Já
era fã da Poesia de Neruda, antes mesmo de ter lido o comovente livro de
Antonio Skármeta, “O Carteiro e o Poeta” (resenha no link: https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2017/10/o-carteiro-e-o-poeta-antonio-skarmeta.html). Quis o destino, contudo,
que o primeiro livro de Neruda que peguei para ler fosse “As Uvas e o Vento”,
publicado em 1954 e considerado uma obra polêmica pela explícita militância
comunista que extravasa dos poemas.
Foi
uma experiência desafiadora e também uma fonte de muito aprendizado ler belos e
apaixonados poemas de louvor ao camarada Stálin, estando ainda com a alma
marcada pela leitura de “O Arquipélago Gulag” de Soljenítsin (resenha no link: https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2018/08/arquipelago-gulag-alexander-soljenitsin.html). Stálin foi certamente um
dos mais horripilantes monstros já produzidos pela humanidade, responsável pela
morte, tortura e opressão de incontáveis milhões de seres humanos. Vê-lo
recebendo loas de um poeta do quilate de Neruda foi uma experiência chocante.
Ao perceber que estava violentando a mim mesmo e, o que é pior, lendo poesia
sem estar com o coração inteiro nessa leitura, decidi abandonar o livro na
página cento e pouco.
Como
estamos vivendo um momento de extrema polarização no Brasil e no mundo, quando
um sujeito que declara não concordar com “A” é imediatamente rotulado como “beísta”,
“bepata” ou “betralha”, acho necessário expressar que não sou comunista nem
capitalista, muito pelo contrário. Confio que, em pleno alvorecer do Terceiro
Milênio, seremos capazes de encontrar alternativas mais luminosas para
organizar nossa existência coletiva no mundo.
Continuo
admirando Neruda da mesma forma, e espero ler suas outras obras. E sou grato
por ter lido essas páginas de “As Uvas e o Vento”, por tantos aprendizados que
já me proporcionou. Fiquei emocionado ao ver o poeta acreditando tanto em uma
causa, ou melhor dizendo, em um caminho para a salvação da humanidade. A princípio
cheguei a sentir inveja do que considerei ingenuidade do poeta Neruda, contudo logo
em seguida pensei: “Calma aí, que também sou poeta!”
Cabe
a mim encontrar, não em algum regime político, mas na própria Poesia, “razão
para viver”. Pedi à Musa que me cantasse um canto de esperança e felicidade
futura. E já começo a ouvir a doce melodia. Sem pressa, em feliz expectativa,
aguardo a chegada do poema.
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MANIFESTO – Mensageiros do Vento
http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/5823590
Um experimento literário
realizado com muita autenticidade e ousadia. A ideia é apresentar um diálogo contínuo,
não de diversos personagens entre si, mas entre as diversas vozes de um coral e
o leitor. Seguir a pista do fluxo da consciência e levá-la a um surpreendente
ritmo da consciência. A meta desse livro é gerar ondas, movimento e
transformação na cabeça do leitor. Clarice Lispector, Ferreira Gullar, James
Joyce e Virginia Woolf, entre outros, são grandes influências. Por demonstrarem
que a literatura pode ser vista como uma caixa fechada, e que um dos papéis
mais essenciais do escritor é, de dentro da caixa, testar os limites das
paredes... Agora imagine esse livro escrito por uma banda de rock! É o que
encontramos no livro MANIFESTO – Mensageiros do Vento, disponível aqui. Leia e
descubra por si mesmo!
http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/5823590
fantástica postagem! :)
ResponderExcluir-
--> Nas brumas do tempo ...
Beijo e uma boa noite!
Gratidão, querida!
ExcluirViva a Poesia!