terça-feira, 7 de junho de 2011

Rota 66 - Caco Barcellos


Livro-reportagem, livro-denúncia, jornalismo investigativo, palavras em voga na atualidade, já não são novidade, isso vem de longe, talvez tenha tido ênfase maior após "A sangue frio" de Truman Capote, com a estética de um romance, mas conteúdo realista.

"Quando se pretende saber a verdade sobre a opinião de alguém acerca de um assunto, o que significa essa verdade?", já dizia Adriana Baggio. Esta é a pergunta que me faço, assim como ela, ao me deparar com livros dessa natureza.
Para os mais incautos "Rota 66" é uma facada sem dó, nem piedade. Para os cautelosos, um soco no estômago. Para os pessimistas, triste realidade. Para aqueles como eu, que creêm no amanhã, um aviso.

Após sete anos de investigação, Barcellos narra a história dos polícias de um carro, o 66, das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), que matam três jovens. Por meio dessa obra, denuncia toda a história de 22 anos de execuções desta unidade especial.

Verdade? Ficção? Não pretendo aqui dirimir essas pequenas guerrinhas, mas acredito piamente no que ali está escrito. O livro é uma bomba, pronta pra explodir em nosso colo. É cru e didático quando tem que ser. E também contundente, quando fala dos policiais - bárbaros portando armas. Descreve com permenores as mazelas de uma corporação fadada ao insucesso por excesso de empáfia, tratando vidas humanas como porcos no matadouro.

Por que prefiro acreditar? Acho que são ínumeras as informações que recebemos da matança desenfreada e também porque é mais fácil culpar, do que encontrar em nós a culpa. A sensação que temos após a leitura é uma só: não há mais solução que não seja a implosão. Afinal de contas, Barcellos, desde 2002, é correspondente da Globo em Londres, e só foi pra lá enviado por ter sofrido muitas ameaças. Ameaças de quem?

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