segunda-feira, 5 de março de 2012

O DOMO BRILHANTE – Joseph Wambaugh


“The Glitter Dome” (título original da obra) é o nome do inferninho para onde vão religiosamente os tiras de uma delegacia em Los Angeles, após cada dia de trabalho estafante e quase sempre sem sentido. Um dos freqüentadores mais assíduos é Al Mackey, que se vê designado para investigar o homicídio de um figurão de Hollywood graças a seu talento para a inventividade.

Mackey não precisa solucionar um crime quando pode usar a imaginação para encontrar soluções plausíveis que façam o caso ser encerrado e deixe de ser um embaraço para seus superiores. Como na vez em que levantou evidências suficientes para “provar” que um traficante havia cometido suicídio dando uma machadada no próprio crânio!

Quando não está envolvido em algum de seus criativos suicidas, Mackey consome o próprio peso em destilados no Glitter Dome e se envolve em espetaculares fracassos sexuais.

Isso é só o começo. Prepare-se para mergulhar em um universo de glamour e desespero. Uma galeria de tipos exóticos e muito bem retratados em situações para lá de insólitas. Esse é o universo da polícia de Los Angeles.

O autor, com 14 anos de LAPD na bagagem, certamente mostra que sabe do que está falando.


Começo a considerar Joseph Wambaugh um certo Rubem Fonseca americano. Os dois escrevem romances policiais e tiveram anos de experiência na polícia. Um e outro possuem uma inegável habilidade para o bizarro. E por detrás da narrativa de ambos permanece sempre uma tese, uma proposição ideológica, uma filosofia ou pergunta. Um tema central em torno do qual giram as peripécias narradas no livro.

No presente caso, esse tema central poderia ser a frase de Martin Welborn, parceiro de Al Mackey e o verdadeiro protagonista da história:

“Não existe mal ou bem. Tudo é acidente.”

A analogia entre Joseph Wambaugh e Rubem Fonseca não é total. Diante do estilo seco do brasileiro, o americano seria certamente considerado prolixo. Wambaugh difere de Fonseca também ao apelar muito mais para o humor. O que ele faz com grande sensibilidade, diga-se de passagem. Fui surpreendido por boas gargalhadas lendo esse livro.

“The Glitter Dome” é o terceiro de Wambaugh que leio e até aqui, disparado, o melhor. E olhe que eu gostei à beça dos dois primeiros!

Altamente recomendável.

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