sexta-feira, 7 de junho de 2013

A NÀUSEA - Jean Paul Sartre



Esse primeiro romance desse sensacional existencialista ateu, sob o título inicial de Melancolia (por sugestão de um quadro pintado no século.XVI), porém editada em 1938 com titularidade ‘La Nausée’, foi dado como sua obra mais importante, por sua mistura filosofia x romance, sua linguagem simples e por conter todos os princípios do seu existencialismo. 

Obra extremamente reflexiva e com muitas visões, nos traz como abordagem central  o existencialismo claro, com todas as teias e tentáculos do seu olhar crítico.  Apesar de eu ter gostado mais do seu tratado filosófico 'O Ser e o Nada',  tenho que louvar o autor pela brilhante obra.

O romance filosófico é escrito em forma de diário, de um historiador que viaja por toda a Europa e acaba se estabelecendo numa cidadezinha portuária da França, para escrever a biografia do excêntrico marquês de Bouville, morador da mesma cidade  durante o séc. XVIII.  Porém, começado o trabalho, se desencanta não só pela biografia, como também pela sociedade e condições humanas do povo da cidadezinha. O protagonista é então, acometido por uma  estranha sensação de aversão ao ser humano e sua condição existencial, o que dá titularidade a obra, "náusea". Perambulando pela cidade desconhecida, depara-se com o absurdo da condição humana e essa realidade lhe dá náuseas, por sua visão inócua e sem embasamento. E começa a perceber na sua própria liberdade, uma inutilidade e uma mediocridade.

Cercada de um niilismo gigantesco e de muitas entrelinhas filosóficas, o livro nos mostra um protagonista sem padrões  e angustiado pelas próprias contestações que faz a respeito da existência e sua falta de sentido. Trata-se, portanto, da saga de um personagem conturbado e por vezes beirando a loucura, que ao final encontra seu caminho como escritor da mediocridade e inutilidade humana.

Para Sartre, os homens estão sempre querendo preencher o "nada", querendo se  transformar sempre, ao invés de permanecerem na inércia humana. Condenados a liberdade dos seus livres arbítrios sem patrão,  e angustiados pelas suas próprias ações futuras imprevistas...para mim, é disso que o livro trata.
“Nunca se é homem, enquanto se não encontra alguma coisa pela qual se estaria disposto a morrer.”
"Estamos condenados a ser livres" (Sartre)







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