Sinopse:
Mortal Engines é uma obra literária distópica, passada em um mundo pós-apocalíptico cujos recursos naturais eram cada vez mais rarefeitos e no qual a maior parte das conquistas tecnológico-científicas da humanidade se perdera após a já distante “Guerra de 60 Minutos”. Nesta realidade não mais existe o Estado Nacional e cidades inteiras acabaram sendo transformadas em veículos – as Cidades-Tração – que ainda exploram os recursos naturais continentais e consomem-se umas às outras sempre que tem a oportunidade, muito embora o planeta já tenha estabilizado seus ciclos e esta solução, agora, mais prejudique leve em direção à alguma solução. Na obra, um grupo denominado a Liga Anti-Tração, trabalha para parar as cidades, acabando com o consumo excessivo de recurso por parte das Cidades Estado e com o “Darwinismo Municipal”, conceito que deu origem às metrópoles em movimento. O romance apresenta Londres como a principal Cidade-Tração, uma sociedade dividida em numerosas Guildas, das quais as mais importantes são a dos Engenheiros, dos Historiadores, dos Navegadores e dos Mercadores.
Resenha:
Quando fiquei sabendo da existência desse livro, o interesse foi instantâneo. Distopia? Mistura de elementos de cyberpunk, steampunk, dieselpunk? Tudo isso dentro de uma mesma história? Maravilha! Fiquei muito curiosa e grande parte dessa curiosidade foi devido à capa, um trabalho maravilhoso da editora Novo Século: uma cidade se movendo, sobre rodas, tendo ao redor de si alguns dirigíveis. Uma cidade não, duas. A maior tentando engolir a menor, a mais indefesa. Sobre a história, não consegui saber muita coisa antes de iniciar a leitura e, na verdade, eu nem procurei por isso. Quis pagar para ver, com a certeza de que aquela leitura prometia, para qualquer fã de ficção científica.
Comecei a leitura muito empolgada. O livro nem era muito longo, menos de 300 páginas. E curti, curti muito as descrições desse mundo pós-apocalíptico descrito pelo autor, não sem uma estranheza, ao imaginar aquilo tudo acontecendo. Imagine-se vivendo em uma cidade que se move? Essa é uma das ideias do livro: em um futuro muito, muito distante, além do século XXX, muitas cidades serão tracionadas, andarão sobre rodas, a procurar "alimento". Que alimento? Cidades menores, as que não têm condições de lutar. Ao engolir uma dessas, a atacante retira tudo o que for possível da menor e segue seu caminho.
Mas esse mundo é muito mais complexo. Não há apenas cidades tracionadas (dentre as quais Londres é a maior), mas também marítimas, aéreas e as estáticas. Há uma Liga Antitracionista a lutar contra o poder das predadoras. E segundo Reeve, nesse futuro distante a coisa não vai ser muito diferente da de hoje com relação à sociedade: há os mais pobres, os mais ricos, há sociedades divididas em castas, como é o caso de Londres. Há ódio, poder e ganância, capazes de destruir tudo.
É nesse mundo louco que conhecemos Tom, um aprendiz de Historiador que só quer fazer bem o seu trabalho. Ele se aproxima de Kathe, a filha de Valentine, um arqueólogo que se tornou o braço direito do prefeito de Londres. Conhecemos tamém Hester Shaw, a garota assassina e revoltada com tudo o que sofreu, presente em seu rosto desfigurado. Reeve também nos apresenta à senhorita Fang, uma aviadora solitária em seu dirigível Jenny Haniver, que ajudará Tom e Hester mais de uma vez na trajetória deles visando a deter os gananciosos de Londres.
Ufa! É assim que me sinto após a leitura do primeiro livro dessa tetralogia intitulada de Crônicas das Cidades Famintas. E sim, estavam lá elementos do steampunk, do cyberpunk e do dieselpunk, para quem quiser conferir. Não de forma "hard", mas ajudando a compor esse universo com maestria.
Agora, se por um lado eu gostei demais de todo esse mundo louco criado por Reeve, por outro senti falta de personagens que me cativassem de verdade, fazendo com que eu torcesse por eles. A impressão que tive é a de que o principal do livro são as cidades (eu bem gostaria de conhecer Airheaven, uma cidade que fica nos ares!) e que o autor não deu o devido tratamento que deveria a personagens, que acabaram ficando como uma promessa de serem inesquecíveis. Não que eu espero sempre que personagens sejam assim, mas no caso desse livro, ao terminar sua leitura, não fiquei com um gostinho de "quero mais", nem triste por me "separar" daquelas pessoas fictícias as quais eu tinha conhecido em Mortal Engines. Ou talvez apenas um pouco de Hester e da senhorita Fang, as duas seguram muitas passagens do livro. O final, na minha opinião, poderia ter sido um pouquinho melhor. Um pouquinho.
Após o epílogo, podem ser conferidas quatro ou cinco páginas do Livro 2. Da leitura, digo que o saldo foi positivo. Não é sempre que temos um livro voltado para o público infanto-juvenil com tantos detalhes, tão bem cuidado e criativo. Termino a leitura dele, esperando que nosso futuro ainda longínquo seja melhor do que o descrito em Mortal Engines. Aplausos para o autor, que confessa no início do livro que quase queimou os originais dessa obra, que sacrilégio se ele tivesse feito isso!
Nota 10 para Reeve e 3 para a editora brasileira. Explico: o livro peca demais na revisão. Deixaram passar erros grosseiros, como eu nunca vi em outra obra. Até vou enviar um e-mail para a editora, atentando para esse fato. Só não dei zero pela divulgação, que está sendo um trabalho bastante positivo.
Book Trailer:
As referências encontradas no livro:
Bia, eu adorei esse livro, mas concordo que o final foi algo decepcionante. Minha personagem favorita é a Hester, achei a contrução dessa personagem bem feita e fiquei impressionada com ela. Muito legal a resenha.
ResponderExcluirObrigada pela leitura, Tânia. Verdade, Hester é uma personagem única e só por ela já teria valido a pena ler o livro. Também foi a de que mais gostei, em segundo lugar a senhorita Fang. ;)
ResponderExcluirTambém fico triste quando vejo livros perdendo pontos por falhas na edição. Um bom revisor faz uma diferença enorme, erros nessa área quebram o clima de quem está envolvido na leitura. Pena.
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