segunda-feira, 12 de março de 2012

A SOMBRA DO VENTO - Carlos Ruiz Zafón

SINOPSE: Tudo começa em Barcelona, em 1945. Daniel Sempere está completando 11 anos. Ao ver o filho triste por não conseguir mais se lembrar do rosto da mãe já morta, seu pai lhe dá um presente inesquecível: em uma madrugada fantasmagórica, leva-o a um misterioso lugar no coração do centro histórico da cidade, o Cemitério dos Livros Esquecidos. O local, conhecido de poucos barceloneses, é uma biblioteca secreta e labiríntica que funciona como depósito para obras abandonadas pelo mundo, à espera que alguém as descubra. É lá que Daniel encontra um exemplar de "A Sombra do Vento", do também barcelonês Julián Carax. O livro desperta no jovem e sensível Daniel um enorme fascínio por aquele autor desconhecido e sua obra, que descobre ser vasta. Obcecado, ele começa então uma busca pelos outros livros de Carax e, para sua surpresa, descobre que alguém vem queimando sistematicamente todos os exemplares de todos os livros que o autor já escreveu. Até mesmo o exemplar que Daniel tem em mãos, pode ser o último existente. E logo irá entender que, se não descobrir a verdade sobre Julián Carax, ele e aqueles a quem ama poderão ter um destino terrível. (Fonte: www.skoob.com.br)






RESENHA: Começo com uma citação do livro, p. 9: “Cada livro, cada volume que você vê, tem alma. A alma de quem o escreveu, e a alma dos que o leram, que viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro troca de mãos, cada vez que alguém passa os olhos pelas suas páginas, seu espírito cresce e a pessoa se fortalece.” Acredito que esse trecho resume muito bem o que aconteceu comigo: o livro de Zafón parecia ter alma. A minha, a de quem o leu antes de mim, a do autor e a de seus personagens, tão intensos.
Como a sinopse delineou muito bem o enredo, deixo as minhas impressões: o livro não é apenas a história de Daniel e sua busca pela verdade quanto ao passado do livro e de seu autor, Carax. Ao mesmo tempo em que acompanhamos vários anos da vida do garoto que vai se transformar em homem, conhecemos também a história de vários outros personagens: a história do próprio Julián, repleta de fatalidades e a de seus amigos, que se envolvem em um grande segredo. É a história de Nuria Monfort, que dá sua vida para proteger aquele a quem ama. A história de Fermin, que nos é revelada aos poucos, de maneira um tanto obscura, nos deixando na dúvida sobre sua veracidade. Aliás, Fermin é o personagem que, além de nos emocionar, nos arranca risadas, por suas frases espirituosas, sua maneira de ver a vida tão singular e seu apetite sem tamanho, embora magricela. É a história de Fumero, que parece ter vendido sua alma ao diabo, em troca de poder e, de certa forma, vingança. É a história trágica de Penélope e também a de Beatriz, tão determinada.
No livro de Zafón, até mesmo os objetos têm algo a contar: livros, cartas, canetas e casas parecem possuir alma (e não as têm, na verdade?), uma alma que, conhecida, sufoca. É nesse universo delirante e lírico que adentramos ao começar a leitura de “A Sombra do Vento”: quem está acostumado a devorar livros de 400 páginas em um ou dois dias pode não conseguir com esse, pode ser tentado a se demorar um pouco mais, pelo simples prazer de saborear cada palavra, cada acontecimento. Ficou muito claro, para mim, que Zafón não é um escritor, apenas: ele é um contador de histórias. E das bem contadas.
Os cenários são perfeitos para dar o ar gótico à narrativa: casas assombradas, ruas escuras, dias chuvosos, igrejas, livrarias, asilos e, claro, o Cemitério dos Livros Esquecidos, um lugar que, por si só, já renderia um livro inteiro. E que me deixou com uma pergunta até agora, dias e dias depois de terminar a minha leitura: se pudesse ir a esse lugar, por qual livro eu seria escolhida? E você?














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