O Sobrevivente
O Sobrevivente
Sinto que essa resenha não poderia ter outro título senão o próprio que intitula a obra: “O Sobrevivente” e para tentar exprimir todo o drama, injustiça, degradação, indignidade,... sofrimentos físicos inimagináveis e morais indescritíveis, a que seres humanos foram submetidos, cito aqui o grande gênio da ciência, Einstein: “Só duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana”.
No livro, o próprio protagonista relata a sua história, Heniek, um menino judeu/polonês, então com 12 anos de idade e a sua história confunde-se com as de milhares de outros compatriotas seu, enviados a campos de concentração e naquele circo dos horrores ele passará sua adolescência.
Heniek foi um sobrevivente, acaso do destino? Milagre de Deus?...Ele vai contra todos os prognósticos e sobrevive, e embora, esse livro relate às piores crueldades oriundas de uma das maiores vergonhas da humanidade, o holocausto, prefiro aqui focar o outro lado da moeda já que trata-se também de uma história de superação e de vida, profundamente marcada, com graves seqüelas físicas e fundas cicatrizes na alma, mas vida, muito digna de ser vivida e Heniek teve que resgatar sua dignidade, se lembrar de que não era reles, mas um ser humano com todo o direito a ser respeitado em sua identidade, em sua história, etnia e cultura...
Quando, enfim, finda a guerra e ele é libertado está em um estado crítico de desnutrição, pesando apenas 28 quilos e aguardando a morte iminente, mas por desígnio de Deus, ele estava predestinado a sobreviver...
“No vagão onde me encontrava havia muitos mortos. Todos os cadáveres estavam com os olhos abertos; quando se morre de fome, os olhos permanecem arregalados. Eu estava sentado no chão, enrolado naquele trapo imundo...Senti que alguém se aproximou de mim e removeu o pano que cobria a minha cabeça...Um homem começou a falar comigo numa língua estranha para mim...Não entendi...nem reagi a sua presença. Em seguida, ele desapareceu...Pouco tempo depois, o homem voltou. Trouxe uma caneca de leite. Falou comigo outra vez naquela língua estranha e estendeu a caneca para mim. Não consegui levantar a mão para pegá-la. Não tinha força nem vontade. O homem não desistiu; reclinou minha cabeça e foi derramando leite para dentro de minha boca...Esse homem sem nome salvou minha vida...esta cena está gravada na minha memória como a imagem de um novo nascimento. E o leite que ele me ofereceu é um gesto maternal que promove a vida...”
O Sobrevivente não é um livro para horrorizar pura e simplesmente, mas sim para nos ensinar importantes lições de alguém que aprendeu a agarrar-se à vida com todo amor e obstinação, que aprendeu a amar e louvar a Deus e toda sua obra de criação, que aprendeu a não deixar que as trevas a que foi lançado lhe enegrecesse também a alma mantendo-a pura e translúcida.
“Sou feliz porque minha vida foi ceifada aos doze anos e eu sobrevivi vivendo, quem sabe, até aos cento e vinte; porque meu pai me ordenou que eu vivesse eu o atendi;...porque meus olhos viram o que vi e não ficaram cegos; porque vi a face da morte e a transformei em vida; porque contei a minha história sem chorar; porque, apesar, de ter estado durante anos no inferno, retornei para contar o que queriam que eu calasse.”
Adorei a resenha!
ResponderExcluirNossa imagino como esse livro deve ser forte hem!
E que coisa boa ler aqui as suas belas resenhas! Que venham muitas outras!
Seja muito bem-vinda Patricia querida!
Gostei da resenha! :D
ResponderExcluirBeijocas.