte, não é uma personagem bem explorada na trama, o papel feminino permanece com a função de embelezar e apoiar, senti falta de mais espaço para a moça na história. E espero terminar em breve uma fanfic com os seres-pássaros como protagonistas.
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Título do original: Nur ein Greebhorn
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