domingo, 23 de junho de 2013

MUTANTES – Robert Silverberg


Aprendi muito com esse livro!

Mais uma vez acontece esse curioso fenômeno: descubro que aprendo mais com um livro que não me agrada completamente, no qual descubro falhas e coisas que me incomodam...

O livro é uma coletânea de contos de ficção científica escritos ao longo da carreira do autor, desde o seu ano de estreia (1954) até a época da edição (1976). É preciso dizer de cara que o título em português é uma total armação, pois das dez histórias da antologia apenas uma traz um mutante, que mesmo assim... (não dá para comentar mais pelo risco de spoiler). O título original não aparece em nenhum lugar da edição brasileira, desconfio que seja “The Best of Robert Silverberg”. A ironia da coisa é que tempos atrás deixei de comprar esse livro justamente por pensar que só trazia histórias de mutantes!

Mas enfim, vamos aos contos. Silverberg deve ser louvado por uma imaginação bem rica, um tanto voltada para o sombrio. Suas idéias são bem originais e interessantes. Gostei especialmente de “Estação Hawksbill”, onde a viagem no tempo é utilizada para criar um presídio político em pleno período cambriano. Muito interessante!

As comparações são inevitáveis. Apesar de sua prodigiosa criatividade, dá para entender porque Silverberg não alcançou o status de um Isaac Asimov. Pois suas histórias não são tão bem amarradas como a do bom doutor (que em matéria de imaginação também não fica devendo a ninguém), sempre tem um ponto ou outro que o leitor atento pode interpretar como falhas na trama.

Mas o que me incomodou mais nessa leitura foi a minha própria prepotência, que vi refletida nas palavras introdutórias do autor a cada conto. Das duas uma: ou Silverberg possui um senso de humor muito sutil e bizarro, ou é metido a beça! Pois convenhamos: um escritor afirmar na cara dura que fez o trabalho que Jorge Luis Borges deixou de fazer... ou é um palhaço, ou alguém sem noção! Restaria a possibilidade de ser um gênio sem modéstia, mas basta ler o material para ver que não é esse o caso.

A tradução também não ajuda muito, e pode ter reforçado esse tom pedante, eliminando a possibilidade de humor que talvez exista no texto original. Peguei vários cochilos da tradução, e evidências de que não foi um trabalho feito com muito esmero. Pois é possível que Silverberg estivesse tentando imitar a gabolice de Asimov nas introduções de seus contos... mas só mesmo o bom doutor para conseguir se gabar tanto e ainda arrancar uma risada do leitor!

Apesar de tantos pontos que me desagradaram, a leitura no total foi bem interessante, e recomendo o livro para os apreciadores de ficção científica!

***

Horas depois, já imerso em outra leitura, percebi que o que de fato não gostei, que estimulou minha prevenção, foi a forma do autor apresentar os contos (e a si mesmo) na introdução. Mas foi justamente lendo esses textos que pude aprender bastante sobre mim mesmo, sobre o ofício de escritor, sobre a caminhada espiritual de evolução etc.

Resumindo: se eu tivesse lido apenas os contos, sem ler as introduções, teria gostado muito mais do livro, e aprendido muito menos!



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MANIFESTO – Mensageiros do Vento
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