sexta-feira, 4 de maio de 2012

A LEI DO CNUTE e CONTOS – Wladyslaw Stanislaw Reymont




No ano de 1905 o Czar da Rússia promulgou uma lei defendendo a tolerância religiosa no território da Polônia. Aproveitando esse tantinho de liberdade, Wladyslaw Stanislaw Reymont publicou seu relato “Sobre a Região de Chelm”, que na edição brasileira ganhou o título de “A Lei do Cnute”.



O Cnute é uma espécie de chicote ou chibata, um azorrague russo feito de couro. Serve para ameaçar, ferir, submeter, humilhar. Como demonstra esse tocante livro, o cnute já foi muito usado também para catequizar e converter.

Existia na Polônia o rito uniata, uma adaptação do catolicismo nacional às rixas entre Moscou e Constantinopla. Com a conquista da Polônia pela Rússia, por volta de 1830, os russos decidiram extinguir a igreja uniata e impor à força o rito ortodoxo.

Tive que pesquisar um pouco para entender os conflitos religiosos retratados no livro, e ainda assim não adiantou muito: é porque os conflitos religiosos, quaisquer que sejam, simplesmente não fazem sentido!

Nenhuma guerra é boa, mas as guerras religiosas são sempre as piores. Pois em todas as religiões Deus é a expressão do amor! Como pode ser tão distorcido pela mente dos homens a ponto de se tornar justificativa para matanças e massacres?

Mais absurdo ainda parece o caso descrito em “A Lei do Cnute”.  Não são cristãos contra não-cristãos, nem mesmo católicos contra protestantes, mas simplesmente duas variações de catolicismo que se digladiam e encontram no Pai um motivo para perseguir e torturar.

Já deve ter dado para perceber que esse é um livro de impacto, denso, triste. O olhar do autor se identifica sobretudo com os camponeses, os simples, os pobres, os excluídos, os que não tem vez nem voz e suportam calados os ditames dos poderosos. Há momentos em que a leitura faz subir um nó à garganta, de tanto sofrimento estúpido e inútil.

O texto principal é seguido por alguns contos em perfeita continuidade, relatando facetas do sofrimento sem fim do povo.

Arre! Que esse livro deixa um gosto ruim na boca!

Wladyslaw Stanislaw Reymont ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1924.


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