domingo, 15 de dezembro de 2019

AS UVAS E O VENTO – Pablo Neruda



Já era fã da Poesia de Neruda, antes mesmo de ter lido o comovente livro de Antonio Skármeta, “O Carteiro e o Poeta” (resenha no link: https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2017/10/o-carteiro-e-o-poeta-antonio-skarmeta.html). Quis o destino, contudo, que o primeiro livro de Neruda que peguei para ler fosse “As Uvas e o Vento”, publicado em 1954 e considerado uma obra polêmica pela explícita militância comunista que extravasa dos poemas.

Foi uma experiência desafiadora e também uma fonte de muito aprendizado ler belos e apaixonados poemas de louvor ao camarada Stálin, estando ainda com a alma marcada pela leitura de “O Arquipélago Gulag” de Soljenítsin (resenha no link: https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2018/08/arquipelago-gulag-alexander-soljenitsin.html). Stálin foi certamente um dos mais horripilantes monstros já produzidos pela humanidade, responsável pela morte, tortura e opressão de incontáveis milhões de seres humanos. Vê-lo recebendo loas de um poeta do quilate de Neruda foi uma experiência chocante. Ao perceber que estava violentando a mim mesmo e, o que é pior, lendo poesia sem estar com o coração inteiro nessa leitura, decidi abandonar o livro na página cento e pouco.

Como estamos vivendo um momento de extrema polarização no Brasil e no mundo, quando um sujeito que declara não concordar com “A” é imediatamente rotulado como “beísta”, “bepata” ou “betralha”, acho necessário expressar que não sou comunista nem capitalista, muito pelo contrário. Confio que, em pleno alvorecer do Terceiro Milênio, seremos capazes de encontrar alternativas mais luminosas para organizar nossa existência coletiva no mundo.

Continuo admirando Neruda da mesma forma, e espero ler suas outras obras. E sou grato por ter lido essas páginas de “As Uvas e o Vento”, por tantos aprendizados que já me proporcionou. Fiquei emocionado ao ver o poeta acreditando tanto em uma causa, ou melhor dizendo, em um caminho para a salvação da humanidade. A princípio cheguei a sentir inveja do que considerei ingenuidade do poeta Neruda, contudo logo em seguida pensei: “Calma aí, que também sou poeta!”

Cabe a mim encontrar, não em algum regime político, mas na própria Poesia, “razão para viver”. Pedi à Musa que me cantasse um canto de esperança e felicidade futura. E já começo a ouvir a doce melodia. Sem pressa, em feliz expectativa, aguardo a chegada do poema.


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MANIFESTO – Mensageiros do Vento
http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/5823590

Um experimento literário realizado com muita autenticidade e ousadia. A ideia é apresentar um diálogo contínuo, não de diversos personagens entre si, mas entre as diversas vozes de um coral e o leitor. Seguir a pista do fluxo da consciência e levá-la a um surpreendente ritmo da consciência. A meta desse livro é gerar ondas, movimento e transformação na cabeça do leitor. Clarice Lispector, Ferreira Gullar, James Joyce e Virginia Woolf, entre outros, são grandes influências. Por demonstrarem que a literatura pode ser vista como uma caixa fechada, e que um dos papéis mais essenciais do escritor é, de dentro da caixa, testar os limites das paredes... Agora imagine esse livro escrito por uma banda de rock! É o que encontramos no livro MANIFESTO – Mensageiros do Vento, disponível aqui. Leia e descubra por si mesmo!
http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/5823590


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