Inadvertidamente e por curiosidade, de repente, me vi em meio a uma guerra em torno daqueles que defenestravam este livro e outros que o mantinham num lugar privilegiado de fã.
O livro traz a história de Bartolomeu, Júnior e Anja. Bartolomeu, um menino especial, que num revés da vida perde o pai e logo após também a visão. Júnior, um psicopata e aqui cabe a observação de que Koontz praticamente nos coloca na mente deste home cruel e é difícil não nos desestabilizarmos com tanta loucura. E Anja, menina fruto de um estupro e que terá importância capital no desenrolar da trama. Existem outros tantos personagens belos e outros nem tanto, mas é inegável a condução correta e ordenada de todos eles.
Capítulos são distribuídos entre as personagens principais dentro de cada núcleo, mas é a convergência entre as histórias destes 3 personagens, com situações cotidianas e pitadas sobrenaturais, que faz deste livro uma leitura fascinante. É a máxima de como o acaso pode impulsionar o destino de todos, jogando-os numa montanha-russa de acontecimentos inexplicáveis.
O livro parece ter sido escrito por duas pessoas diferentes. Um escrevia núcleo do psicopata e outro o da família de Bartolomeu. Existem algumas situações forçadas que incomodam, mas não subtraem o brilho imaginativo de Koontz. Algumas personagens deveriam ter ganho mais relevância, ficam perdidos em meio à história, inconclusivos. Ainda assim me agarrei firmemente a este livro.A sucessão de tragédias deixa um gosto amargo na boca, mas Koontz cria trechos de pura poesia, como este que transcrevo, ao traduzir toda a dor de uma mãe que chora e em meio ao choro tem que lidar com a cegueira prematura do filho amado:
“A lua tremeluzia, as estrelas borraram – mas apenas por um instante, porque a devoção de Agnes a este menino era uma fornalha feroz que temperava o aço de sua espinha e trazia um calor seco aos seus olhos.”
Confesso que neste trecho eu chorei feito criança ao sentir a agonia da mãe. Apesar de todos os contratempos, este é um autêntico Koontz, cheio de magia, de lances sobrenaturais, mas acima de tudo emocional – é o que gosto neste autor: a facilidade de nos comover, de conduzir o leitor a um desfecho quase sempre previsível e ainda assim surpreendente.
Lágrimas do Dragão, único livro que li de Koontz me decepcionou, provavelmente porque ouvi muitos comentários sobre ele antes da leitura. Lembro, porém, de passagens que me emocionaram.
ResponderExcluirPor isso mesmo pretendo um dia ler outro livro seu, um escritor de histórias sobrenaturais que consegue permear momentos de poesia - mesmo que tristes - merece ser lido.
Adorei sua resenha, menino, valeu!
bj da angel ;)
Você traduziu bem meu sentimento - "escritor de histórias sobrenaturais que consegue permear momentos de poesia". É isso mesmo. Percebo isso em King também, agora que está mais maduro. Talvez falte um pouco mais de ação ou de um viés mais ácido, porém ganha em qualidade, ganha em poesia. Insista em Koontz, você poderá ter grandes surpresas.
ResponderExcluirEstou lendo este livro agora. Adorando. Este autor me surpreendeu mesmo. O guardião, O Esconderijo e Do fundo de seus olhos. Recomendo a leitura destes livros.
ResponderExcluirEstou lendo este livro agora. Adorando. Este autor me surpreendeu mesmo. O guardião, O Esconderijo e Do fundo de seus olhos. Recomendo a leitura destes livros.
ResponderExcluirPretty! Thіs was an extrеmelу wondеrful
ResponderExcluirаrtiсlе. Thаnks for ρroviding this
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