segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A JUDGEMENT IN STONE (UM ASSASSINO ENTRE NÓS) – Ruth Rendell



Procurei na Internet pra saber qual é o título desse livro em português, mas consegui descobrir também que o livro virou um filme francês, La Cérémonie, que aqui no Brasil foi lançado como Mulheres Diabólicas.

Tem livros que já nos mostram a que vieram desde a primeira frase, e assim foi com esse (segue em tradução livre minha):

“Eunice Parchman matou a família Coverdale porque não sabia ler nem escrever.”

Esse livro me interessou muito por um motivo pessoal, pois utiliza a mesma técnica que usei em meu romance O Sincronicídio, que (como fica óbvio já nessa primeira linha) consiste em apresentar de cara ao leitor uma informação importante, e construir o suspense a partir dessa informação. Essa é a diferença básica entre o Suspense e o Mistério, pois no Mistério o segredo só é revelado no final, enquanto que no Suspense o leitor (ou espectador) conhece o segredo desde o início, embora os personagens geralmente desconheçam.

Só por esse ponto a leitura foi muito válida para mim. Alguns editores que leram O Sincronicídio não gostaram desse tratamento, queriam de todo jeito que eu escondesse a revelação e a guardasse para o final. Queriam uma obra de mistério, enquanto eu quis mesmo foi escrever um suspense... pois então, ler A Judgemente in Stone me trouxe grande satisfação moral e artística, pois confirmei que a técnica funciona (ao menos nas mãos de uma mestre como Ruth Rendell, se eu soube ou não fazer o mesmo é outra história...).

E de quebra trouxe uma reflexão: talvez o mistério seja mesmo mais divertido de se ler, mas ao mesmo tempo é mais descartável, pois todo o interesse da obra reside justamente na revelação do tal segredo... e acho que enfim descobri porque esqueci a história de quase todos os livros de Agatha Christie que li, enquanto tenho a certeza de que não vou esquecer tão facilmente esse incrível romance de Ruth Rendell.

Mas os atrativos dessa obra não param por aí. Senti ao longo da leitura uma curiosa semelhança com o livro A Canção do Carrasco de Norman Mailer. Digo curiosa porque as duas histórias tem pouquíssimo em comum.... mas quase no fim da leitura descobri o porquê (olha o mistério aí rarara): o livro do Mailer é sobre uma história real, e foi exatamente essa a poderosa impressão causada por Ruth Rendell, a de que estava contando uma história baseada em fatos reais, tamanha a força de seus personagens. Dizer que esse livro é muito bom é muito pouco!




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Conheça O SINCRONICÍDIO:

http://www.caligoeditora.com.br/osincronicidio/
 



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