quarta-feira, 15 de maio de 2013

A CIDADE E AS SERRAS - Eça de Queirós





Esta obra editada 1 ano depois da morte do autor em 1901,  mostra um Eça menos crítico que procura e encontra no final de sua vida somente a paz. A obra faz um contraponto entre a agitada vida urbana e a paz do campo. Evidente que um autor que criticou a sociedade por toda uma vida, não modificaria tanto suas reflexões, e assim ironiza criticamente os males da civilização moderna, usando como referência os primorosos valores da natureza, que se perderam pelo modernismo.


O enredo é fantástico...bem dentro dos moldes do mundo moderno e das reflexões sobre o egoísta e fútil mundo urbano.  Um burguês completamente urbano, deslumbrado pelas tecnologias e pela cidade de Paris do ano de 1892, que não encontra na paz do campo nenhum refúgio, se encontra com um amigo vindo da serra, que percebendo que o alto grau de civilização do amigo estava mexendo muito com sua cabeça, convence-o a visitar o campo.  Ambos partem de Paris para a propriedade rural do burguês... mesmo a contra gosto e dentro de reclamações depreciativas sobre a pacata vida rural.


Dividido em duas partes o romance narra a história do protagonista de origem e fortuna portuguesa vivendo na cidade de Paris,  completamente feliz com a sua civilidade. A outra revela um protagonista completamente adaptado à natureza das serras portuguesas, que encontra nas coisas mais simples do campo uma nova razão para viver. A tensão da futilidade e violência emocional dos habitantes da cidade confronta-se com a delicadeza, humildade e paz dos moradores do campo...


Numa briga ferrenha entre a comodidade urbana e o primitivismo rural, o protagonista vai mudando de opinião. Um burguês medíocre e fútil, que encontra a felicidade e sua própria alma e essência, nos braços da vida simples e natural...sem contar o amor.


Cacos da urbanidade de toda uma vida ainda latejam no protagonista, que mesmo feliz sente que o ócio pode levá-lo a um estado de letargia física.....assim, desenha futuras mudanças, inovações e benfeitorias por sua propriedade, trazendo para dentro da simples vida rural um pouco de sua tão querida civilidade moderna. A vida simples e saudável se entrelaça com a pobreza e atraso dos humildes do campo, emocionando-o a ponto de fazê-lo querer cuidar desse povo e de suas necessidades mais básicas, causadas pelo atraso cultural do lugar.


Lindas descrições urbana e rural  fazem da obra um romance lírico e prazeroso, caracterizando uma nova fase do autor. A obra reserva ao leitor muitas emoções, romance e sonho. A belíssima obra reforçou as minhas reflexões sobre a paz interior e a egoísta loucura urbana.

Ameiiii e recomendooo!


 Não resisti ...ahahah

 

2 comentários:

  1. Fábio...eu sei que gosta do aroma das folhas e o toque do papel, mas se quiser na tela, taí do nosso arquivo de Domínio Público que não é crime. ahahah
    http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1790
    Bjs

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