sábado, 10 de março de 2012

EM BUSCA DO AMANHÃ – Arthur C. Clarke


Quem é o maioral da ficção científica??? Isaac Asimov??? Ou Arthur C. Clarke???

Há pelo menos cinqüenta anos esse debate faz a diversão dos apaixonados pela FC, esse gênero literário tantas vezes subestimado...

Asimov tem a seu favor o fato de ser um dos escritores mais prolíficos de todos os tempos (escreveu centenas de livros, muitos mais que Clarke), mas de resto o confronto é bem equilibrado. Vejam só:

* Asimov criou as famosas “3 leis da robótica”. O próprio termo foi cunhado por ele. As suas histórias sobre robôs foram uma inegável inspiração para o avanço tecnológico nessa área. Clarke foi o pai intelectual da comunicação via satélite e um dos maiores incentivadores da viagem à Lua. Durante a década de 50, a sua incansável e entusiasmada defesa da capacidade do homem de chegar até a Lua acabou convencendo os céticos e provando estar correta.


* Asimov foi o autor de “Fundação”, série premiada como a melhor de ficção científica e fantasia de todos os tempos (esse prêmio foi concedido uma única vez, e o próprio Asimov achou injusto ter superado o “Senhor dos Anéis” de Tolkien). Clarke escreveu “2001 – Uma Odisséia no Espaço”, uma das obras de ficção científica que maior impacto teve na cultura ocidental.

Eu, como fã declarado de ficção científica, já dediquei alguns bons momentos de ócio a esse questionamento aparentemente vazio. Eu me sentia especialmente provocado por detectar uma contradição, que surgia sempre que eu lia algum livro do Arthur C. Clarke. Pois a literatura de Clarke parece nitidamente superior, mais madura e filosófica, envolvendo temas mais profundos. Por que, então, é que eu sempre preferi ler o Asimov???

Nessa coletânea de contos (“Reach For Tomorrow”), a segunda de sua carreira, o próprio Arthur C. Clarke deu a pista para a solução do enigma. A história que abre a coletânea, “Grupo de Resgate”, foi escrita em 1945 e a primeira de Clarke a ser publicada. No prefácio do livro, Clarke reclama de forma bem-humorada do fato de “Grupo de Resgate” ser considerada por muitos a sua melhor história, o que seria uma evidência de que seu estilo só fez piorar desde a estréia (isso está longe de ser verdade, é claro!).

“Grupo de Resgate” é, fundamentalmente, uma ode à raça humana, a sua capacidade e inventividade. Nessa história, os homens aparecem como herdeiros legítimos do universo, os futuros conquistadores do cosmo. E esse é, justamente, o mote preferido de Isaac Asimov!!!

Nas histórias de Asimov, a galáxia inteira foi povoada por emigrantes da Terra, e o homem é o senhor incontestável do espaço. Já nas histórias de Clarke, com a memorável exceção desta “Grupo de Resgate”, a humanidade é insignificante diante da vastidão do universo, uma espécie imatura e subdesenvolvida diante dos visitantes de outras culturas planetárias, tão mais avançados que os homens que às vezes nem se dignam a fazer contato conosco...

Resumindo: a literatura de Asimov fala da grandeza do homem, enquanto a literatura de Clarke fala da pequenez no homem. Já entendi porque prefiro o primeiro!

Mas na verdade tanto Asimov quanto Clarke estão acima dessa discussão sobre quem é o melhor. Melhor mesmo é ler os dois e contrabalançar o heroísmo pueril do primeiro com o pessimismo filosófico do segundo!!! Quem sairá ganhando sempre é o leitor.

“Em Busca do Amanhã” contém outros 11 contos de ficção científica de primeira qualidade, o que equivale a dizer que são uma ótima combinação de imaginação e ciência, entretenimento e informação.

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