Lendo
pela segunda vez, após tanto tempo da primeira leitura, acho que curti bem mais
essa aventura de Sherlock Holmes.
Uma das
coisas que mais me intrigam a respeito de Conan Doyle é a ojeriza que ele
desenvolveu por sua criação, a ponto de querer matar Sherlock Holmes (sendo
obrigado a ressuscitá-lo diante do clamor popular e das polpudas ofertas das
editoras). Afinal, o maior desejo de um escritor é que seus livros sejam
apreciados pelos leitores, e raras vezes na história da literatura um
personagem foi tão amado quanto Sherlock Holmes.
O
primeiro motivo que encontrei para esse comportamento de Conan Doyle foi o
ciúme simplesmente. A criatura tornou-se mais famosa que o criador. Mas só essa
explicação não me satisfazia...
Ao
reler as aventuras de Holmes, principalmente essas primeiras histórias, percebi
uma outra explicação possível, que tem mais a ver com o processo criativo do
escritor. Pois é patente tanto em “Um Estudo em Vermelho” quanto em “O Signo
dos Quatro” um gosto do autor por aventuras mirabolantes em terras exóticas,
com salteadores e aventureiros, grupos secretos e juras de morte...
Eu,
como leitor, sempre achei essa a parte “chata” nas histórias de Sherlock
Holmes. O que eu queria mesmo era ver o meu herói em ação, deduzindo o
impossível, fumando seu cachimbo, disfarçando-se nos tipos mais improváveis,
arranhando seu violino e injetando sua cocaína nos momentos de ócio... essas
partes “aventureiras” eram para mim um preço a pagar para ver Holmes em ação,
nada mais que isso.
E creio
que a maioria dos leitores deve ter reagido de modo semelhante, pois essa parte
aventureira logo foi suprimida, e para alegria do povo o grande detetive passou
a brilhar cada vez mais em suas deduções.
Será
que não foi isso que magoou Conan Doyle? Talvez ele achasse que a aventura era
o melhor que ele tinha para oferecer... e não conseguiu aceitar ter criado um
arquétipo moderno, que suplantou de longe tudo mais que ele produziu.
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MANIFESTO – Mensageiros do Vento
LEIA AGORA (porque não existe outro momento):
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