terça-feira, 19 de julho de 2011

SEDA - Alessandro Baricco


Ed. Companhia das Letras
Ano 2007 – 128 páginas
Tradutor: Léo Schlafman

O livro é pequeno e de poucas palavras, mas cada frase encerra significados imensos. Lemos uma história com início, meio, fim, trama, sutileza e poesia. E ouvimos, em cada página, uma música que embala e envolve. Quase impossível parar.

No ano de 1861, uma praga que dizima ovos do bicho-da-seda muda a vida de Hervé Joncour. Viajando da França para o Japão, ele descobre suas próprias limitações e tenta ultrapassar a linha que separa realidade e sonho. Uma linha suave como seda, quase névoa, mas que não pode ser rompida. E, entre um continente e outro, um mundo interior ainda mais inexplorado revela desejos e medo.

Uma atmosfera de dualidade percorre todo o livro, expondo personagens e cenas inesquecíveis. Dois continentes, duas mulheres, dois desejos, sonho e liberdade. São universos que se misturam e revelam homens no difícil caminho do aprendizado.

Hélène é uma européia de longos cabelos negros e que se movimenta com a lentidão dos orientais, uma mulher com muito mais do que Hervé chegou a conhecer. Impressionantemente mais. A
menina japonesa possui olhos cujo corte não é oriental. E dela não descobrirmos quase nada, ser invisível que é, ser de certa forma irreal. E ainda assim tão presente. Os pássaros voam, mas não fogem da gaiola. Como homens, eternizam sua prisão e restringem seus espaços. A noite de amor, carregada de sensualidade e prazer, foi sonhada com uma imagem e vivida com corpo alheio. E, fechando de forma completa, temos a carta que seduziu Hervé por anos, ligada a um rosto, escrita por outro, servindo de ponte entre o erotismo e o sexo. “Não abra os olhos, e terá minha pele”.

Amei a história. Gostei da forma como o autor não cria heróis ou bandidos, mas apresenta um retrato de busca, de dor pela impotência, de recomeços, escolhas, perdas, vitórias, limites, vazios e deslumbramentos. Com mais ou menos competência, com mais ou menos sorte, estamos sempre procurando um ponto de equilíbrio entre o quotidiano e os nossos sonhos.

Hervé fez o melhor que pôde, ainda que isso não fosse o suficiente. E este fazer o melhor que pôde garantiu a amizade e os braços que o ajudaram a ficar de pé quando retornou. A verdade é que todos fazemos o melhor que conseguimos fazer. Tomara que eu tenha braços para me amparar em meus retornos. Viver é difícil.

8 comentários:

  1. Nossinhora, como você escreve bonito, sô!

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  2. Linda resenha!!!

    Fiquei encantado pela maneira como você transmitiu a sua experiência de ler esse livro, que é claro que fiquei com muita vontade de ler!!!

    Lembrei de um ditado japonês que diz algo como: "a vida é uma dura caminhada". Pernas para que te quero, então!!! :)

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  3. Muito bom, já tinha lido á algum tempo, mas com sua resenha, a história aflorou-me à mente.

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  4. Excelente resenha, excelente livro.

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  5. Obrigada, pessoal. É meu primeiro texto para blog,estava receosa.

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  6. Nossa que livro diferente nunca tinha ouvido falar, parece legal pena que tenho um monte de livro pra ler.

    Bjs

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  7. Ótima resenha. Deu vontade de ler.

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  8. Depois dessa resenha, tenho que ler logo esse livro, que já estava comprado. Vai para o começo da "fila".

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