segunda-feira, 5 de novembro de 2018

UMA BREVE HISTÓRIA DO TEMPO – Stephen Hawking



Graças ao querido amigo Marcos Lima pude ler esta célebre obra, que consta como um dos livros mais vendidos de todos os tempos.

Não é para menos. Stephen Hawking, certamente o cientista mais respeitado da atualidade, é também uma figura icônica e extremamente carismática, um dos ídolos de nossa cultura pop. É muito instigante a imagem do poderoso cérebro aprisionado em um corpo praticamente incapaz de movimento. Contudo Hawking é muito mais que isso. Ele realmente fez jus à fama, e um dos pontos mais fascinantes do livro é a maneira como sua biografia está intimamente ligada ao desenvolvimento das principais teorias da física no século XX.

O texto é escrito com muita habilidade, abordando de forma simples e aparentemente acessível as mais complexas nuances da física moderna. Digo “aparentemente” simples porque eu, pelo menos, não posso me gabar de ter realmente compreendido abstrações como a do “tempo imaginário”, que é o tempo medido com números imaginários, que por sua vez são números que ao serem multiplicados por si mesmos resultam negativos...

Só que Stephen Hawking transita por esses assuntos com tanta facilidade que acaba nos convencendo que é fácil mesmo! Mesmo se não compreendemos tudo, entendemos o suficiente para acompanhar o essencial do raciocínio do autor, em uma vertiginosa narrativa que remonta a bilhões de anos e a milhões de milhões de galáxias...

E aí é que mora o perigo desse livro, em minha opinião. Pois Stephen Hawking é ateu, e deixa seu ponto de vista bastante evidente ao longo do livro. Então ele pode acabar induzindo um leitor menos atento a acreditar que a única maneira de se fazer ciência seja partindo do princípio de que Deus não existe. O que não é correto, em absoluto. Negar a existência de Deus é uma mera opinião, uma questão de crença, e não uma exigência da metodologia científica. Quando percebemos isso, ficamos abismados com o quanto de dogma existe na ciência da atualidade. E não podemos deixar de questionar: que mundo teríamos hoje se, ao invés de partir do pressuposto de que Deus não existe, a ciência fosse construída a partir da afirmação da existência de Deus? Penso que teríamos uma ciência e uma sociedade mais éticas, com menos pesquisas sobre armas e substâncias poluentes e mais pesquisas sobre como aumentar a felicidade de todos os seres no planeta.


Por sincronicidade, tive uma confirmação desse “perigo” recentemente: eu havia feito uma postagem sobre o Amor ser a força mais poderosa do Universo, daí chegou um rapaz dizendo que a maior força do Universo são a gravitação e os buracos negros. Uma afirmação incorreta, arrogante e, desconfio, influenciada pela leitura equivocada desse mesmo livro que eu estava lendo. Por isso sugiro enfaticamente a leitura de obras como “A Janela Visionária” de Amit Goswami, “O Tao da Física” de Fritjof Capra e “Você é o Universo” de Deepak Chopra e Menas Kafatos, para se ter uma visão de como a ciência pode – e deveria – caminhar junto com a espiritualidade.

O grande engano do ateu, em minha opinião, é perceber falhas nos dogmas de uma religião específica e considerar que essa religião tenha dito tudo o que se pode dizer a respeito de Deus. Penso que a ciência e a espiritualidade caminhando juntas inevitavelmente esclarecerão os erros de parte a parte, de um lado mostrando como o Deus concebido por qualquer sistema religioso da Terra é ridiculamente pequeno, quando confrontado com a vastidão do Universo e, de outro, tornando evidente como a própria vastidão do Universo é evidência escandalosa da Consciência por trás de tudo.

Minha grande motivação para ler esse livro foi justamente tentar descobrir como um cientista tão genial quanto Stephen Hawking podia ser ateu. Acabei descobrindo muito mais pistas a esse respeito do que esperava. Fica muito claro que Hawking considera a concepção de Deus pela Igreja Católica como única e suficiente para sua refutação da existência Dele. A ponto de cometer uma indelicadeza ao narrar uma trollada que ele deu no papa, trecho dispensável e provocativo em que Hawking desliza de sua habitual elegância. O motivo dessa birra fica nítido quando o autor declara sua grande afinidade com Galileu, que foi muito perseguido por essa mesmíssima Igreja.

Por sincronicidade (outra!) estou atualmente relendo “Quem Tem Medo da Ciência?”, de Isabelle Stengers, que denuncia as “operações de captura” utilizadas pela ciência e que, no fundo, nada têm de científicas. Numa tradução livre para o baianês, essas “operações de captura” seriam algo como “armengues” ou “gambiarras”, mas que não são reconhecidas como tais no meio científico. Por exemplo, Hawking faz referência a uma tentativa de unificação teórica, chamada de GUT, que precisa partir de números preestabelecidos para fechar as contas. Outro exemplo gritante é a concepção ateia do surgimento da vida: à medida que o Universo foi esfriando, os átomos simples foram se agrupando átomos mais complexos, e esses em moléculas que, em dado momento, em decorrência de um “erro”, começaram a se autorreplicar, após o que muitos outros “erros” foram acontecendo, tornando a replicação cada vez mais complexa, até chegar em um ser autoconsciente, capaz de observar a si mesmo e ao mundo e a questionar as origens e fundamentos de sua existência... Não posso concordar que acreditar nessa fabulosa comédia de erros seja mais científico que supor uma Inteligência conduzindo todo o processo.

Na busca de uma vida inteira por sua “Teoria de Tudo”, talvez o eminente cientista não tenha percebido que havia apenas inventado um novo nome para Deus.

“A Teoria de Tudo” (Trailer)


\\\***///


MANIFESTO – Mensageiros do Vento
http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/5823590

Um experimento literário realizado com muita autenticidade e ousadia. A ideia é apresentar um diálogo contínuo, não de diversos personagens entre si, mas entre as diversas vozes de um coral e o leitor. Seguir a pista do fluxo da consciência e levá-la a um surpreendente ritmo da consciência. A meta desse livro é gerar ondas, movimento e transformação na cabeça do leitor. Clarice Lispector, Ferreira Gullar, James Joyce e Virginia Woolf, entre outros, são grandes influências. Por demonstrarem que a literatura pode ser vista como uma caixa fechada, e que um dos papéis mais essenciais do escritor é, de dentro da caixa, testar os limites das paredes... Agora imagine esse livro escrito por uma banda de rock! É o que encontramos no livro MANIFESTO – Mensageiros do Vento, disponível aqui. Leia e descubra por si mesmo!
http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/5823590


2 comentários:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...