domingo, 31 de março de 2019

ECKHART TOLLE E SRI AUROBINDO: Duas Perspectivas sobre a Iluminação – A. S. Dalal



Este é um livro muito interessante, que se propõe a comparar os ensinamentos de Eckhart Tolle (mentor do “Poder do Agora”) e a Yoga de Sri Aurobindo. O que mais me chamou a atenção nesse empreendimento foi o dedicado e amoroso esforço do autor, A. S. Dalal, que com humildade e sabedoria foi sistematicamente pontuando semelhanças e divergências entre esses dois caminhos espirituais. Um buscador sincero que, ao buscar respostas para si mesmo, teve o cuidado de compartilhar o que descobriu com outros buscadores.


A leitura desse livro foi uma revigorante oportunidade de repensar questões fundamentais a partir de outros pontos de vista. Devido ao tratamento acadêmico dado a essas reflexões, foi também um ótimo exercício mental, que me permitiu acessar de uma forma mais racional conteúdos que geralmente só acesso a partir da intuição.


Muitos aprendizados tive com esse livro, sendo o principal deles uma incrível descoberta, pela qual sou muito grato: os nossos desejos e pensamentos não surgem dentro de nós, mas fora!!! Para alguém que não esteja familiarizado com a prática da meditação e com a busca espiritual da Yoga, essa afirmação pode parecer uma loucura total, mas para aqueles que trilham esse caminho, isso representa no mínimo uma ideia que merece ser testada! Transcrevo abaixo as citações de Sri Aurobindo que conduzem a essa preciosa revelação:

“Quando uma pessoa vive na consciência verdadeira ela sente que os desejos estão no exterior dela, entrando do lado de fora, da Prakriti inferior universal, para a mente e as partes vitais. Na condição humana normal isso não é sentido; os homens se tornam conscientes do desejo somente quando ele está lá, quando ele entra e encontra uma residência temporária ou um refúgio e, consequentemente, eles acham que o desejo lhes pertence e é uma parte deles. A primeira condição para se livrar de um desejo é, portanto, tornar-se atento à consciência verdadeira, pois, então, fica muito mais fácil rejeitá-lo do que quando se tem que lutar com ele como se fosse uma parte constituinte de uma pessoa para ser expelido do ser. É mais cômodo rejeitar um acréscimo do que extirpar o que é percebido como uma parte de nossa substância.”

“O erro começa ao pensarmos que nossos pensamentos nos pertencem e que somos nós que os criamos e que se não criássemos pensamentos (ou seja, pensar) eles ficariam reduzidos a zero. Uma pequena observação deveria evidenciar que você não está fabricando seus próprios pensamentos, mas que preferivelmente os pensamentos ocorrem em você. (...) A ideia de que você está modelando os pensamentos ou os encaixando juntos é uma ilusão egoística. Eles estão fazendo isso por sua conta própria, ou a Natureza está fazendo isso por eles, somente sob uma certa compulsão; você tem de derrotá-la com frequência para forçá-la a fazer isso, e esse processo nem sempre é bem-sucedido.”

“Eu tenho uma grande dívida com [Yogi Vishnu Bhaskar] Lele por ele ter me mostrado isso. ‘Sente-se em meditação’, ele disse, ‘mas não pense, olhe somente para sua mente; você verá pensamentos entrando; antes que eles possam entrar, expulse-os de sua mente até que ela seja capaz de manter um silêncio total’. Eu jamais tinha ouvido antes falar sobre pensamentos chegando visivelmente na mente oriundos do exterior, mas não pensei em questionar a verdade ou a possibilidade; simplesmente sentei e fiz o que ele aconselhara. Em um momento minha mente tornou-se silenciosa como um ar estagnado em um cume elevado de montanha e, então, eu vi um pensamento, e a seguir outro, chegando de uma forma concreta oriundos do exterior; eu os expeli antes que eles pudessem entrar e tomar posse do cérebro, e em três dias estava livre.”

Gratidão ao querido irmão Leonardo Rodrigues por ter me presenteado com essa linda joia!


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MANIFESTO – Mensageiros do Vento
http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/5823590

Um experimento literário realizado com muita autenticidade e ousadia. A ideia é apresentar um diálogo contínuo, não de diversos personagens entre si, mas entre as diversas vozes de um coral e o leitor. Seguir a pista do fluxo da consciência e levá-la a um surpreendente ritmo da consciência. A meta desse livro é gerar ondas, movimento e transformação na cabeça do leitor. Clarice Lispector, Ferreira Gullar, James Joyce e Virginia Woolf, entre outros, são grandes influências. Por demonstrarem que a literatura pode ser vista como uma caixa fechada, e que um dos papéis mais essenciais do escritor é, de dentro da caixa, testar os limites das paredes... Agora imagine esse livro escrito por uma banda de rock! É o que encontramos no livro MANIFESTO – Mensageiros do Vento, disponível aqui. Leia e descubra por si mesmo!
http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/5823590


4 comentários:

  1. Gostei bastante!

    Sigam o meu novo blogue :- Imagens que dispensam palavras
    ( https://imagensquedispensampalavras.blogspot.com/ )

    Coisas de uma Vida

    Beijo. Bom Domingo

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  2. Olá Rudy, fiquei curiosa :)
    então os pensamentos são como as necessidades que se fabricam do exterior para provocar desejos de compra por exemplo !

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    Respostas
    1. Gratidão pelo comentário!
      Essa ideia é muito instigante! Um exercício que podemos fazer é tentar identificar quem é que está tendo nossos pensamentos... e entre um pensamento e outro, quem é o eu?
      Gratidão!

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