quarta-feira, 4 de abril de 2012

FRIDAY – Robert A. Heinlein


Uma coisa já posso dizer a respeito dos livros de Robert A. Heinlen: você nunca pode dizer o que vem pela frente. “Friday” foi o meu terceiro. Antes li “Estranho Numa Terra Estranha” (um livro que me ensinou que uma boa idéia vale bem mais que um bom estilo) e “Jó” (já resenhado em nossa comunidade). Cada um deles é um universo a parte, que tem em comum unicamente o gênero da ficção científica.

O livro é intrigante a partir do título. Friday é o nome da heroína e narradora. Não consegui encontrar nenhuma ponte com o Sexta-feira de “Robinson Crusoé”, mas certamente fica evidente a referência a “O Homem Que Foi Quinta-feira”, de Chesterton, pois as duas histórias utilizam o tema da espionagem como mote central. Ou talvez seja só viagem minha.

Friday é uma “Pessoa Artificial”, alguém criado em laboratório e que não possui o mesmo status que os seres humanos “normais”. Uma Pessoa Artificial pode ser propriedade de alguém, como um escravo. Mas é melhor ser uma Pessoa Artificial que um Artefato Vivo, bizarros seres moldados pela engenharia genética para atender a funções específicas. A diferença entre os dois é que uma Pessoa Artificial se assemelha externamente a um ser humano.

Enquanto escrevo isso percebo que talvez aí esteja a questão central do livro: o que nos torna humanos? Por ser narrada na primeira pessoa, a história oferece o ponto de vista de Friday a respeito, assim como suas dúvidas e questionamentos sobre a conduta dos seres humanos.

O livro começa de forma eletrizante e perde um pouco o pique no meio, em minha opinião, quando Heinlen se entretém com sátiras à sociedade norte-americana. Do meio para o fim o pique é retomado. A sensação maior foi a de que o autor se deixou levar pela história, ou melhor, deixou que a história caminhasse por si só. Por um lado isso é negativo, pois causa a impressão de que não houve um fio condutor ou um propósito maior para a história. Por outro lado a trama torna-se mais convincente, por ser mais próxima da própria vida.

Um livro interessante e esquisito.

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