segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Touro: Boudica Livro 2 - Manda Scott

Acho que nem preciso dizer o quanto estou gostando desta saga histórica, na resenha de Boudica – Livro 1: Águia, (veja resenha AQUI) já disse tudo e mais um pouco. Era o livro em que se tem Boudica como personagem principal, a transformação da menina em grande guerreira dos icenos, mas me lembro bem – disse para que todos ficassem de olho no talentoso Bán, meio-irmão de Boudica, que era o personagem que mais me havia encantado. As pesquisas não param, meus olhos brilham por tudo o que leio.

Manda Scott mais uma vez tenta preencher as lacunas históricas (e são muitas, já que se têm poucos registros sobre esta época) e nisso ela se sai muito bem, é uma arte pra poucos. Neste novo livro, temos como início o ano 47 d.C., com Roma governada por Claudio, imperador relativamente velho para a época, que sofre pressões do Senado e de sua sobrinha-esposa Agripina, que trama sua morte para que Nero, seu filho, suba ao trono.

Calígula não havia conseguido dominar a Britânia, mas Claudio, mais violento e sanguinário consegue desbaratar o inimigo com frequência, dentro de seu próprio território. Porém, Suetônio em sua obra “A vida dos doze Césares” nos conta que o imperador só cessou a perseguição às tribos da Britânia “depois da aparição duma mulher bárbara de estatura extra-humana, que o proibe de levar avante a sua vitória”. Seria esta mulher, Boudica? Creio que sim, faria todo o sentido.

Em Boudica – Livro 2: Touro (Bertrand Brasil, 488 páginas) Bán passa a ser o personagem principal, suas angústias, sua penitência e seus fantasmas são expostos de forma radical. O livro é truncado, sem fluência, tenso, muito tenso, e isso perpassa todo o texto. Por isso não é leitura fácil, nem menos prazerosa. A autora dá um salto qualitativo em sua narrativa forçando o leitor a mastigar todos os detalhes, cada olhar, cada visão, cada sentimento.

Temos também um enfoque maior em Caradoc (homem de Boudica) e Dubornos, o cantor marcado por um pecado cometido quando passava para a idade de guerreiro (contido no Livro 1):

“Dubornos encontrou um nó na madeira exposta da cama e esfregou-lhe a borda com a ponta do polegar. Contar o ritmo diminuiu o pânico que gritava na sua cabeça. No outro colchão, Caradoc juntou a ponta dos dedos e descansou o queixo. Suas mãos estavam imóveis, mas a borda das narinas estava larga e branca, e quem o conhecia bem poderia ver que ele estava lutando para estabilizar a respiração...”

Há tantas passagens em que os relacionamentos são trabalhados que nos parece um livro sobre a dissecação do amor e da dor, como neste trecho em que nasce a filha de Boudica e Caradoc e a mãe se surpreende com um sentimento que antes era apenas de Cunomar, seu primeiro filho:

“...Breaca (Boudica) obrigou-se a sorrir contra uma repentina incerteza. Não estava sozinha com o filho e nunca estaria. Breaca esquecera como seria, como fora com Cunomar; até ele nascer, ela não soubera que era possível querer tão bem a uma coisinha tão pequena. Até aquele momento, não conhecera a assustadora e gloriosa verdade de que a parte do seu coração que ainda não fora dada a outras pessoas acabara de se dividir novamente em duas e que uma das partes tinha sido recém-instalada em um outro corpo.”

Leia mais em:
http://www.literaturadecabeca.com.br/2012/02/resenha-sobre-os-augurios-de-touro.html



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