Impactante
“Era feliz toda noite, algumas vezes mais, outras menos, mas o minucioso ritual que tinha aperfeiçoado ao longo dos anos, como um artista que pula e arremata sua obra-prima, nunca deixava de provocar o milagroso efeito: ficava descansado, reconciliado com os semelhantes, rejuvenescido, animado. Sempre saía do banheiro com a sensação de que, apesar de tudo, a vida valia a pena ser vivida. Por isso, nunca tinha deixado de realizá-lo, desde que — fazia quanto tempo? — teve a ideia de ir transformando o que para o comum dos mortais era uma rotina que executavam com a inconsciência de uma máquina — escovar os dentes, lavar-se etc. — numa tarefa refinada que, se bem que por um tempo fugaz, fazia dele um ser perfeito.”
O primeiro livro que li, de Mario Vargas Llosa foi “travessuras da Menina Má”, achei a narrativa e o desenrolar da história muito interessante, o que despertou em mim, o interesse de ler outras obras desse escritor.
Em “Elogia da Madrasta”, o autor construiu uma história que choca, ao narrar o interesse sexual de um adulto por uma criança em sua quase pré-adolescência. Nesta obra, Lucrecia, é casada com o viúvo dom Rigoberto, e é a madrasta de Fonchito, descrito como um menino angelical de doces olhos azuis e cabelos louros cacheados, quase um ”anjinho”. Fonchito, logo no início da narrativa, demonstra pela madrasta um apego e um amor pouco saudáveis, que a perturba por não compreender se os sentimentos de afeto que Fonchito demonstra, são motivados por um amor puro, sem nenhuma conotação de malícia, ou, por trás de toda essa demonstração de carinho, existe a plena consciência que seus atos e suas palavras são perfeitamente “mal” intencionados .
O livro aborda um tema polêmico, beira a quase a uma leitura erótica. O autor faz uso de obras de arte, como ponto de partida, para contar a história de dom Rigoberto, Lucrecia e Fonchito. O amor é tema secundário no livro, pois a importância maior dada pelo autor, são os desejos o prazer – o sexo em si e o corpo – seu funcionamento, sua higiene. A capa é outro detalhe da obra que chama atenção para o erotismo, para a sensualidade, não consigo imaginar imagem melhor para ilustrar este livro do que a escolhida pelo autor.
O desfecho da história é que dá maior significado a obra, pela minha interpretação, o autor quis nos mostrar, em entrelinhas, que as aparências enganam e a maldade desconhece a idade.
Não sei concluir se gostei ou não do livro, fiquei chocada com o tema proposto e de como se desenvolveu a história. Mas creio que, para quem se interessar a ler esta obra, deverá fazê-lo de mente aberta e sem preconceitos, para tentar entender o que o autor quis nos passar com esta história.
Linda resenha, como sempre querida Léia!
ResponderExcluirO livro parece mesmo muito interessante, será uma releitura de Fedra?
Não li Fedra, é do mesmo autor?
ResponderExcluirBeijos.
oi querida!
ResponderExcluiré uma história da mitologia grega, que foi transformada em peça por Eurípedes!
não é das mais conhecidas, eu conheço porque vi a peça com a Fernanda Montenegro!!!
Fedra é a esposa de Teseu que se apaixona pelo filho dele, Hipólito, e a partir daí, já viu, é só tragédia...
beijo!!!