Recém demitido do Los Angeles Times, jornal onde trabalhou durante anos, Jack McEvoy, experiente repórter criminal, recebe uma incumbência de seu editor. Ele tem mais duas semanas de trabalho para treinar a repórter que irá substituí-lo, uma novata chamada Angela Cook. Mas Jack tem outros planos: elaborar o seu “dane-se”: uma saída em alto estilo, com uma grande reportagem que faça seu nome ser lembrado pelo jornal.
Alonso Winslow é um jovem traficante de 16 anos, preso por um crime bárbaro: estupro e assassinato de uma stripper viciada em drogas. McEvoy escrevera uma pequena matéria sobre o caso, com a visão da polícia, que divulgou a confissão do criminoso. O repórter decide usar o caso de Winslow para criar uma matéria diferente: criar um perfil do assassino, tentando mostrar quais os caminhos que levam um garoto a virar um assassino (embora minta para a mãe do menino, dizendo que acredita na inocência do menino e quer tentar provar). Assim, ele e Angela Cook, a nova repórter, começam uma investigação que se revelará mais complexa do que se pensava. Winslow, na verdade, nunca confessou o crime e um outro assassinato de modo muito semelhante ocorreu em outra cidade, na mesma época. Assim, McEvoy percebe que pode estar com uma mina de ouro nas mãos, uma reportagem investigativa que irá causar grande sensação. O que Jack e Angela nem desconfiam é que o verdadeiro assassino está à espreita de cada passo dos dois, escondendo-se não em becos ou lugares sombrios, mas na gigantesca teia da internet.
O Espantalho é uma boa trama policial, com um pano de fundo muito atual: as maravilhas e perigos da internet. Aliás, os que torcem o nariz para o avanço cada vez maior de seus poderes, talvez encontrem no livro alguns motivos para sua bronca com a tecnologia. É justamente por causa do avanço das informações online que o futuro do jornal impresso é preocupante; Jack é mais uma vítima da redução de gastos pelos quais esses gigantes da informação tiveram que passar. Aliás, é sempre com certa melancolia que o repórter analisa sua vida profissional, ao ver que pertence a um mundo em extinção. Outro alerta da trama é que a internet também pode ser um campo vasto para indivíduos perturbados poderem dar vazão a suas bizarrices. Cuidado com o que você posta em uma rede social, parece alertar o autor.
Jack McEvoy é um personagem que já apareceu em outro livro do escritor (Veredicto de Chumbo), mas se no livro anterior ele era um personagem secundário, neste ele tem o papel principal. Cínico, cético e vivendo para sua profissão, McEvoy é um personagem interessante. Outra personagem importante na trama é a agente federal Rachel Walling, que ajudará McEvoy na empreitada, ainda que meio a contragosto, pois ambos tiveram uma relação mal resolvida no passado.
Entre perseguições físicas ou digitais, O Espantalho faz a gente lembrar que, mesmo em uma época em que parece sabermos tudo sobre tudo, algo ainda nos confunde e abala: o mistério da mente humana: um lugar muitas vezes impenetrável e sombrio.
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