sábado, 7 de abril de 2012

POEMAS DISPERSOS – Org. Elenilson Nascimento

“São todas obras de poetas dos mais diversos Estados e Cidades, que a meu ver, tem o dever de continuar mantendo vivos os seus sonhos...”

Por Varley Farias Rodrigues*
Já se vão alguns anos em que as vendas de livros vêm lentamente quebrando o tabu de que o brasileiro não lê. E é bem verdade que vemos um processo muito lento nesse sentido ainda, principalmente se tomarmos como exemplos países vizinhos, mas, a verdade, é que existe sim um animo novo no mundo literário brasileiro.
E devemos esse animo novo, a iniciativas que incitam aos novos autores saírem das gavetas. São iniciativas em que na sua maioria têm uma história de amor pela arte literária, e que a todo custo tentam unir os antes autores engavetados de varias regiões em livros que demonstram qualidade, talento e um refinado sentido poético.
O livro “Poemas Dispersos” da “Coleção Literatura Clandestina” é uma dessas iniciativas que exemplificam com muita ênfase esse “desengavetamento” de desconhecidos autores nacionais. Em suas 124 páginas vemos anônimos poetas extravasarem seus sentimentos em versos carregados de emoção, graça e beleza.
Na verdade, trata-se de uma obra que carrega diferencial de inquestionável valor literário, não só pela qualidade com que foi criada, mais por carregar nomes que já vivenciam o mundo literário na sua plenitude. O sr. Elenilson Nascimento, ex-professor, jornalista, escritor e poeta baiano, idealizador do livro e cujo talento empresta a obra, e também o jovem escritor e poeta Luciano Dias Rosa, o Ludiro como também é conhecido, são estrelas de indiscutível grandeza que dão maior peso literário ao livro.
Nos poemas “Com os olhos no mundo, sentimentos nas mãos e especulações em torno de tudo”, “A consciência do escarro”, “Fingindo” e “Eu e meu umbigo” o poeta, idealizador e incentivador baiano, demonstrando uma alma inquieta, e sentimentos à flor da pele, parece buscar respostas as suas indagações interiores, e força-nos a pensar na nossa relação com o mundo e com o nosso eu. É um homem com os olhos no mundo, sentimentos nas mãos e especulações em torno de tudo que não finge ser assustadoramente gente e se desfaz na consciência do escarro, mostrando o seu eu naturalmente poeta.
A força de expressão poética está representada também com galhardia em “Abstração da alma” do também baiano João Vitor Souza Dourado; em “A hospedeira” de José Kleber Leite de Castro Junior, de Brasília; em “Exaustão do eu pelo sofrimento” deCamila Carneiro, poetisa também da Bahia; em “Sonhemos outra vez!” de Sandro Côdax de São Paulo, que sonha, e eu lhe peço não desperte Sandro, porque poema não pode ter fim. E do já citado Ludiro, em “Andarilho”, que carregado de talento atravessa a nossa alma, deixando pegadas perfumadas, como que plantando sonhos – e nos outros tantos poemas dispersos que emergiram das gavetas, para se encontrarem nessa obra que prima pela qualidade e bom gosto.
São todas obras de poetas dos mais diversos Estados e Cidades, que a meu ver, tem o dever de continuar mantendo vivos os seus sonhos, exteriorizando seus sentimentos e assim contribuindo para a quebra dos tabus que a ignorância literária ergue, nas mais longínquas trincheiras desse país-continente. (“POEMAS DISPERSOS” – Coleção Literatura Clandestina, organizada por Elenilson Nascimento, 126 págs. Rio de Janeiro, 2006 – CBJE). Editora – clique aqui.
+ Coleção Literatura Clandestina – clique aqui.


* Varley Farias Rodrigues é poeta de Fortaleza (CE). Há uns vinte anos trabalha com programação de computadores, porém, considera a poesia a sua verdadeira paixão. Também participou dos “Poemas Dispersos” com a obra “Saga de um nordestino”. Contato: varleyfarias@uol.com.br

fonte: O Rebate, 07/04/08

Um comentário:

  1. Li pouquinhos livros de poesia, mas gostei de todos eles...
    Esse com certeza vai entrar pra minha lista de desejados.

    Beijos,
    #Resenha falada.

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