As
pessoas que se habituam a ler apenas os últimos lançamentos da moda não fazem
ideia do deleite que é vasculhar algum sebo (ou, no meu caso, as estantes do
P.U.L.A. – Passe Um Livro Adiante) e se deparar com estranhas preciosidades
como “Amor Dimensão 5”, antologia de ficção científica publicada em 1969 pela
GRD, editora soteropolitana. Eu, particularmente, considero uma delícia ler
histórias sobre o futuro escritas no passado: elas trazem um sabor único,
inigualável, que é uma mistura de ingenuidade e presciência, de nostalgia e
assombro.
Um
ótimo exemplo é o conto “Amor & Cia”, de Robert Sheckley. O autor imaginou
um futuro onde, por um lado, ainda teríamos filmes como “Tarzan Contra as Mulheres-Vampiro” e, por
outro, onde o capitalismo selvagem chegaria ao ponto de tornar legal a compra e
venda de qualquer coisa, fosse um assassinato... ou o amor verdadeiro.
Dois
dos sete autores presentes na coletânea são monstros sagrados da FC: Isaac
Asimov (com o ótimo “Numa Boa Causa”, que eu certamente li em algum outro livro
do Bom Doutor) e Ray Bradbury (com o desconfortavelmente atual “Rondam Tigres”,
que fala da ganância dos homens ao devastar os recursos planetários, dentre
outros assuntos fascinantes).
“Em
Busca de São Tomás de Aquino”, de Anthony Boucher, traz uma interessante
distopia de uma tecnocracia que persegue a religião, além de uma curiosa
invenção: o robasno (será “robass” ou “robotass” no original?). Já “A Zebra
Empoeirada”, de Clifford Simak, é uma bem-humorada historieta sobre trocas
interdimensionais.
“Os
Sonhos São Sagrados”, de Peter Phillips, destaca-se por ter cometido uma falha
que autores mais experientes (como os colegas de coletânea Asimov e Bradbury)
sabiam melhor como evitar: descrever de
forma minuciosa uma tecnologia fictícia, ficando vulnerável a uma rápida
desatualização diante do inexorável avanço da ciência. Se o autor tivesse se
esmerado menos em descrever como sua viagem ao inconsciente alheio funciona,
sua história teria envelhecido melhor.
Por
fim, o conto que fecha a coletânea: “A Função Cria o Orgasmo”, da autora
francesa Belen. Não consegui descobrir nada sobre ela, mas por essa amostra
gostei muito. Belen consegue a proeza de escrever um autêntico conto de FC
extremamente feminino, audacioso (ainda mais para a época) e libertário.
Muito
legal saber dessa editora GRD, que publicou contos de FC de tal qualidade em
plena ditadura militar e ainda por cima na minha querida cidade de Salvador,
Bahia!
\\\***///
Qual é o seu tipo de
monstro? Faça o teste e descubra!
“Em nossa cidade habitam monstros, como em
todas as outras.
A diferença é que aqui ninguém finge que eles
não existem.
Há pessoas normais em nossa cidade também. É
claro.
Ser normal é só a maneira mais ordinária de
ser monstruoso.”
Compre agora “Favela
Gótica”, segundo romance de Fabio Shiva:
Bom dia. Filme ou livros de monstros não gosto. Lol Prefiro os que me façam arrancar uma bela gargalhada! :)
ResponderExcluirAplaudo quem gosta!
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Um futuro mundo melhor
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Beijos. Um excelente Domingo para todos. Fiquem em casa
Gratidão!
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