Tem gente que ama, tem gente que odeia, mas dificilmente alguém fica
indiferente às histórias de Lovecraft. Fazia mais de 20 anos que eu não lia
algo dele. A primeira e extasiada leitura foi de “Um Sussurro nas Trevas e
outras histórias”, feita ainda na adolescência, quando eu estava me iniciando
no universo literário do terror. Lembro de ter gostado de Lovecraft, mas num
grau bem inferior que Edgar Allan Poe, para mim então e agora o clássico
imbatível.
Enfim, após essa nova leitura, continuo achando divertida a imaginação delirante e frequentemente doentia de Howard Phillips Lovecraft. Também foi muito marcante a tecla que ele não cansa de martelar em suas histórias, sempre se referindo a um horror além da possibilidade de expressão por meio da linguagem humana:
“Há horrores que extrapolam o horror, e aquele momento pertencia aos núcleos de pavor onírico que o cosmos reserva quando quer acabar com alguns infelizes.” (A Casa Abandonada)
“A cor, que se assemelhava aos feixes no estranho espectro do meteoro, era quase impossível de ser descrita; e foi apenas por analogia que eles a chamaram de cor.”
(...)
“Não se avistavam cores sãs, exceto pela relva e folhagem
verdes, mas por toda parte estavam as variantes febris e prismáticas de alguma
tonalidade primária doentia que não encontrava lugar entre as cores conhecidas
da terra.” (A Cor Que Caiu Do Céu)
“Sugerir a pessoas destituídas de imaginação um horror além de qualquer concepção humana...” (O Horror Em Red Hook)
“Mas dizer alguma coisa precisa sobre aquela superfície, ou sobre o formato geral da massa toda, quase desafia o poder da linguagem.” (Sussurros Na Escuridão)
Penso que essa agoniada repetição do tema “um horror tão terrível que não pode ser descrito com palavras” reflete o paradoxo crucial das histórias de terror: o monstro só é assustador quando está oculto nas trevas. Ao ser trazido para a luz do conhecimento, o monstro pode até continuar sendo feio, perigoso e mau, mas perde muito de seu poder de assustar, justamente porque enxergamos toda a sua fraqueza inerente. Foi mais ou menos isso o que, creio, Arthur Conan Doyle quis dizer pela boca de sua imortal criação, o detetive Sherlock Holmes:
“Onde não há imaginação, não há horror.”
Ensinamento que encontrou sua expressão máxima na fala do grande sábio indiano Swami Sri Yukteswar:
“Encare o seu medo de frente, e ele deixará de perturbar você.”
Voltando a Lovecraft, encerro com essas interessantes informações extraídas da apresentação feita pela Editora Pandorga:
“Muitos dos trabalhos de Lovecraft foram inspirados por seus constantes pesadelos, o que contribuiu para a criação de uma obra marcada pelo subconsciente e pelo simbolismo.”
“O princípio literário orientador de Lovecraft foi o que ele chamou de ‘cosmicismo’ ou ‘horror cósmico’: a ideia de que a vida é incompreensível para as mentes humanas e que o universo é fundamentalmente estranho.”
“É particularmente essa tensão entre o científico estéril de Lovecraft e a imaginação mística - cuja relação contraditória sempre reconheceu e apreciou - que a crítica entende ser a fonte do caráter altamente original de seu trabalho.”
“S. T. Joshi estima que Lovecraft tenha escrito cerca de 87.500 cartas, de 1912 até sua morte em 1937, incluindo uma carta de 70 páginas, de 9 de novembro de 1929, para Woodburn Harris.”
“Nessas cartas, Lovecraft discutia uma gama enciclopédica de assuntos em ensaios extensos e profundos; ali ele também ventilava suas obsessões ao longo da vida, em especial seu amor ao passado e à verdade científica, e sua aversão ao mundo moderno e a todos os povos que não eram do fluxo cultural anglo-nórdico.”
“Lovecraft criou também um dos mais famosos e explorados artefatos das histórias de terror: o Necronomicon, um livro fictício de invocação de demônios escrito pelo também fictício Abdul Alhazred. Até hoje é popular o mito da existência real deste livro, fomentado especialmente pela publicação de várias edições falsas do Necronomicon e por um texto, da autoria do próprio Lovecraft, explicando sua origem e percurso histórico.”
“A reação crítica ao trabalho de Lovecraft mostra uma diversidade incomum, desde ataques exasperados dos que tomam sua obra como os desvarios pueris de um incompetente artístico e intelectual até as celebrações de Lovecraft como um dos maiores escritores e pensadores da era moderna.”
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FAVELA
GÓTICA liberado na íntegra no site da Verlidelas Editora:
https://www.verlidelas.com/product-page/favela-g%C3%B3tica
Durante
esse período de pandemia, em meio a tantas incertezas, temos uma única
garantia: a de que nada será como antes. Estamos todos tendo a oportunidade
preciosa de participar ativamente na reconstrução de um mundo novo, mais
luminoso e solidário.
O
livro Favela Gótica fala justamente sobre “a monstruosidade essencial do
cotidiano”, em uma história cheia de suspense, fantasia e aventura. Ao nos
tornamos mais conscientes das sombras que existem em nossa sociedade, seremos
mais capazes, assim como a protagonista Liana, de trilhar um caminho coletivo
das Trevas para a Luz.
A
versão física de Favela Gótica está à venda no site da Verlidelas, mas – na
tentativa de proporcionar entretenimento a todos durante a quarentena – o autor
e a editora estão disponibilizando gratuitamente, inclusive para download, o
PDF de todo o livro.
Fique
à vontade para repassar o arquivo para amigos e parentes.
Leia
ou baixe todo o livro no link abaixo:
https://www.verlidelas.com/product-page/favela-g%C3%B3tica
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Book
trailer
Entrevista sobre o livro na
FM Cultura
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