Tenho a doce impressão, salvo engano da memória, que essa foi a primeira
vez que li “Um Crime Adormecido”! Ô, glória! Sei que ainda devem restar dois ou
três livros de Agatha Christie que ainda não li (com a exceção da série
publicada sob o pseudônimo de Mary Westmacott, dos quais só li um para
conhecer). Contudo não consigo discernir entre os sessenta e tantos títulos de
suas histórias policiais esses dois ou três que não li (a maioria já foi lida
duas e até três vezes!), por isso o jeito é continuar lendo e relendo... coisa
de fã!
E olha que não ter lido justamente “Um Crime Adormecido” era uma lacuna considerável em minha carreira de tiete de Agatha! Pois trata-se de um livro especial: a última aventura da queridíssima Miss Marple! Por ocasião da Segunda Guerra Mundial, temendo pela própria vida, Agatha Christie quis dar um desfecho digno aos seus dois personagens mais icônicos: Hercule Poirot e Miss Marple. Nessa época ela escreveu “Curtain” (“Cai o Pano”), emocionante epílogo da saga do famoso detetive belga das “pequenas células cinzentas”. E para celebrar Miss Marple, Agatha escreveu “Sleeping Murder” (“Um Crime Adormecido”). Os dois livros ficaram guardados no cofre de um banco durante anos. Em 1974, percebendo que não conseguia mais escrever, Agatha finalmente autorizou a publicação de “Cai o Pano”. E “Um Crime Adormecido” só foi publicado em 1976, após a morte da autora.
É inevitável querer tecer comparações entre os dois livros, ainda mais se tratando de minhas primeiras impressões dessa definitiva aventura de Miss Marple. “Cai o Pano”, como o próprio título sugere, é de fato a última história de Poirot (que já li duas vezes). Já em “Um Crime Adormecido” creio que a intenção de Agatha não foi a de dar um desfecho, mas de eternizar sua arguta e fofinha detetive septuagenária (ou octogenária?). Sob muitos aspectos, essa obra é uma típica história de Miss Marple, com direito a uma descrição exemplar:
“Miss Marple era uma atraente senhora, já idosa, alta e magra, de maçãs do rosto rosadas, olhos azuis, um jeito amável e um pouco meticuloso. Seus olhos azuis tinham sempre um brilho especial.”
Ainda seguindo na comparação, sempre achei os mistérios de Miss Marple mais fáceis de desvendar que os de Poirot. Lembro com especial emoção de “A Testemunha Ocular do Crime”, aventura de Miss Marple que li ainda aos 11 anos (idade em que comecei a ler Agatha Christie, com o impactante “O Caso dos Dez Negrinhos”, que me deixou uma semana sem dormir!) e que foi o primeiro livro de Agatha em que consegui descobrir a identidade do assassino antes da revelação. Lembro que saí pulando pela casa, gritando o nome do culpado aos quatro ventos! Essa é uma das recordações mais queridas de minha intensa e afetiva relação com o mundo dos livros. Talvez por isso eu nunca tenha me atrevido a ler novamente “A Testemunha Ocular do Crime”: quis deixar intacta e pura a vivência de meu coração infantil de leitor!
Voltando a “Um Crime Adormecido”, uma característica muito marcante nas histórias de Agatha é que aqui e ali podemos colher verdadeira pérolas de sabedoria, como é o caso dessa fala de Miss Marple sobre as crianças:
“Acho que as crianças sabem... mais que os adultos. É como os cachorros... eles reconhecem a morte, atiram a cabeça para trás e uivam. Acho que as crianças... reconhecem a morte...”
Assim como esse trecho, especialmente atual nesses tempos de tanta disseminação de mentiras pela Internet:
“Não, retorquiu Miss Marple. Você acreditou no que ele disse. É realmente muito perigoso acreditar nas pessoas. Eu não acredito há anos!”
Ao contrário de tantas tias e tios do Zapzap, Miss Marple não seria jamais uma vítima fácil das Fake News!
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FAVELA
GÓTICA liberado na íntegra no site da Verlidelas Editora:
https://www.verlidelas.com/product-page/favela-g%C3%B3tica
Durante
esse período de pandemia, em meio a tantas incertezas, temos uma única
garantia: a de que nada será como antes. Estamos todos tendo a oportunidade
preciosa de participar ativamente na reconstrução de um mundo novo, mais
luminoso e solidário.
O
livro Favela Gótica fala justamente sobre “a monstruosidade essencial do
cotidiano”, em uma história cheia de suspense, fantasia e aventura. Ao nos
tornamos mais conscientes das sombras que existem em nossa sociedade, seremos
mais capazes, assim como a protagonista Liana, de trilhar um caminho coletivo
das Trevas para a Luz.
A
versão física de Favela Gótica está à venda no site da Verlidelas, mas – na
tentativa de proporcionar entretenimento a todos durante a quarentena – o autor
e a editora estão disponibilizando gratuitamente, inclusive para download, o
PDF de todo o livro.
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à vontade para repassar o arquivo para amigos e parentes.
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Book
trailer
Entrevista sobre o livro na
FM Cultura
Gostei da publicação!!:))
ResponderExcluir-
Olhar intrínseco ...
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Um excelente dia (de feriado)- Beijo
Gratidão!
ExcluirBjs