Nas listas dos muitos “experts em literatura”, enclausurados em suas arrogâncias acadêmicas, de um modo geral, os grandes autores brasileiros são sempre os mesmos: Guimarães, Graciliano, Clarice, Machado e Drumond, como se pudéssemos catalogar o gênero humano em listinhas encomendadas para bobos da corte – não desmerecendo esses autores. Contudo, o Brasil é cheio de grandes escritores, mas de literatos embasbacados em suas próprias babas já estamos de saco cheio, por isso acrescento, de ousado e petulante que sou, a esses nomes os de Érico Veríssimo, Jorge Amado, Raquel de Queiroz, Rubem Fonseca, Nelson Rodrigues, Miriam de Sales, Monteiro Lobato, Ariano Suassuna, Luiz Fernando Veríssimo e Lima Barreto, aliás, principalmente o Lima.
Se Jorge Amado, por exemplo, ficou famoso com a sua literatura que fica entre crítica social, um lado belamente exótico-erótico, e mesmo o lado bat-macumba do norte-nordeste brasileiro, mais a sensibilidade louca de suas personagens arrancadas de becos, bordéis, bares e ruas, o mesmo não podemos dizer do Lima Barreto.
Mulato e pobre, sofreu preconceito até o último fio de cabelo e mesmo assim foi o precursor do Modernismo. Seu estilo nu e cru lhe rendeu muitos infortúnios, mas ele foi considerado por Agrippino Grieco: “o mais brasileiro dos nossos romancistas”. Grieco pôde até ter exagerado um pouquinho, mas Lima tem seus méritos sim e isso essa acadêmia de babacas não quer admitir!
Desde o seu primeiro romance “Recordações do Escrivão Isaías Caminha” (1909), percebi a sátira crua sobre essa imprensa provinciana, o que lhe valeu o banimento até hoje dos grandes jornais, das listas de livros dos vestibulares e das críticas nas revistas “especializadas”, pois muito do que o personagem Isaías padece nas redações dos jornais continua valendo. Eu que o diga! As caricaturas cruéis que ainda hoje cobrem de ridículo medalhões cheios de empáfia nas Redes Bahias da vida!
Mas, em “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, publicado em folhetins de 1911 no Jornal do Commercio (*olha só como se escrevia muito antes da reforma ortográfica de ligar algum do Lula) – resenha aqui –, onde um funcionário público fanático pela pátria, a ponto de querer o tupi-guarani como língua oficial do Brasil, faz loucuras. Lima ainda publicou outros trabalhos, como a sátira política “Numa e a Ninfa”, “Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá”, que alguns críticos apontam como sua melhor obra, além de contos antológicos como “Nova Califórnia” e “O Homem que Sabia Javanês”. Contudo, o livro “Clara do Anjos”, escrito durante anos (mesmo sendo um livro pequeno), só sai em 1948, 26 anos depois de sua morte, demostrando, mais uma vez, a importância que a ABL dá aos seus escritores. Ele até tentou entrar na ABL duas vezes, mas sem sucesso.
fonte: Comendo Livros
Fazia tempos que eu não via esses livros, eles me lembram a época de escola em que éramos obrigados a ler. Queria eu ter a vontade de ler de hoje naquela época.
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