segunda-feira, 12 de março de 2012

Acredito que este é o livro do “desassossego” da banda “Mensageiros do Vento”.



A proposta é inovadora e já nas primeiras linhas percebe-se a originalidade da obra. Parece um diálogo aberto, sobre várias coisas e apenas uma só, o estilo da narrativa é totalmente diferente de tudo que eu já li até hoje, em algumas partes me surpreendi ao parar em um trecho e começar a debater como se os escritores estivessem ali, prontos para rebater a minha opinião também. Em outras, senti que se tratava de filosofia pura, com certa visão poética do mundo e das pessoas, como neste trecho, que me soou como pura poesia:
“O céu era o olho do pai,
O dia e a noite irmãos,
A lua brilhava bem mais,
Na terra o homem vivia em paz”




A primeira música que eu escutei dessa banda foi “Manhã” e de cara tornou-se uma das minhas músicas favoritas, pela beleza e leveza das palavras, descrevendo os fenômenos da natureza e alguns sentimentos de maneira poética, viva e repleta de respostas em suas entrelinhas. Ao ler este livro à canção logo veio em minha mente.

Outro ponto interessante do livro foi perceber a presença da escritora Clarice Lispector em alguns trechos, não sei explicar muito bem como isso foi possível, mas ficou nítida a influência dessa autora em alguns fragmentos desta obra.

Eu aprecio muito a criatividade e o capricho que alguns autores dão a sua obra. Gostei da idéia dos desenhos, e chamo a atenção para um, em especial, que, além de me fazer recordar a música “Manhã”, conseguiu me prender por um tempinho antes de virar a página. A ilustração é de uma árvore com frutos e dois passarinhos, um desenho simples, mas que consegue transmitir uma sensação de paz... tão boa de sentir.

Gostei da visão simplista, e muito nobre, para alguns fatos que a banda projetou:

“Ao invés de pesquisar doenças com o intuito de vender remédios,Estudaríamos como viver de forma a não precisar de nenhuma droga.”

O livro todo é um convite a reflexão, ao modo de ver a vida, o mundo, as pessoas e nossas atitudes. Não tem uma história em si, uma sequência, mas tem muito conteúdo para fazer quem lê parar e pensar. Em muitos fragmentos é como se fosse um conselho claro de que podemos mudar o rumo das coisas, que podemos pensar e agir diferente de como temos vivido até hoje, e, só por isso achei a banda extremamente corajosa, ao criar uma obra assim, que consegue ser tão complexa e subjetiva.

Recomendo não apenas uma única leitura, mas sempre que possível, abrir este livro em uma página qualquer e se entregar a um trecho, deixar a mente livre para pensar em cima do que foi escrito pela banda. Podendo assim, propiciar para quem o lê, várias reflexões em cima de um único fragmento.

4 comentários:

  1. Léia amada!
    Que resenha profunda e tão rica!
    Novamente fico encantado com a sua sensibilidade, com o modo com que você mergulha fundo nas questões para extrair a pérola da sabedoria!
    Você está certíssima, Clarice foi uma mega influência, não em um trecho ou outro, mas no modo de conceber a narrativa... ela abriu as portas da percepção para nós! E do mesmo modo queremos abri-las para o outro!
    beijos e muita música!

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  2. LÉIA!
    Resenhas intimistas, verdadeiras e carregadas de sentimentos, nos levam a admirar um livro com mais vontade de ler e apreciar.
    Parabéns pela resenha e pelo livro.
    cheirinhos
    Rudy

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    Respostas
    1. Rudy amada!
      Aguardo a sua resenha meu bem!
      beijos

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    2. Olá, Rudy!
      Obrigada,eu me expresso assim mesmo, rs. Eu coloco sentimentos em tudo que leio ou assisto. Podem ser os sentimentos bons ou ruins, as palavras me denunciam.

      Coloquei esta resenha em minha página no Skoob e no meu Blog, avisei também no Twitter, beijos.

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