domingo, 2 de setembro de 2012

RESENHA SOBRE O LIVRO “O LEITOR” FAZ SUCESSO NA REDE


A última resenha escrita por Elenilson Nascimento sobre o livro “O Leitor”, de Bernhard Schlink, no COMENDO LIVROS ganhou repercussão nesse fim de semana nas redes sociais. Leia aqui os dois primeiros capítulos do livro, publicado no Brasil pela editora Record, e que deu origem ao filme homônimo estrelado pela atriz Kate Winslet.
Segundo Elenilson: “No livro, mais do que no filme, os valores humanos são colocados em cheque quando vemos que Michael recusa-se a defender Hanna, que acusada pelas “amigas”, assume sozinha o crime. Mas julgar o outro não parece tão fácil para muitos. Julgar os soldados ou os carrascos de uma geração cuja sociedade se serviu desses mesmos guardas e algozes, e que nada fizeram por acreditar no legado de um tirano! Condenar tais algozes não seria o mesmo que condenar também tios, pais que participaram de forma indireta em tal governo? Não seria também o mesmo que se condenar a mesma vergonha, uma vez sendo “filhos” dessa geração anterior? Existiria,  realmente, algum código moral e ético capaz de resolver tais questões?” 
Vários leitores comentaram a análise crítica da história de Hanna e Michael, destaque para o comentário pertinente de Rogério Araújo, de Salvador (BA):
“‘Sou um homem, então nada do que é humano me é estranho’ – Terêncio. O que se passou na Segunda Guerra com os judeus foi abominável numa proporção quase incomensurável. Mas foram atos cometidos por humanos como nós, Hanna e Michel... E isso é realmente assustador: imaginar que dentro de nós reside esse monstro e que ele só não se liberta da sua jaula por conta de um esforço incrível que fazemos para mantê-lo trancado; todo medo, amor, paixão, crueldade, indiferença dos personagens são nossos conhecidos. Vivemos com eles o tempo todo em nossos corações, ora reprimindo, ora deixando escapar, mas lutando com eles constantemente. Como seres humanos que somos assusta-nos a possibilidade de vivermos tudo o que Hanna viveu.
Hannah Arendt em seu livro magnífico “Eichmann em Jerusalém”, nos mostra que o mal pode ser praticado por pessoas comuns, burocratas que foram instalados nas estruturas do poder como o objetivo de matar pessoas ou exterminar uma raça ou mesmo cumprir cotas de execução. Hanna (personagem) era uma dessas pessoas que se limitavam a cumprir ordens, não vendo nada de mais no assassinato de jovens indefesas, na medida em que essa morte era uma determinação do estado ao qual ela servia com denodo. Se com isso ela pudesse auferir algum tipo de ganho extra, como por exemplo, ter uma leitora particular para ela, tanto melhor. Hanna usava as meninas judias assim como os soldados sérvios usavam sexualmente as mulheres bósnias durante a guerra nos balcãs, bastante recente por sinal: elas estavam ali, iriam morrer de qualquer forma, então porque não usá-las como escravas sexuais? Elas eram meros objetos temporários de prazer.
Enfim, o livro é deveras perturbador por nos mostrar o que os seres humanos podem fazer uns com os outros, inclusive a indiferença e o afastamento de Michel, que são formas requintadas e crueldade. A resenha está ótima e faz jus ao livro. Parabéns Elenilson! P.S: Não sou rico não. Comprei esse livro até baratinho; mas o prazer de oferecê-lo a alguém que o apreciou como você o fez já me pagou o preço dele!”
fonte: Comendo Livros

4 comentários:

  1. Elenilson!
    Muito bom saber que sua crítica ao livro tomou repercussão nas redes sociais.
    cheirinhos
    Rudy

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  2. Bom, vim avisar que o theme do meu blog foi mudado, pelo Rick (http://semguarda-chuvas.blogspot.com.br/) ficou lindo, gostaria que você visse e comentasse nos novos textos!
    Tenha uma ótima quinta e um feriado abençoado. *-*
    http://maybe-i-smiled.blogspot.com/

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    Respostas
    1. Lari!
      Vou lá sim, pode deixar.
      Bom final de semana!
      cheirinhos
      Rudy

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  3. Assisti ao filme e considero que Hanna conseguiu a superação de um de seus grandes preconceitos (de si mesma): alfabetizou-se sozinha. Porém, o desfecho com o suicídio, talvez revele outro preconceito: não se assumir diante do amado por estar talvez mais envelhecida, pelos crimes que cometeu ou que lhes foram atribuídos.

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