segunda-feira, 23 de setembro de 2019

A CASA DAS BELAS ADORMECIDAS – Yasunari Kawabata



Tocante. Surpreendente. Instigante.

Essas são as palavras que me ocorrem para descrever essa inesperada narrativa sobre um bordel frequentado apenas por velhos decrépitos e “inofensivos”, que passam a noite com jovens nuas narcotizadas, ao ponto de permanecerem inconscientes não importa o que se faça com elas...

Yasunari Kawabata (https://pt.wikipedia.org/wiki/Yasunari_Kawabata), prêmio Nobel de 1968, arrebata o leitor em sua estranha história, repleta de sugestões poéticas e profundas reflexões sobre o mundo feminino:

“Entretanto, o velho divagava, refletindo sobre como era possível que, dentre todos os animais, somente a forma dos seios da mulher tenha adquirido, após longa evolução, um formato tão belo. O esplendor alcançado por eles não seria a própria glória resplandecente da história do ser humano?”

“Afinal, qual seria a pior maldade de um homem contra uma mulher? (...) Seu próprio casamento e a criação das filhas certamente eram considerados boas ações. No entanto, o tempo, o longo tempo em que ele supervisionou e teve poder sobre a vida dessas mulheres, ou até mesmo deformado suas personalidades, poderia ser considerado um grande mal cometido. Talvez o sentimento do mal tivesse ficado anestesiado, confundido com costumes e ordens sociais.”

“Por mais desumano que seja o mundo, ele pode se tornar humano pelo hábito. Todas as depravações dissimulam-se na escuridão do mundo.”

“A mulher é infinita.”

Tomei um choque ao saber, ao final da leitura, que Kawabata se suicidou, aos 73 anos. É assustadora a quantidade de escritores que escolhem sair da vida pelas próprias mãos. Para exorcizar esse temor, escrevi há tempos o conto “O Armazém” (https://www.wattpad.com/567654057-labirinto-circular-o-armaz%C3%A9m).

Gratidão ao querido professor Carlinhos Santos da Silva pelo carinho de me presentear com esse livro tão pleno de Literatura!




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Agora disponível gratuitamente no Wattpad, LABIRINTO CIRCULAR / ISSO TUDO É MUITO RARO é um livro duplo de contos estruturados como seis pares de “opostos espelhados”. São ao todo doze histórias que têm como fio condutor a polarização entre o Olhar e a Consciência (representados nas capas do livro como as pupilas sobrepostas e o cérebro, respectivamente) e que abordam, cada uma a seu modo, alguns dos antagonismos essenciais: Amor e Morte, Cotidiano e Fantástico, Concreto e Absurdo. Um exercício literário para mentes inquietas e questionadoras.

LABIRINTO CIRCULAR

ISSO TUDO É MUITO RARO

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