quarta-feira, 9 de maio de 2012

A Exposição da Descrença no Ser humano

A resenha abaixo discute detalhes importantes da trama!

Antes de ter servido fielmente ao realismo, Machado de Assis se aventurara no fantástico estilo literário “Romantismo”. Tal escola se baseara em situações ingênuas, que davam destaque ao sentimentalismo extremo.

Como se estivesse olhando para si mesmo e alimentando a sua maturidade, Machado inaugura o Realismo Brasileiro e adquire uma nova filosofia artística: o ser humano não merece confiança. 

Dom Casmurro, obra que encerra a “trilogia realista”, é o maior expoente a representar os ideais de seu autor, que em sua fase realista passou a mostrar uma constante descrença na raça humana. Primeiramente, somos inseridos no ponto de vista de um narrador-personagem que descreve os fatos como se estivesse elaborando uma autobiografia, tudo aos moldes de seus sentimentos, iniciando pela sua infância conturbada e passando para a sua maturação não menos conturbada. 

Capitu, o seu amor, nos é apresentada como uma adultera que o traiu com o seu melhor amigo, Escobar. Todavia, nenhuma prova nos é apresentada; apenas o intuindo e a convicção fragilizada de nosso narrador permanece a acusar Capitu. Ele tenta nos convencer, revelando as reações de sua esposa no momento do enterro de Escobar, afirmando que os traços de Ezequiel — filho dele e de Capitu — pertencem a Escobar, etc. Assim, o leitor encontra-se em um local fechado, sem saber em quem acreditar ou/e em quê acreditar. 

Quando as dúvidas surgem, o apogeu da obra emerge. Como o objetivo de Machado de Assis foi explorar o lado psicológico do ser humano, despindo-o de velhos dogmas criados pela sociedade, o que sobra é apenas um animal praticamente irracional que age pela necessidade; nessa situação, para o leitor atento é dado o sentimento de que não se deve confiar em ninguém. O narrador é um homem fraco e descrente em qualquer coisa (até em si mesmo), e daí o leitor julgará se o “Dom Casmurro” merece confiança. Será que tudo aquilo não é apenas fruto de sua doentia imaginação? Será que realmente Capitu, com seu modo único de manipular, traiu Bentinho? Será que Ezequiel é filho de Escobar? Por via das dúvidas, o melhor a fazer é desconfiar de todos. Este foi o principal objetivo de Machado de Assis para com sua obra máxima. 

A nível mundial, o mistério que cerca Dom Casmurro é um dos maiores de todos os tempos, se não o maior. Um mistério sem respostas e seguido por teorias que tentam desvendá-lo. Isso tudo atesta a perfeição da prosa de Machado de Assis, e o insere no patamar de maior escritor brasileiro de todos os tempos, sendo ainda colocado em alta posição mundial.



Avaliação: 5/5

Victor Ramos (Jerome)


3 comentários:

  1. Oi Victor (Jerome é apelido? :D), não me lembro de tê-lo visto por aqui (se já apareceu esquece porque minha memória...tsc...tsc...tsc...), então, seja bem vindo ao nosso querido Blog.

    Parabéns pela sua resenha, gostei muito da análise que fez sobre esse livro polêmico. Você escreve muito bem, viu?

    bj da angel ;)

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    Respostas
    1. Olá, Angel!

      É, Jerome é apenas um apelido. :P

      Já faz um tempinho que faço parte deste excelente blog, e achei o momento muito bom para postar esta resenha para um romance que amo muito.

      Fico muito agradecido pelas suas palavras. E fico feliz, claro, por saber que agrado aos que me leem, rsrs. Muito bom.

      Abração!

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  2. Linda resenha amigo Jerome!!!
    Valeu demais pela ótima contribuição!!!
    Viva Machado de Assis!!!

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