“Earth is Room Enough” é o título do livro, (mais uma) coletânea de contos de ficção científica do vasto acervo do bom doutor. De cara senti falta dos comentários jocosos de Asimov, que gostava de apresentar com uma nota introdutória os contos de suas coletâneas.
Quando comecei o primeiro conto, “O Passado Morto” (“The Dead Past” no original), percebi que já havia lido esse livro em português quando eu era criança e que se tratava justamente de uma de minhas histórias favoritas, que eu torcia para ler novamente um dia. Foi tão bom quanto eu esperava.
Com base nessa única história, é possível compreender a soberania de Asimov. O segredo do bom doutor está em uma criatividade abençoadamente prodigiosa. Partindo de um dos temas mais batidos na FC, a viagem no tempo, Asimov construiu uma história verdadeiramente surpreendente e estranhamente atual, com toda essa controvérsia de grampos e filmagens clandestinas. Mas peraí, o que é que uma coisa tem a ver com a outra? Bom, aí é que está a genialidade de Asimov. Sacou?
A contra-capa do livro traz uma interessante chamada para algumas das histórias:
“Uma cornucópia de estranhas e maravilhosas invenções do Doutor Isaac Asimov
Uma máquina que vê o passado...
Eleições presidenciais por computador...
Como escapar de uma sala de 4 dimensões...
Um adultério onde o amante é um robô...
O primeiro filme em velocidade super lenta de uma explosão atômica...
O Arcanjo Gabriel sopra a Última Trombeta
Uma lição de aritmética em 2157...
Shakespeare de volta à escola e aos estudos...”
E não é que tem mesmo uma história sobre cada um desses temas? E se por um lado faltou uma fala do anfitrião para quebrar o gelo antes de cada história, por outro teve a surpresa de dois poemas satíricos, onde Asimov rimou com ritmo e também se revelou junto com o riso. A genialidade do autor, um dos mais prolíficos de todos os gêneros, reside talvez em uma curiosidade permanente a respeito do mundo, considerando mundo no sentido mais amplo possível. Tudo interessa o bom doutor, tudo pode ser motivo para mais uma deliciosa história bem-bolada.
Até mesmo o diabo, que foi citado em duas das histórias, possivelmente um reflexo das sombrias previsões de apocalipse iminente que já circulavam durante a década de 50, em plena guerra fria, época em que foram escritos os contos.
O mais tocante foi perceber algo da personalidade de Asimov em “Sonhar é um assunto particular” (“Dreaming is a private thing”), principalmente quando seguindo-se ao poema “Labuta do Autor” (“An Author’s Ordeal”). Um sonhador de olhos abertos, o tempo todo pensando em fabulosas idéias, tramas surpreendentes, sacações fantásticas. E como elas saíam em abundância dessa cachola!!!
Benza Deus, como se diz na Bahia. Benza Deus o bom doutor!
Não conheço essas história e fiquei muito interessada, as chamadas da contra-capa são muito boas.
ResponderExcluirFico super animada quando chego num blog e tem resenhas de livros que nunca ouvi falar.
Bjos